Publicado em 23 de julho de 2020 às 06:01
O Espírito Santo fechou o mês de junho, ainda fortemente impactado pelo enfrentamento à pandemia da Covid-19, com as despesas em trajetória de alta, embora em desaceleração. No acumulado do ano, as despesas liquidadas cresceram 5,65%, ligeiramente abaixo dos 6,01% observados em maio, e representaram R$ 7,91 bilhões. Já na comparação com junho de 2019, cresceram 3,97%, e significaram R$ 1,38 bilhão. >
O valor das despesas do Estado no primeiro semestre ficou dentro do limite da receita arrecadada no período, que foi de R$ 8,8 bilhões. A ajuda do governo federal totalizou, em junho, R$ 281,6 milhões, sendo R$ 226,3 milhões referente ao programa de auxílio federativo, R$ 37,6 milhões de recomposição do Fundo de Participação dos Estados, e R$ 17,7 milhões de transferência extraordinária do Sistema Único de Saúde (SUS) - Covid19. Sem essa ajuda, a receita teria sofrido uma queda de 9,02% em relação ao mesmo mês do ano anterior.>
Os dados são do Painel de Controle, estudo elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCES).>
No Poder Executivo, o tipo de despesa que mais teve alta foi a saúde, que representou R$ 304,58 milhões em junho de 2020, um gasto 47,51% maior do que em junho de 2019. De janeiro a junho, o governo já destinou R$ 1,53 bilhão para a área, o que também representou alta em comparação aos seis primeiros meses do ano passado, em 22,45%.>
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Desta forma, a saúde foi a área que mais consumiu gastos no governo, significando 22% da despesa. A segunda área, a educação, consumiu 12,2% em junho.>
Enquanto os gastos com saúde pelo Estado dispararam, a auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), julgada nesta quarta (22), apontou que o Ministério da Saúde gastou somente 29% do dinheiro que recebeu para as ações de combate ao coronavírus. >
A pasta recebeu, até o fim de junho, R$ 38,9 bilhões para ações específicas contra o coronavírus. No entanto, desse valor, segundo os auditores, o ministério só pagou efetivamente R$ 11,4 bilhões.>
O relatório do TCU também destaca o que classifica como falta de critérios para a distribuição dos recursos por Estados.>
O Ministério da Saúde informou em nota que, em apoio irrestrito aos Estados e municípios, tem efetuado repasse de recursos extras e compras centralizadas de equipamentos, materiais e insumos para "garantir a estruturação do SUS e o cuidado e assistência à população".>
Até o momento, segundo a pasta, foram comprometidos com ações relacionadas à Covid-19 R$ 26,4 bilhões, dos quais R$ 17,6 bilhões foram efetivamente pagos por meio de transferências a estados e municípios.>
De acordo com o coordenador do Núcleo de Avaliação de Tendências e Riscos do TCES, Robert Detoni, os resultados do primeiro semestre são considerados positivos, mesmo diante do ambiente econômico adverso do país.>
"O Estado iniciou bem o ano nas finanças públicas, também por conta do acordo do Parque das Baleias, que deu substancial fôlego à receita. No entanto, já era esperado que esse ano poderia não ser tao bom, devido às quedas no mercado internacional, como a do petróleo. Veio a pandemia, e tudo ficou ainda pior, mas hoje podemos concluir que o Estado comporta todos os seus pagamentos até o fim de 2020. Mas ainda não dá para dizer que haverá condições de ter crescimento econômico, pois tem outras variáveis envolvidas", analisa. >
No primeiro semestre, o resultado orçamentário do Espírito Santo, que mostra quanto arrecadou, e quanto efetivamente gastou no período, foi de superávit, de R$ 892,64 milhões. No entanto, no mesmo espaço de tempo em 2019, foi possível alcançar um resultado maior, de R$ 2,32 bilhões. Excluindo recursos variáveis, como os royalties do Acordo do Parque das Baleias e a ajuda financeira da União de 2020, a diferença é de um superávit 66% menor. >
Diante disso, o auditor de controle externo, Regis Mattos analisa que o cenário da economia ainda apresenta grandes incertezas, e que a recuperação só ocorrerá quando o país demonstrar que está tão bem quanto estava antes da pandemia. >
"Ainda não está claro como essa conta será equacionada no futuro quando retirarem essas injeções de recursos na economia, como o auxílio aos Estados, e até que ponto vai ter impulso suficiente para ficarmos sem eles. Assim que a economia for se consolidando, vamos ter maior clareza do que ocorrerá", afirma. >
O estudo do Tribunal de Contas destacou ainda que com os indicadores de alta frequência de maio e de junho sobre faturamento do varejo, consumo de energia e retorno da população a parte de suas atividades, foi possível identificar uma retomada gradual desses indicadores depois de uma brutal queda da atividade econômica. No Espírito Santo, são sinais de preocupação o comércio exterior e o setor automotivo, que tiveram quedas de 11% e 15%, respectivamente.>
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