Publicado em 22 de julho de 2020 às 20:13
Os indicadores das finanças públicas do Espírito Santo e de seus municípios durante a pandemia do coronavírus, relativos ao mês de junho, mostraram que após o Estado ter tido o pior momento em abril, com a freada brusca na atividade econômica, foi possível conseguir uma leve retomada na economia no final do segundo trimestre, ao longo dos meses de maio e junho, principalmente devido aos repasses feitos pela União, pela lei de socorro aos Estados e municípios. >
Conforme os dados do Painel de Controle do Tribunal de Contas do Estado (TCES), neste primeiro semestre já houve o repasse de R$ 374,87 milhões extras do governo federal ao caixa do Estado. A receita arrecadada no mês de junho, de R$ 1,5 milhão, representou um acréscimo de 10,82%, quando comparada ao mesmo mês do ano anterior. >
Porém, ao desconsiderar as transferências financeiras da União para o enfrentamento ao coronavírus, que foi de R$ 281,58 milhões em junho, e contando só com a arrecadação própria, a receita registrou uma queda de 9,02%, comparada a junho de 2019.>
Na projeção para todo o ano de 2020, o TCES aponta que conforme a trajetória fiscal observada até agora, o Estado está com o viés de alcançar resultados próximos ao cenário mais otimista projetado, que é de previsão de redução da receita em 7,0%, ou R$ 1,4 bilhão, em relação a 2019. >
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Isso se deve, segundo o órgão, principalmente devido à ajuda federal com um valor sensivelmente superior à queda observada no ICMS. No início da pandemia, em março, chegou-se a projetar que o Estado poderia perder mais de 20% de sua arrecadação. >
O coordenador do Núcleo de Avaliação de Tendências e Riscos do TCES, Robert Detoni, explicou que agora já há um retrato mais realista das consequências da economia. >
"Em junho, já tivemos as definições sobre os auxílios recebidos, e temos três meses de dados das finanças públicas com reflexos da pandemia. A ajuda da União foi substancial, fez diferença, mais do que suplantou a perda de ICMS. Os dados da economia também surpreenderam, pois já mostram uma retomada", disse. >
A ajuda federal também melhorou o resultado da receita corrente líquida do Estado, que é a base de cálculo para os limites de gasto com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Em junho, ela ficou em R$ 14,87 bilhões, com um aumento de mais de 1% em relação a maio. >
Como a despesa com pessoal teve pouco crescimento na maioria dos Poderes, o resultado foi de uma melhora nos indicadores de cumprimento da despesa com pessoal. Só o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) e o Ministério Público Estadual (MPES) correm o risco de atingir os limites prudencial e de alerta, mesmo no pior dos cenários.>
"A descida foi de elevador, em queda livre. E agora vamos subindo de escada, degrau por degrau. É importante frisar a cautela que ainda é exigida de todos os gestores, para não abrirem mão dessa responsabilidade, pois ainda há incertezas no ritmo da atividade econômica", destaca Detoni.>
Para os municípios, o impacto da ajuda federal no caixa também já pôdeser sentido. Enquanto no último mês, o esperado era que perda de receita estimada para 2020 para as prefeituras capixabas chegaria a R$ 1,932 bilhão, a projeção atualizada é de que mesmo no cenário mais pessimista, os municípios percam no máximo R$ 661,4 milhões, a primeira vez que o este quadro está abaixo da casa dos bilhões.>
Detoni frisou que esta foi a primeira vez que os estudos do TCES consideraram dados de 2020, havendo portanto mais realismo na projeção dos gastos dos municípios.>
"Verificamos que as receitas dos municípios caíram neste segundo trimestre de 2020, em relação ao segundo trimestre de 2019. Para ela ter tido uma melhora no resultado final, foi porque a ajuda da União fez a diferença. Observamos ainda que as despesas, de forma geral, ou não cresceram, ou tiveram queda", detalhou.>
Na projeção do pior cenário, o município com maior perda é Itapemirim, com R$ 151,3 milhões. Em seguida vem a Serra, com uma frustração de R$ 109,6 milhões, e Linhares, com R$ 81,9 milhões.>
Ao todo, 67 dos 78 municípios forneceram dados atualizados ao TCES. Quanto à situação fiscal do gasto com pessoal frente à LRF, considerando a despesa com pessoal e a receita corrente líquida, a projeção, para o cenário mais pessimista, é de que 27 prefeituras descumpram o limite legal em 2020, utilizando mais de 54% do caixa para pagar o funcionalismo.>
O que é o Programa de Auxílio Federativo
O Programa de auxílio financeiro a Estados, Distrito Federal e municípios vai direcionar R$ 60,15 bilhões (art. 5°) em quatro parcelas mensais, sendo R$ 10 bilhões exclusivamente para ações de saúde e assistência social (R$ 7 bilhões para os Estados e R$ 3 bilhões para os municípios) e R$ 50 bilhões sem vinculação (R$ 30 bilhões para os Estados e R$ 20 bilhões para os municípios). Só o Espírito Santo vai receber R$ 1,49 bilhão em repasses, somando prefeituras e governo. Serão transferidos R$ 946 milhões para o Tesouro estadual e R$ 539 milhões para municípios em quatro parcelas. Isso além de outros R$ 550 milhões de alívio financeiro com a suspensão do pagamento de dívidas com a União e bancos federais, totalizando um socorro financeiro de R$ 2 ,04bilhões para o Estado.
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