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Entenda a polêmica do ministro Paulo Guedes sobre volta do AI-5

Entenda a polêmica do ministro Paulo Guedes sobre volta do AI-5

Ministro afirmou que os brasileiros não deveriam se assustar caso voltassem a pedir o AI-5 diante de possíveis manifestações e quebradeiras nas ruas por causa das convocações feitas pela esquerda

Publicado em 26 de novembro de 2019 às 20:40

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Ministro da Economia Paulo Guedes. (Divulgação)

Esta terça-feira (26) foi movimentada na cena política nacional, com várias polêmicas que causaram reações negativas até para a economia. O rebuliço começou logo pela manhã com a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que as pessoas não deveriam se assustar caso alguém pedisse a volta do AI-5 no país diante da "quebradeira" nas ruas.

O ministro estava respondendo às perguntas de repórteres sobre manifestações populares em países vizinhos, como Equador, Chile e Bolívia, contra reformas econômicas, e o temor de as reações tomarem as ruas também em solo brasileiro.

"É irresponsável chamar alguém pra rua agora pra fazer quebradeira. Pra dizer que tem que tomar o poder. Se você acredita numa democracia, quem acredita numa democracia espera vencer e ser eleito. Não chama ninguém pra quebrar nada na rua. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo pra quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?", disse Guedes.

Guedes afirmou que a fala foi uma reação ao que chamou de convocações feitas pela esquerda, endossadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo depois de ser solto, há pouco mais de duas semanas. Guedes disse que era "uma insanidade" o petista pedir a presença do povo nas ruas - assim que saiu da cadeia.

Percebendo que a fala causou mal-estar, Paulo Guedes se corrigiu e disse que seria inconcebível pensar num ato de repressão da ditadura militar.

"É inconcebível, a democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas, invada tudo, quebre e derrube à força o Palácio do Planalto, jamais apoiaria o AI-5, isso é inconcebível. Não aceitaria jamais isso", falou.

BOLSONARO

O presidente Jair Bolsonaro não quis comentar a polêmica fala de Paulo Guedes sobre a defesa de um novo AI-5 no país e ressaltou que o papel do auxiliar presidencial no governo é cuidar da política econômica.

O presidente desconversou, dizendo que preferia falar sobre o seu novo partido, o Aliança pelo Brasil, e não quis comentar a declaração de Guedes. O número da legenda na urna eletrônica deve ser o 38. "Eu falo de AI-38. Quer falar de AI-38? Eu falo agora contigo. Quer o AI-38? Eu falo agora. Esse é meu número. Outra pergunta aí", disse.

REPERCUSSÕES

Se o presidente preferiu desconversar, outras autoridades se manifestaram sobre o caso. Em reação à recente declaração do ministro Paulo Guedes, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, disse que o "AI-5 é incompatível com a democracia".

"Não se constrói o futuro com experiências fracassadas do passado", completou o ministro do STF.

Internado em tratamento contra um câncer, o prefeito Bruno Covas (PSDB) também fez críticas indiretas à fala do ministro da Economia.

"Alguém me avise se pedirem o AI-5 de novo para eu sair do hospital e ir pra rua protestar contra", escreveu Covas, em uma rede social.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que "não dá mais para usar a palavra AI-5 como se fosse bom dia, boa tarde, oi cara, não dá". O deputado também se disse assustado com o comportamentos extremos dos políticos, que, para ele, parecem que "estão mais se preparando para uma briga campal do que pra uma disputa eleitoral no futuro".

MERCADO

Após declaração de Guedes, o mercado financeiro reagiu negativamente. Além de ter citado o AI-5, o ministro afirmou que o câmbio de equilíbrio "tende a ir para um lugar mais alto". E foi realmente! Durante boa parte do pregão, a moeda norte-americana chegou a ser negociada acima de R$ 4,27.

No fim do dia, a moeda subiu 0,63%, fechado a R$ 4,2394. Já o dólar turismo foi negociado ao redor de R$ 4,43, sem considerar os impostos.

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O principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou em queda, na contramão da alta vista nos mercados externos, em sessão que foi marcada pela forte valorização do dólar em relação ao real. O Ibovespa recuou 1,26%, a 107.059 pontos.

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