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Publicado em 8 de outubro de 2024 às 17:52
A partir de 2025, o número de vereadores da Câmara de Vitória sai de 15 para 21, mas como fica a composição ideológica na Casa após as eleições do último domingo (6)? O prefeito reeleito Lorenzo Pazolini (Republicanos) deve iniciar o segundo mandato com uma base de apoio muito maior do que em 2020, mas terá de lidar com uma oposição mais consolidada.>
Das 15 cadeiras da Casa em 2020, três eram ocupadas por partidos mais à esquerda:>
As outras 12 eram ocupadas por vereadores que votavam de forma mais independente e por aqueles que eram do centro ou mais à direita. >
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Ao longo da legislatura ocorreram três substituições. Camila Valadão foi eleita deputada estadual em 2022 e André Moreira (Psol) assumiu sua cadeira. O mesmo ocorreu com a cadeira de Denninho Silva, que foi substituído por Vinícius Simões (PSB). Já Armandinho foi afastado da Casa no âmbito do Inquérito das Fake News e sua cadeira foi assumida por Chico Hosken (Podemos).>
Incluindo reeleitos e novos vereadores, os partidos de esquerda agora contam com seis cadeiras:>
As outras 15 serão ocupadas por partidos mais ao centro e à direita:>
Em conversa com A Gazeta, o mestre em Ciência Política João Victor Santos avalia que a Câmara permanece ideologicamente mais à direita, assim como no pleito de 2020, sendo que o prefeito estará em uma situação melhor em relação à quantidade de aliados.>
João Victor Santos relembra que Pazolini era uma figura nova na política municipal quando se candidatou a prefeito pela primeira vez em 2020. Naquele ano, tinha o apoio do seu partido Republicanos, DEM, PTC e Solidariedade. Dessas legendas, apenas a do prefeito conseguiu eleger um vereador, o Delegado Piquet. >
“A primeira coisa é que aumentou o número de cadeiras. Ideologicamente, a Câmara se mantém como predominante de direita, como em 2020. O que muda é que, além de direita, a maioria está com Pazolini. De vereadores da base dele, são 10. Para ter a maioria, que é 11, precisaria apenas de mais um. Alguns vereadores não declaram voto a ninguém, mas devem seguir a base. O prefeito tem um cenário mais favorável do que quando começou o primeiro mandato, há quatro anos. Ele começou o governo apenas com Piquet, do Republicanos, não tinha feito nenhuma aliança”, avalia.>
Essa base de apoio de 10 vereadores citada João Victor Santos inclui aqueles que fizeram campanha para Pazolini durante o período eleitoral: Aylton Dadalto, Davi Esmael, André Brandino, Luiz Emanuel, Anderson Goggi, Camillo Neves, Mauricio Leite, Leonardo Monjardim, Mara Maroca e João Flávio.>
Diante desse cenário, a tendência é que Pazolini tenha ainda mais facilidade para aprovar projetos encaminhados ao Legislativo municipal, na avaliação do cientista político. “Se nos últimos 4 anos a Câmara foi muito subserviente à prefeitura, aos projetos que eram encaminhados de forma urgente, agora a tendência é que a Câmara continue com esse mesmo costume. Agora que Pazolini ampliou a sua base, teremos uma Câmara mais parceira da prefeitura”, entende.>
Ainda que esteja com uma base mais forte a partir de 2025, Pazolini terá que lidar com uma esquerda maior do que há quatro anos no Legislativo municipal. Psol, PSB e PT, que tinham três cadeiras, agora têm seis, incluindo Karla Coser, que se envolveu em intensas discussões contra a direita na Casa, e vereadores novos que, na avaliação de João Vitor Santos, podem trazer novas discussões para o parlamento.>
“Pode ser uma Câmara com novos debates. Temos parlamentares novos, de primeiro mandato, com novas ideias, mais digitais, menos focados em liderança comunitária e mais focados em debates como um todo. Parlamentares de agenda e não de território”, ponderou Santos.>
“Na Câmara de 2025 ainda existirão os extremos. Provavelmente ainda vamos experimentar um pouco da polarização nacional, porque tem dois vereadores do PL e dois do PT. A gente tem Karla, Jocelino, além da Ana Paula, do Psol, contra Armandinho e Dario, além de Davi Esmael e Luiz Emanuel que orbitam à direita. Os polos do debate nacional estão mais consolidados agora na Câmara, em um momento que 2026 se aproxima e essas discussões ganham mais força”, complementou.>
Assim como Pazolini entra 2025 com uma base de apoio maior, ele também vai iniciar o mandato com um já definido bloco de oposição. “A gente já entra com uma oposição, como Karla, Jocelino, Ana do Psol e tem também os vereadores do PSB. Varejão costuma votar com a base, mas Pedro e Bruno ainda vamos ver como se comportam. Pedro e Bruno fizeram campanha com Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), que se opôs ao prefeito na campanha eleitoral, mas Varejão agiu de forma independente”. >
Dos cinco vereadores que não seguirão na Casa em 2025, apenas um decidiu não tentar um novo mandato, é o caso de Piquet, hoje no PP. >
André Moreira, Chico Hosken e Vinícius Simões, que entraram nas vagas de suplentes ao longo da legislatura, se candidataram, mas não conseguiram ser reeleitos. >
Há, por fim, Duda Brasil (PRD), líder do governo por três anos e meio e com intensa articulação entre a Casa e Pazolini, que também não conseguiu ser reeleito.>
“Quem mais perdeu foi Duda Brasil, uma das figuras mais importantes da Câmara. Algumas obras ocorreram a partir de pedidos dele. É uma perda política muito grande para Pazolini. Mesmo com toda uma estrutura montada, ele não conseguiu”, destaca o cientista político. >
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