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O que se sabe sobre morte do assassino de vendedora em presídio do ES

O que se sabe sobre morte do assassino de vendedora em presídio do ES

Desde a confirmação da morte de Wenderson Rodrigues de Souza, de 30 anos, no domingo (30), ainda há pontos sobre as circunstâncias sobre o ocorrido que não estão claros

Felipe Sena

Repórter / fsena@redegazeta.com.br

Publicado em 31 de março de 2025 às 12:04

Wenderson era conhecido por se vestir de heróis para vender doces
Wenderson era conhecido por se vestir de heróis para vender doces Crédito: Reprodução redes sociais

morte de Wenderson Rodrigues de Souza, de 30 anos, que estava preso no Centro de Detenção Provisória de Vila Velha, desde o dia 14 de março deste ano, está sob investigação. Ao longo do domingo (30), dia em que o óbito foi constatado, Polícia Civil e Secretaria de Estado da Justiça do Espírito Santo (Sejus) deram algumas informações sobre o fato após serem questionadas pela reportagem, mas ainda há pontos a serem esclarecidos. O homem estava na cadeia por matar a facadas a vendedora Carla Gobbi Fabrette, de 25 anos, dentro de uma loja no Polo Moda da Glória, no dia 11 de março.

Inicialmente, por volta das 16h de domingo, a Polícia Científica checou a informar que não foram identificadas marcas de violência. Mais tarde, às 19h46, a corporação confirmou que Wenderson apresentava uma "lesão perfurocortante" na cervical esquerda, que atingiu a artéria carótida comum esquerda. Já a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou que ele passou mal durante a manhã e foi socorrido para a Unidade de Saúde do Sistema Penal (USSP), no Complexo de Viana, onde já chegou sem vida.

Com base nas informações divulgadas pela Sejus e pelas polícias Civil e Científica até o momento, veja a seguir o que se sabe e o que ainda precisa ser esclarecido sobre o caso.

O que se sabe

  • Havia uma perfuração no pescoço: a Polícia Científica confirmou que Wenderson tinha uma lesão perfurocortante na cervical esquerda, atingindo a artéria carótida;

  • A lesão fatal foi causada no momento da morte era diferente de ferimentos anteriores: quando foi preso, Wenderson já apresentava um corte no pescoço, que teria sido autoinfligido. Ele chegou a ficar internado devido aos ferimentos, antes de ser levado à prisão. Na manhã desta segunda-feira (31), a Polícia Científica informou "a lesão identificada pelo legista é um novo ferimento, distinto daquele autoinfligido no dia do crime"

  • Foi levado a uma unidade de saúde, mas não resistiu: segundo a Sejus, Wenderson foi socorrido por servidores até a Unidade de Saúde do Sistema Penal (USSP), no Complexo de Viana, mas já estava morto;

  • Sete detentos foram levados à delegacia: esse número está presente no posicionamento enviado pela Polícia Civil à reportagem de A Gazeta na manhã desta segunda. "Em um primeiro momento, a autoridade policial da Central de Teleflagrantes determinou a reintegração dos sete detentos que haviam sido conduzidos à 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, uma vez que, até o momento, não há indícios suficientes de que a morte tenha resultado de uma ação intencional", diz o posicionamento da corporação.

O que ainda precisa ser esclarecido:

  • Ele foi levado a uma unidade de saúde, mas não resistiu: segundo a Sejus, Wenderson foi socorrido por servidores até a Unidade de Saúde do Sistema Penal (USSP), no Complexo de Viana, mas já estava sem vida ao chegar. A pasta não deixou claro, no entanto, se o homem já deixou a unidade prisional em Vila Velha sem vida ou se morreu durante o trajeto;

  • Inicialmente, a Polícia Científica não identificou sinais de violência: em nota divulgada às 16h de domingo, a corporação informou que "não foram identificadas marcas de violência ao exame inicial", mas que apenas após exames seria possível confirmar a causa da morte. Não foi explicado porque o ferimento no pescoço ainda não havia sido observado naquele momento, considerando que foi em um local exposto;

  • Indícios de uma possível agressão: a Sejus informou que internos que dividiam a cela com Wenderson acionaram os agentes penitenciários ao perceber que ele passava mal, mas não há detalhes sobre como a lesão ocorreu. Como dito acima, sabe-se que pelo menos sete detentos foram levados à delegacia para dar depoimento e que, no momento, segundo a Polícia Civil, não há indícios suficientes de que a morte tenha resultado de uma ação intencional. A corporação, porém, também informou que o caso foi encaminhado à Delegacia de Crimes no Sistema Carcerário e Socioeducativo para o prosseguimento das investigações, que seguirão apurando todas as circunstâncias do ocorrido;

  • Se houve uma agressão, quem foi o responsável? Caso a investigação conclua que Wenderson foi atacado, será necessário identificar os autores se as motivações teriam relação, por exemplo, com um desentendimento dentro da prisão ou se há uma eventual relação com o crime que o homem cometeu. 

Na manhã desta segunda-feira (31), a reportagem de A Gazeta enviou novos questionamentos à Polícia Civil e à Polícia Científica sobre o caso.  No entanto, somente duas delas foram respondidas: a morte foi causada pela perfuração no pescoço (que resultou na lesão da artéria carótida), e se trata de um novo ferimento (diferente do causado pelo próprio Wenderson na ocasião em que ele esfaqueou a vendedora). 

As perguntas enviadas por A Gazeta às polícias Civil e Científica:

  • O que apontou o laudo cadavérico de Wenderson? Qual a causa da morte?
  • A “lesão perfurocortante na cervical esquerda”, identificada pelo legista, seria no mesmo local em que ele se feriu no dia em que esfaqueou a vendedora, ou é um novo ferimento?
  • O caso é investigado como homicídio?
  • Alguém do presídio é investigado suspeito de matar esse homem?

O que disseram Polícia Civil e Polícia Científica nesta segunda (31)

A Polícia Civil (PCES) informa que, em um primeiro momento, a autoridade policial da Central de Teleflagrantes determinou a reintegração dos sete detentos que haviam sido conduzidos à 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, uma vez que, até o momento, não há indícios suficientes de que a morte tenha resultado de uma ação intencional. O caso foi encaminhado à Delegacia de Crimes no Sistema Carcerário e Socioeducativo para o prosseguimento das investigações, que seguirão apurando todas as circunstâncias do ocorrido.

A Polícia Cientifica (PCIES) informa que o laudo cadavérico realizado no Instituto Médico Legal (IML), em Vitória, apontou como causa da morte do interno, de 30 anos, uma lesão perfurocortante na cervical esquerda, que resultou na lesão da artéria carótida comum esquerda (localizada no lado esquerdo do pescoço). A lesão identificada pelo legista é um novo ferimento, distinto daquele auto-infligido no dia do crime.

Sobre o crime

No dia do assassinato, Wenderson chegou a entrar em outros comércios do entorno. Porém, por ser uma mulher e ao perceber a fragilidade de Carla por estar sozinha no estabelecimento, ele teria a escolhido para cometer o assassinato, conforme informou a Polícia Civil em coletiva de imprensa concedida 11 dias após o ocorrido.

As investigações também apontaram, conforme a Polícia Civil, que o agressor tem histórico de violência contra ex-companheiras — embora a vendedora não tivesse qualquer relação com ele, mas, por ser mulher, virou alvo do ataque, afirmou a corporação. Wenderson ainda informou que já saiu de casa “pensando em matar alguém”.

“Em interrogatório, ele disse que já saiu de casa com a faca. A gente conseguiu demonstrar que aquele autor escolheu a vítima dentro de uma aleatoriedade e observamos que já tinha um histórico de violência contra mulheres”, explicou na ocasião a delegada Raffaella Aguiar, chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher.

Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, morreu após ser esfaqueada dentro de loja
Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, morreu após ser esfaqueada dentro de loja Crédito: Reprodução redes sociais

Carla era casada e tinha uma filha de dois anos e quatro meses. Segundo Eloísa Gomes Techio, cunhada da vendedora uma das vontades da vítima era ter mais um filho e viajar de avião. “Ela ia dar outro irmãozinho ou irmãzinha para a minha sobrinha. Ele impediu ela de ver a filha crescer”, contou a cunhada.

Mulher foi levada para o hospital e passa por cirurgia.
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