Em discurso na Câmara de Vereadores de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, durante sessão ordinária na noite de segunda-feira (3), Josenildo Monteiro Matos, pai do jovem morto durante uma ação da Polícia Militar no munício, pediu por justiça e relembrou o momento em que teve de escolher o caixão do filho.
Segundo o pai, os últimos dias têm sido muito difíceis. “Eu acordo assustado no meio da noite. Às vezes, nem durmo. Vou ao quarto do meu filho, penso que aquilo está sendo um pesadelo, mas não é. Quando chego lá, meu filho não está”, declarou. Danilo Lipaus Matos, de 20 anos, foi atingido por cinco tiros no peito durante uma abordagem de policiais na sexta-feira (31). Durante a ação, segundo o próprio boletim de ocorrência, os militares dispararam 44 vezes. O jovem não estava armado e nem tinha passagens criminais.
Josenildo disse que Danilo era um filho trabalhador e atencioso: “Me ajudava com tudo, todos os dias. Chegava do serviço dele, fazia marmita e levava para mim. Perguntava se eu precisava de ajuda. À tarde ele ia me buscar, era um menino maravilhoso, educado”.
Durante o discurso, o pai comentou que não foi procurado pelas autoridades policiais. “O caso aconteceu meia-noite e vinte e fui informado por colegas, às 6h30, que tinha acontecido algo com o meu filho. Autoridade nenhuma veio falar comigo”, afirmou.
Para Josenildo, Danilo pode ter se assustado com a aproximação da polícia. O filho estaria com colegas no veículo e teria tomado a atitude de sair do local onde os policiais teriam dado ordem de parada.
“Ele pegou o carrinho dele, os colegas subiram no carro. A polícia parou ele. Ele, com medo, teve uma atitude de se retirar do lugar, e deram disparos nele. Depois foi cercado, deram 44 tiros ou mais. O meu filho, com o carro parado, estacionado, com as mãos para cima. É a mesma coisa que cercar uma onça no canto e fuzilar. O menino não era selvagem, não era bandido”, disse o pai.
Os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados e terão a conduta investigada pela Corregedoria da PM. O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Leonardo Damasceno, disse que é necessário dar uma resposta rápida sobre o caso. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) revelou que acompanha as apurações sobre o ocorrido.
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