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Publicado em 23 de outubro de 2025 às 12:44
- Atualizado há 2 meses
A venda de um terreno que já tinha dono motivou o assassinato de Robson Carmo da Conceição, de 38 anos, no dia 5 de setembro deste ano, em Vila Nova de Colares, na Serra. Segundo a Polícia Civil, a vítima vendeu o imóvel para o suspeito do crime, Diondreson do Nascimento Santos, o “Bidu”, de 36 anos. Mas o comprador acabou despejado já que o local já tinha outro proprietário.>
Além de Diondreson, participaram do crime Maxsuelder Rodrigues de Oliveira, 20 anos, Joicilangela Jesus de Oliveira, 37, e um adolescente de 16 anos. Os três adultos estão presos.>
O delegado Paulo Ricardo Gomes, adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, explicou Robson vendeu o terreno em Vila Nova de Colares para Diondreson em 2023, mas no ano seguinte foi descoberto que o local já tinha outro proprietário. No fim de 2024, um oficial de Justiça foi à casa de Diondreson para informá-lo de que ele seria despejado em 15 dias. Ele morava com as duas filhas e atuava como pedreiro — inclusive já havia trabalhado com Robson.>
O morador passou a questionar o vendedor sobre a compra do terreno, e ele afirmava estar tudo certo. No entanto, o suspeito foi obrigado a deixar a residência no início de 2025 e Robson não respondeu mais às mensagens. >
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Um dia antes do crime, Diondreson procurou um ex-enteado adolescente e falou sobre os planos de assassinar Robson. Inicialmente, o jovem negou, mas acabou aceitando após o ex-padrasto insistir, dizendo que ele ajudaria de modo indireto e não precisaria executar a vítima. >
Para atrair Robson, Diondreson criou um perfil feminino no WhatsApp e chamou a vítima com a intenção de vender uma casa. “Por conhecer Robson, sabia do costume dele ser, nas palavras dele: ‘Mulherengo’. Então cria um perfil feminino de uma mulher que realmente existia. Era uma ex-namorada do pedreiro, que também participa do crime e passa a conversar com a vítima”, disse o delegado.>
Essa mulher é Joicilangela Jesus de Oliveira, responsável por atrair Robson até a casa do pedreiro, segundo a polícia. Para isso, ela marcou com a vítima uma visita para o dia 5 de setembro. Segundo o delegado, Diondreson saiu de casa por volta das 15h, passou no Terminal de Carapina, onde buscou a ex-namorada, e em seguida pegou o adolescente e um amigo, o Maxsuelder, que também teria participado do crime.>
Os quatro seguiram até Vila Nova de Colares e deixaram Joicilangela no local onde ela havia combinado de se encontrar com Robson, próximo a uma escola. De lá, o trio seguiu até a casa de Diondreson, onde aguardaram.>
Imagens de câmeras de segurança mostram o carro da vítima, um Kia Sportage, parando na rua onde a suspeita havia marcado o encontro. Robson estava ao volante. De lá, eles seguiram para a casa do pedreiro, a cerca de 15 minutos do local.>
O delegado relatou que Robson percebeu que o local para onde estava sendo guiado era a casa de Diondreson e, desconfiado da situação, enviou uma mensagem para uma familiar. Na mensagem, ele escreveu: “Olha, se eu não responder você em 20 minutos, chama a polícia e vem para essa localização porque tem algo errado.”>
Quando chegaram ao local, a participação de Joicilangela terminou. Ela deixou o homem dentro da casa e foi embora.>
Na residência, assim que Robson entrou, ele foi rendido pelo trio e amarrado em uma cadeira. O que os criminosos não esperavam era que a familiar, que havia recebido a mensagem, fosse até o local. Ela percebeu o carro na porta e começou a gritar pelo nome dele.>
Robson chegou a responder, mas com a voz abafada, pedindo socorro e dizendo: “Chame a polícia, socorro, socorro!”. Logo em seguida, o som cessou. Segundo o delegado, a familiar percebeu que algo grave havia acontecido, acionou a Polícia Militar e tentou contato com Robson, mas ele não respondeu mais após um último grito, que teria sido o momento em que os suspeitos o executaram.>
Dentro da casa, quando Robson tentou reagir ao ouvir a voz da familiar, Diondreson passou a bater a cabeça dele na parede até que desmaiasse. Em seguida, o asfixiou até a morte.>
Minutos depois, Diondreson foi até o portão atender a familiar da vítima e afirmou que o homem não estava ali. Quando os militares chegaram, o pedreiro autorizou a entrada na casa para verificação. No entanto, os suspeitos já haviam limpado as evidências e jogado o corpo por cima do muro, em um terreno baldio.>
“A Polícia Militar entra, não encontra nada, orienta a familiar a fazer um registro de ocorrência de desaparecimento. Assim os familiares fazem. Nesse momento, o Diondreson vai até o local onde arremessou o corpo e o coloca de novo na residência com a ajuda de uma escada. Depois, coloca no porta-malas do carro e vai até Manguinhos, onde o corpo foi jogado numa lagoa”, contou Paulo Ricardo.>
Após registrarem o boletim de ocorrência, os familiares de Robson voltaram ao imóvel e conseguiram acessar a lateral da casa, onde encontraram vestígios de sangue no muro e na escada. Novamente acionaram a PM.>
Diondreson, porém, já havia limpado o local quando os militares retornaram. “Só que ele não cuidou de retirar os panos que usou para fazer a limpeza da casa. Tudo estava dentro da máquina de lavar e isso chamou atenção dos policiais, que solicitaram que ele abrisse a máquina. Foi quando eles perceberam que as roupas estavam ensanguentadas e ele não teve opção a não ser confessar”, relatou o adjunto da DHPP da Serra.>
Diondreson foi preso por homicídio qualificado, corrupção de menores e ocultação de cadáver. Maxsuelder e Joicilangela também estão no sistema prisional por homicídio qualificado. Já o adolescente vai responder por ato análogo a homicídio qualificado e ocultação de cadáver.>
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