Um empresário de 68 anos sofreu um prejuízo de R$ 1,4 milhão após ser vítima de uma organização criminosa na Serra. Os suspeitos, segundo a Polícia Civil, eram vizinhos do homem e o extorquiam na internet por meio de ameaças. Três dos quatro indivíduos eram da mesma família, que já tinha sido ajudada financeiramente pelo idoso.
Conforme divulgado pela corporação, o grupo, que atualmente está atrás das grades, era formado por quatro pessoas:
O delegado Gabriel Monteiro, titular do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), explicou que o crime foi praticado por dois anos. A vítima, que atua no ramo de transportes, era próxima da organização e chegou a emprestar dinheiro para a família há cerca de 20 anos. Com o passar do tempo, foi parando de ajudá-los, o que desagradou os suspeitos.
A estratégia da organização consistia em enviar fotos e vídeos por meio de um aplicativo de mensagens, afirmando que matariam o idoso e os familiares dele em troca de dinheiro. Em uma das ameaças, os suspeitos utilizaram até a foto de uma pistola (veja abaixo).
"Tiravam foto do local de trabalho dele, da filha, [do local] onde as netas estudavam. Por conhecer toda a dinâmica do idoso, enviavam mensagem falando que traficantes de Cariacica iam sequestrar a neta e a esposa se ele não pagasse determinada quantia", afirmou.
Para despistar a polícia e a própria vítima, os suspeitos utilizavam um aplicativo que altera a voz durante ligações telefônicas. Os aparelhos celulares com os quais realizavam as ameaças também eram comprados em nome de pessoas sem envolvimento no esquema. "Sabiam muito bem o que estavam fazendo", pontuou Monteiro.
Uma das filhas, Jenifer Albano Oracio, de 35 anos, é apontada pela corporação como a mentora das extorsões. Segundo o delegado, o idoso só soube que era vítima do grupo após as investigações da Polícia Civil. A família, assim como o idoso, morava no bairro Morada de Laranjeiras.
Com o dinheiro adquirido, a organização criminosa realizou compras de produtos de luxo, entre eles dois carros – um Jeep Compass e um HB20 – e um apartamento em Cariacica. Todos os bens citados foram bloqueados pela Justiça.
"Também conseguimos apreender uma agenda com anotações de todas as movimentações; qual quantia ia para cada filho; as contas, etc", pontuou o titular da Deic, durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17).
Alguns empréstimos foram feitos pelo idoso para pagar a quadrilha, que exigia os valores via Pix ou em dinheiro em espécie. "A Jenifer dizia que conhecia os tais traficantes de Cariacica, e ele [empresário] entregava o dinheiro para ela, para repassar aos supostos criminosos", contou.
"Esse idoso, hoje, tem uma dívida de R$ 30 mil mensais. Perdeu todo o patrimônio que tinha. Com o sequestro de bens, acreditamos que possa diminuir o prejuízo dele", concluiu Gabriel Monteiro.
Ainda conforme o delegado, a prisão do primeiro suspeito ocorreu no dia 15 de novembro de 2023. Após seis meses de investigação, foi possível conseguir os endereços de todos os envolvidos, mas apenas o filho de 37 anos acabou localizado. Questionado sobre o paradeiro das comparsas, ele não soube informar.
"Durante os nossos procedimentos de praxe, o idoso chegou novamente na delegacia, nervoso, mostrando o celular e dizendo que as extorsões continuavam – e ainda mais graves. Diziam que, por ter procurado a polícia, agora iriam matar o próprio idoso. Pedimos uma autorização judicial para rastrear o local de onde estavam vindo as ligações, e identificamos as suspeitas em uma pousada na Ponta da Fruta, em Vila Velha", detalhou.
Os quatro suspeitos vão responder por extorsão majorada – feita por mais de duas pessoas – e associação criminosa, conforme destacou a Polícia Civil. As penas, somadas, podem chegar a 15 anos de prisão.
"Trata-se de pessoas perversas, acabaram com a vida dele. Foi um crime muito bem arquitetado", frisou o delegado.
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