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Empresário perdeu R$ 1,4 milhão sob ameaças de família que já ajudou

Empresário perdeu R$ 1,4 milhão sob ameaças de família que já ajudou

Vítima era próxima dos suspeitos e só soube que era enganada por eles após investigação da Polícia Civil; com o dinheiro, grupo criminoso comprou dois carros e um apartamento

Publicado em 17 de janeiro de 2024 às 19:15

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Maria Fernanda Conti
[email protected]

Um empresário de 68 anos sofreu um prejuízo de R$ 1,4 milhão após ser vítima de uma organização criminosa na Serra. Os suspeitos, segundo a Polícia Civil, eram vizinhos do homem e o extorquiam na internet por meio de ameaças. Três dos quatro indivíduos eram da mesma família, que já tinha sido ajudada financeiramente pelo idoso. 

Conforme divulgado pela corporação, o grupo, que atualmente está atrás das grades, era formado por quatro pessoas: 

  • Jenifer Albano Oracio, de 35 anos (filha e apontada como mentora dos crimes)
  • Keila de Souza Rangel, de 33 anos (amiga)
  • Diosef Oracio, de 37 anos (filho)
  • Marly Albano Oracio, de 58 anos (mãe)

O delegado Gabriel Monteiro, titular do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), explicou que o crime foi praticado por dois anos. A vítima, que atua no ramo de transportes, era próxima da organização e chegou a emprestar dinheiro para a família há cerca de 20 anos. Com o passar do tempo, foi parando de ajudá-los, o que desagradou os suspeitos. 

A estratégia da organização consistia em enviar fotos e vídeos por meio de um aplicativo de mensagens, afirmando que matariam o idoso e os familiares dele em troca de dinheiro. Em uma das ameaças, os suspeitos utilizaram até a foto de uma pistola (veja abaixo).

Empresário perdeu R$ 1,4 milhão sob ameaças de família que já ajudou
Fotos de armas eram enviadas para empresário de 68 anos, a fim de intimidá-lo
Fotos de armas eram enviadas para o empresário de 68 anos com o intuito de intimidá-lo. (Polícia Civil)

"Tiravam foto do local de trabalho dele, da filha, [do local] onde as netas estudavam. Por conhecer toda a dinâmica do idoso, enviavam mensagem falando que traficantes de Cariacica iam sequestrar a neta e a esposa se ele não pagasse determinada quantia", afirmou. 

Como se organizavam

Para despistar a polícia e a própria vítima, os suspeitos utilizavam um aplicativo que altera a voz durante ligações telefônicas. Os aparelhos celulares com os quais realizavam as ameaças também eram comprados em nome de pessoas sem envolvimento no esquema. "Sabiam muito bem o que estavam fazendo", pontuou Monteiro.

Uma das filhas, Jenifer Albano Oracio, de 35 anos, é apontada pela corporação como a mentora das extorsões. Segundo o delegado, o idoso só soube que era vítima do grupo após as investigações da Polícia Civil. A família, assim como o idoso, morava no bairro Morada de Laranjeiras.

Prejuízos

Com o dinheiro adquirido, a organização criminosa realizou compras de produtos de luxo, entre eles dois carros – um Jeep Compass e um HB20 – e um apartamento em Cariacica. Todos os bens citados foram bloqueados pela Justiça.

Aspas de citação

De início [pediam] R$ 10, R$ 20 mil, até ele pagar uma vez R$ 100 mil

Gabriel Monteiro
Delegado
Aspas de citação

"Também conseguimos apreender uma agenda com anotações de todas as movimentações; qual quantia ia para cada filho; as contas, etc", pontuou o titular da Deic, durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17).

Autoridades fizeram uma coletiva de imprensa para falar sobre o caso nesta quarta-feira (17)
Autoridades fizeram uma coletiva de imprensa para falar sobre o caso nesta quarta-feira (17). (Policia Civil)

Alguns empréstimos foram feitos pelo idoso para pagar a quadrilha, que exigia os valores via Pix ou em dinheiro em espécie. "A Jenifer dizia que conhecia os tais traficantes de Cariacica, e ele [empresário] entregava o dinheiro para ela, para repassar aos supostos criminosos", contou.

"Esse idoso, hoje, tem uma dívida de R$ 30 mil mensais. Perdeu todo o patrimônio que tinha. Com o sequestro de bens, acreditamos que possa diminuir o prejuízo dele", concluiu Gabriel Monteiro. 

Prisões

Ainda conforme o delegado, a prisão do primeiro suspeito ocorreu no dia 15 de novembro de 2023. Após seis meses de investigação, foi possível conseguir os endereços de todos os envolvidos, mas apenas o filho de 37 anos acabou localizado. Questionado sobre o paradeiro das comparsas, ele não soube informar.

Três suspeitas foram localizadas em uma pousada em Ponta da Fruta, Vila Velha
Três suspeitas foram localizadas em uma pousada em Ponta da Fruta, em Vila Velha. (Polícia Civil)

"Durante os nossos procedimentos de praxe, o idoso chegou novamente na delegacia, nervoso, mostrando o celular e dizendo que as extorsões continuavam – e ainda mais graves. Diziam que, por ter procurado a polícia, agora iriam matar o próprio idoso. Pedimos uma autorização judicial para rastrear o local de onde estavam vindo as ligações, e identificamos as suspeitas em uma pousada na Ponta da Fruta, em Vila Velha", detalhou.

Aspas de citação

No dia seguinte [16 de novembro], encontramos as três lá, curtindo na piscina, nessa pousada. Foram presas em flagrante

Gabriel Monteiro
Delegado
Aspas de citação

Penas chegam a 15 anos

Os quatro suspeitos vão responder por extorsão majorada – feita por mais de duas pessoas – e associação criminosa, conforme destacou a Polícia Civil. As penas, somadas, podem chegar a 15 anos de prisão. 

"Trata-se de pessoas perversas, acabaram com a vida dele. Foi um crime muito bem arquitetado", frisou o delegado.

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