Publicado em 9 de março de 2020 às 20:49
O Espírito Santo teve o final de semana mais violento do ano. Apenas entre o último sábado (7) e domingo (8), foram 13 homicídios dolosos, em uma média de um assassinato a cada intervalo de três horas no Estado. Os dados são do levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). >
No sábado (7), seis pessoas perderam a vida por causa da violência. As outras sete morreram no domingo (8). Dos sete assassinatos, quatro aconteceram em Cariacica, cidade da Grande Vitória que conta com o reforço da Força Nacional desde setembro do ano passado. Os outros três assassinatos foram nos municípios de Serra, Pinheiros (Norte) e Laranja da Terra (Noroeste).>
Esse total de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) iguala o registrado no primeiro final de semana de fevereiro (dias 1 e 2), que também contou com 13 ocorrências do tipo - no qual o domingo (2) figura como o dia mais sangrento de 2020, com dez assassinatos. Ao todo, ao longo do ano, já foram registrados 230 homicídios no Espírito Santo.>
Se comparado ao mesmo período do ano passado, são dez homicídios a mais. Na comparação mês a mês, apenas janeiro registrou um decréscimo, passando de 103 homicídios dolosos para 93. Enquanto isso, fevereiro registrou uma alta de 16 assassinatos; e março um ligeiro acréscimo de quatro ocorrências.>
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Para entender o que há por trás de um final de semana tão violento no Estado, A Gazeta conversou com dois especialistas e professores de segurança pública: o Henrique Herkenhoff e o Pablo Lira. Para ambos, o fato dos dias mais violentos do ano terem caído em finais de semana não surpreende e eles explicam o porquê. >
Um dos principais fatores é a maior concentração das pessoas nas ruas e o maior consumo de bebidas alcoólicas. A maioria dos homicídios não é planejada e durante as semanas as pessoas estão trabalhando ou se recolhem mais cedo. O fato delas estarem fora de casa favorece que o autor e a vítima se encontrem, afirmou Herkenhoff.>
Henrique Herkenhoff
Professor do mestrado em segurança pública da Universidade de Vila Velha (UVV) e colunista de A GazetaAlém disso, o final de semana também é um período de mais ações por parte de traficantes, de acordo com Lira. Os assassinatos estão relacionados à concentração de pessoas em ambientes que envolvem o consumo de drogas lícitas e ilícitas, cujas compras também costumam acontecer no final de semana ou próximo a ele, comentou. >
A maior atividade relacionada ao tráfico de drogas, então, se traduziria em homicídios. Essas mortes podem acontecer por meio de conflitos entre gangues, que tentam dominar o território e o mercado, e a eliminação de rivais. Além da morte de devedores, pois é no sábado e no domingo que é mais fácil de encontrar essas pessoas, completou.>
Pablo Lira
Professor do mestrado em segurança pública da Universidade de Vila Velha (UVV) e colunista de A GazetaPorém, de acordo com os especialistas, esse aumento momentâneo no número de homicídios, que aconteceu neste final de semana, não significa, necessariamente, que a ocorrência do crime está crescendo no Estado. Seria prematuro fazer uma afirmação desse tipo. Só poderemos analisar esses números daqui seis meses ou um ano, explicou Herkenhoff. >
Manter a redução do índice, que já apresentou decréscimo nos últimos anos, no entanto, será um desafio. O que vimos agora pode ser só uma variação porque a gente vem reduzindo esses números desde 2017. Também por isso será um desafio continuar a diminuir a taxa de assassinatos, mas é um desafio possível de ser alcançado, adiantou Lira.>
A Sesp garantiu que há um monitoramento diário nos locais com maior incidência de crimes e que a Polícia Militar sempre reforça o policiamento ostensivo nessas regiões, mas que há diversos fatores sociais que levam ao homicídio. Todos os casos registrados estão sob investigação da Polícia Civil. >
A pasta também informou que desde a reimplantação do Programa Estado Presente houve uma redução do número de homicídios e destacou o resultado obtido em 2019 quando, pela primeira vez desde 1996, o Estado encerrou o ano com menos de 1.000 homicídios. O primeiro bimestre deste ano também teria tido o segundo melhor resultado da série histórica.>
Já em relação ao cenário em Cariacica, a Sesp afirmou que já há uma queda de 7% no total de homicídios registrados na cidade, se comparados os seis meses de atuação da Força Nacional, com o mesmo período do ano anterior. Bem como este primeiro bimestre seria, também, o segundo melhor da série histórica, perdendo apenas para 2016.>
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