Nos últimos dias, a classe médica capixaba teve uma baixa impactante com a morte precoce do cirurgião-geral Francisco Mazzini, em decorrência de um corte no braço ao ter contato com coral enquanto mergulhava no mar do Caribe, onde passava férias ao lado da esposa, em Cancún, no México.
O ferimento desencadeou uma infecção por parte de uma bactéria, que rapidamente se alastrou pelo corpo de Mazzini, levando-o a morte por falência múltipla dos órgãos. Médicos de vários locais do mundo, inclusive, procuraram a família para estudarem o caso e acreditam que, pela agressividade da infecção, pode se tratar de bactéria do gênero Vibrio, com alta taxa de letalidade.
O caso do cirurgião-geral é parecido com o vivido pelo porteiro Gercimar Machado de Aguiar, que há quatro anos teve que amputar a perna direita um pouco acima do joelho para não correr o risco de perder a vida também por uma infecção provocada por uma bactéria.
"Fui com minha família passar um dia de lazer em uma lagoa em Santa Leopoldina. Minha esposa estava na água e sentiu câimbras. Pulei para ajudá-la e, ao cair na água, bati com a canela em uma pedra submersa. Foi uma pancadinha, nem doeu tanto na hora e não chegou nem perto das pancadas que já sofri na vida na lida como pedreiro, profissão paralela a de porteiro", explicou.
Então com 52 anos, Gercimar seguiu com a rotina normalmente e não deu muita importância ao ferimento. Ele só não imaginava que aquele arranhão simples iria lhe trazer consequências para o resto da vida.
"No dia seguinte fui trabalhar só com uma dorzinha no local e achei que poderia ser só um inchaço normal típico de uma batida. Quando voltei para casa à noite, já estava um pouco mais forte, ainda assim não me importei muito. Quando amanheceu já estava pior e começou a vazar um líquido do local. Foi então que procurei um médico pela primeira vez, mas apenas me receitaram um antibiótico. A situação se agravou, a dor ficou intensa e já mal conseguia apoiar a perna direita no chão. Procurei atendimento novamente e outro médico me atendeu. Já fui internado ali mesmo por ele e passei por uma bateria de exames até ser diagnosticado com uma infecção pela bactéria estafilococos", complementou.
Em uma escala crescente de agravamento do quadro clínico, Gercimar teve complicações sérias de saúde, incluindo paralisia dos rins, sendo necessário passar por seções de hemodiálise, complicações respiratórias e ainda um quadro de duas semanas em coma. Sem conseguir conter a agressividade da bactéria por meio dos antibióticos, a equipe médica que cuidava do porteiro teve que amputar a perna direita do paciente.
De fato, complicações decorrentes de cortes ou ferimentos em situações como as descritas acima não são tão comuns, mas isso não significa que devam ser ignoradas por quem passa por situações do tipo. É o que garante o infectologista Carlos Urbano.
"Na maioria das vezes um ferimento ocorrido nessas condições não resultará em nada, mas ao se cortar ou machucar em um coral ou pedra dentro da água, é importante fazer a limpeza imediata do local com água corrente ou soro fisiológico e sabão neutro e também buscar atendimento médico na sequência, caso observe alguma anormalidade", explica o especialista.
Urbano orienta que seja seguido esse procedimento, pois um trauma ou ferimento pode deixar o corpo mais exposto e potencializa as chances de uma infecção.
O infectologista, contudo, alerta para os sintomas físicos de uma eventual evolução da infecção. Nesses casos, o procedimento é procurar atendimento médico rapidamente. "Observou que houve inchaço, vermelhidão e secreção (pus) no local, e também um quadro de febre, procure um médico. São indicativos que a bactéria está se propagando e pode levar o paciente até a morte se não tratado a tempo", finaliza o especialista.
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