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Ídolos do Flamengo apoiam estudante de Vitória com doença grave

Ídolos do Flamengo apoiam estudante de Vitória com doença grave

Zico, Júnior, Sávio e Reinier enviaram mensagens para o jovem, enquanto ele esteve internado por conta de uma histoplasmose, doença provocada por um fungo que pode estar nas fezes de aves e outros animais, como o morcego

Publicado em 23 de outubro de 2019 às 08:26

Flamenguista fanático, Renzo exibe com orgulho o escudo do time do coração Crédito: Ricardo Medeiros

Júnior, Zico, Sávio e Reinier. É difícil encontrar um flamenguista que não saiba quem é cada um destes nomes. Os três ídolos do passado e também a joia que desponta no time principal subiram alguns patamares no quesito idolatria na vida do estudante de Economia Renzo Marques Galuppo, de 20 anos. O rapaz contou com o carinho e a atenção do quarteto rubro-negro para superar uma grave doença ocasionada por um fungo e que o fez ficar internado por quase dois meses, além de perder 15 quilos. Por intermédio de amigos e familiares, o jovem recebeu mensagens de incentivo dos ex-jogadores e também de Reinier durante o período de internação.

"Eu estava internado no hospital e não sabia de nada. Minha mãe apareceu e disse que tinha uns vídeos para mim. Quando vi o primeiro deles, do Júnior (ex-lateral do Flamengo e comentarista da TV Globo) pensei se havia acontecido algo com ele. Quando vi ele falando meu nome e me desejando melhoras, simplesmente comecei a chorar, pois era algo que jamais esperava, foi completamente fantástico. Depois, já fora do hospital, recebi o vídeo do Zico. Me deu até um 'aperto' no coração de tanta alegria. Eles me deram muita força para seguir ainda mais confiante em minha recuperação. Foi muito especial, guardarei isso para sempre", disse o Renzo.

EMOÇÃO E O CARINHO DOS ÍDOLOS

Ainda em julho, aproveitando-se das férias da faculdade, Rezo viajou com a família para Foz do Iguaçu, no Paraná, e por lá visitaram o tradicional Parque das Aves. Após retornarem a Vitória, o jovem passou a sentir-se mal e apresentava um quadro de febre incessante.

"Voltei e comecei a sentir muitas dores e febre alguns dias depois da viagem. Nada que eu comia parava no estômago, nem mesmo uma maçã, por exemplo. Fui para o hospital e, após alguns exames, passaram a me tratar com medicação para tuberculose, porém meu quadro só piorou. Voltei para casa após alguns dias, mas minha saúde só piorava. Nesse período, recebia medicação em casa para a doença, porém seguia mal"

Renzo Galuppo

Estudante de Economia
Renzo também recebeu visitas das avós e outros familiares no hospital Crédito: Arquivo pessoal
O caso de Renzo comoveu a equipe médica, que não mediu esforços em fazê-lo sorrir enquanto internado Crédito: Arquivo pessoal
No hospital, Renzo recebeu a visita de muitos amigos Crédito: Arquivo pessoal

NOVO DIAGNÓSTICO

Piorando a cada dia, os médicos e a família de Renzo decidiram por uma nova internação, desta vez em um hospital particular da Serra. Por conta da medicação inapropriada, o universitário teve o quadro de saúde agravado e apresentou uma hepatite medicamentosa. A essa altura, a mãe dele, a professora universitária Maria Alice Moreno Marques, se viu obrigada a dar atenção especial ao filho e teve de abdicar do trabalho.

"Foi uma decisão em conjunto com meu marido e víamos que era preciso sermos mais enérgicos. Então pedi uma licença não remunerada da instituição onde trabalho para ficar com o Renzo. Foram dias de apreensão e sofrimento no hospital ao lado dele. Renzo só debilitava, não reagia à medicação. Formamos uma junta médica com mais de dez profissionais de diferentes áreas para descobrirmos o que ele tinha. Foi preciso realizar uma biópsia do pulmão dele para se chegar ao diagnóstico da histoplasmose, uma doença incomum no Brasil. Segundo os médicos, os sintomas são semelhantes aos da tuberculose, por isso ocorreu um diagnóstico precipitado. Mas esse foi o momento mais delicado, pois o Renzo ficou cinco dias na UTI", explicou a professora de Química.

A mãe de Renzo, Maria Alice, abriu mão do emprego para cuidar do filho Crédito: Ricardo Medeiros

Com o tratamento correto, Renzo apresentou rápida melhora e no dia 26 de setembro recebeu alta médica. Os cuidados, contudo, prosseguirão por meses. O estudante de Economia precisará fazer uso de remédios específicos por um período entre seis meses a um ano, além de suplementação e exercícios para recuperar a perda corpórea.

"Desde que saí do hospital tenho feito execícios, me alimentado melhor e já recuperei 12 quilos. Antes de ficar doente eu pesava pouco mais de 60 quilos, cheguei aos 45 quando internado.

Por conta da enfermidade, Renzo teve de trancar a faculdade, mas no próximo semestre retornará aos estudos. Até lá ele seguirá em recuperação física e se esforçará para retribuir o gesto que recebeu dos ídolos. "Se um dia eu tiver a oportunidade de encontrá-los, vou fazer questão de agradecer. Talvez para eles seja só uma mensagem simples, mas, para mim, foi marcante. Os lembrarei por esse gesto de carinho e direi que, ainda que não façam ideia, eles me ajudaram muito. Fizeram muita diferença em minha vida", garantiu.

A DOENÇA

Segundo a infectologista que cuidou do jovem, Melissa Fonseca Andrade, a histoplasmose é uma doença provocada pelo fungo Histoplasma capsulatume que pode estar presente nas fezes de aves e outros animais, como o morcego. A contaminação se dá por vias aéreas. Os locais mais suscetíveis são ambientes onde aves ficam empoleiradas, grutas, cavernas e residências fechadas por longos períodos, como casas de veraneios, sendo essas duas últimas situações mais comuns com morcegos.

"De fato, a histoplasmose é um incomum no Brasil, por isso mesmo os médicos vão pelo caminho do diagnóstico voltado para as doenças de maior incidência, como a tuberculose. A maioria das pessoas que entram em contato com o fungo não adoecem, ou, no máximo, apresentam a forma mais branda. Aqueles, porém, que possuem imunidade baixa estão mais suscetíveis a contraí-la e podem desenvolver a versão mais aguda. Pacientes em quimioterapia, portadores de HIV, entre outros estão nesse grupo", disse a infectologista, ressaltando que outro complicador no diagnóstico é o fato de o fungo apresentar crescimento lento, por isso a identificação do mesmo nos exames é mais prolongada, levando até semanas.

De acordo com a especialista, 90% dos casos da histoplasmose são assintomáticos, ou seja, a pessoa não apresenta complicações. Na versão mais branda, ressaltou a infectologista, o próprio corpo elimina o fungo, não sendo necessário medicação. "Quando ela se manifesta na forma aguda, o paciente apresenta febre alta, tosse seca, dor no tórax e falta de ar. O fungo se instala no pulmão e, em contato com a corrente sanguínea, se alastra pelo corpo, agravando o quadro clínico. Existe também a histoplasmose crônica, que acomete pessoas que já tiveram doenças respiratórias", destacou.

Para se prevenir, é recomendado que se utilize máscaras com filtros apropriados ao visitar locais com alta incidência de aves e morcegos, como parques e também ambientes fechados, dessa forma o fungo não é inalado. Ainda de acordo com a especialista, não há vacina para a histoplasmose e o ideal é evitar ambientes com as situações descritas anteriormente. O tratamento é feito através de medicação antifúngica, podendo chegar a até um ano.

"Costumamos dizer que essa é uma doença oportunista. Não se pode dar brecha, pois ela pode voltar. Por isso mesmo o paciente segue recebendo medicação por um período longo, mesmo após alta médica"

Melissa Fonseca Andrade

Infectologista
Renzo também apoiou-se na fé para superar a Histoplasmose Crédito: Ricardo Medeiros
Renzo com a bandeira do Flamengo Crédito: Ricardo Medeiros

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