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Idoso de Vitória luta há um ano contra doença do pombo

Idoso de Vitória luta há um ano contra doença do pombo

Logo após o diagnóstico correto, ele chegou a passar 30 dias internado em um hospital da capital, com o braço inteiramente inflamado

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 20:04

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Pombo. (Pixabay)

Nélio Pezzin, um idoso de 93 anos, morador da Mata da Praia, em Vitória, foi infectado há cerca de um ano por uma doença causada por um fungo que pode ser encontrado nas fezes de aves, principalmente dos pombos. Logo após o diagnóstico correto, ele chegou a passar 30 dias internado em um hospital da capital, com o braço inteiramente inflamado.

O nome da doença é “criptococose” e ela também pode ser adquirida com o contato com o solo infectado. De acordo com Nádia Pezzin, filha de Nélio, o pai dela pode ter adquirido a patologia após enfrentar um período de baixa imunidade e depressão, quando passou a ocupar o tempo cuidando de pássaros e fazendo gaiolas de madeira. “O braço dele foi ficando vermelho, mas no início cogitamos uma alergia. Levamos para o hospital e ele ficou internado por dois dias, tomando antibiótico. Após uma biópsia, foi detectada a criptococose”, afirmou.

Atualmente, o idoso está aguardando novo exame para determinar o teor de infecção no organismo. “O tratamento dele tem sido feito com Fluconazol. Hoje ele já está bem melhor, com o braço sem lesão. Antes era complicado, sentíamos medo já que meu pai sofre com insuficiência renal. Até 15 dias atrás era necessário que o plano mandasse um enfermeiro na nossa casa todos os dias para fazer curativos. No início o braço dele ficou muito feio, saindo secreção”, explicou.

Idoso apresenta o braço já praticamente recuperado durante tratamento de criptococose. (Arquivo Pessoal)

DEFICIÊNCIA DE IMUNIDADE

De acordo com o infectologista Crispim Cerutti, a criptococose é uma doença que ocorre com frequência quando há deficiência de imunidade, apesar de também ser encontrada em pessoas saudáveis. “Ela infecta tecidos profundos do corpo, compromete o sistema nervoso central, o cérebro e as meninges, sendo considerada potencialmente grave. Apesar disso, é tratável e a resposta depende mesmo da imunidade do hospedeiro. Pode haver cura completa, mas a frequência de sequelas é grande, geralmente neurológicas, levando a déficits motores, incapacidades físicas e diminuição intelectual”, descreveu.

“A causa da doença vem do fungo do gênero Cryptococcus, presente na natureza, relacionado a fezes de pombos, que entram em contato com o ambiente externo. Assim, a doença penetra o organismo humano por inalação, adentra o corpo a partir dos pulmões e se instala nos órgãos. Um primeiro sintoma bastante comum é a dor de cabeça intensa, mas isso pode variar. Pode haver também o desenvolvimento súbito de coma, convulsões e febre alta, variando em cada caso”.

Ainda segundo o especialista, o tratamento dos casos mais graves é feito com internação e medicação endovenosa (na veia). “O medicamento fluconazol é uma opção, mas funciona melhor em casos menos graves. Não é uma doença endêmica, mas esporádica, então não existe uma prevenção sistemática. O contato é feito de forma eventual, então a proteção é feita de forma secundária: o paciente deve ficar alerta e procurar o médico caso haja suspeita”, indicou.

PROJETO DE LEI

Um projeto de lei que pretende proibir que pombos sejam alimentados em Vitória, de autoria do vereador Leonil Dias (Cidadania) foi aprovado pela Câmara Municipal no último dia 3, durante sessão ordinária da Casa Legislativa. A razão da proposta é justamente a de evitar a propagação da doença do pombo ocasionada pelo contato de pessoas com as fezes do animal.

A iniciativa legislativa, de acordo com o vereador, deve ser encaminhada à Prefeitura até a próxima semana. “Lá o prefeito tem até 15 dias para sancionar. Após sancionada, o executivo deve regulamentar a Lei em até 90 dias”, esclareceu em nota.

No mesmo sentido, a Prefeitura de Vitória informou que a Procuradoria Geral do Município (PGM) está avaliando a questão para orientar o Poder Executivo sobre como proceder.

INFESTAÇÃO EM ESCOLA DE PIÚMA

No dia 16 de setembro deste ano a Escola Municipal de Ensino Fundamental Lacerda de Aguiar, em Piúma, litoral sul do Estado, chegou a suspender as aulas por conta de uma infestação de piolhos de pombos, até que o problema fosse resolvido. A instituição, onde estudam mais de 800 alunos, foi evacuada, à época, para dedetização.

Em nota divulgada, a Secretaria de Educação do município informou que as aulas permaneceriam suspensas até o dia 23 do mesmo mês e que a instituição receberia uma vistoria da Vigilância Ambiental, bem como haveria retirada de ninhos de pombos, limpeza das colunas, pintura no interior das salas e vistoria no bebedouro e nas caixas d’água pela Secretaria de Obras.

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Procurada pela Reportagem, a Prefeitura de Piúma não atendeu as ligações para se manifestar sobre possíveis atualizações para o caso.

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