O governo do Estado determinou um novo formato de contagem de notas de alunos que estão pendurados em algumas disciplinas. Expedida no último dia 7 de novembro, cerca de um mês antes da fim do ano letivo, uma circular interna define que alunos que possuem uma nota inferior a 60 pontos média para aprovação em uma disciplina deve receber uma nota com base na média das disciplinas afins. O objetivo é reduzir o número de reprovações nas escolas públicas da rede estadual.
Parece confuso, por isso vejamos um exemplo: a área de Ciências da Natureza reúne as disciplinas de Biologia, Química e Física. Se o aluno encerrou o ano com nota final 70 em Biologia, nota 80 em Química e 50 em Física, ele reprovaria em Física por ter nota menor que o exigido, 60 pontos.
Na nova regra, a escola irá somar as três notas das disciplinas de Ciências da Natureza (70+80+50 = 200). O valor total será dividido por três, que é o número de disciplinas (200/3 = 66,6). Essa nota média de 66,6, seria arredondada para 67 e substituiria apenas a nota vermelha. Ou seja, o aluno ficará com nota acima de 60 em Física, sendo assim aprovado. E as demais disciplinas continuariam com as demais notas (80 e 70). Por esse novo esquema de notas, o aluno teria 17 pontos somados à nota ruim.
A circular interna foi encaminhada para as escolas pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu). Assinam o documento a subsecretária de Estado de Planejamento, Isaura Alcina Martins, e a subsecretária de Estado de Educação Básica, Andréa Guzzo Pereira.
A situação foi bastante criticada durante sessão da Assembleia Legislativa, na tarde da última segunda-feira (11), pelo deputado Sérgio Majeski (PSB). Segundo ele, desde a década de 90 as disciplinas foram agrupadas em áreas de conhecimento, que são ciências humanas, naturais, matemática e código e linguagens.
Só que apesar de terem sido agrupadas, os currículos de ensino nunca foram executados por área de conhecimento, as disciplinas continuaram existindo, assim como as provas são por disciplina e não por área. Agora, essa orientação da Sedu é para que a média substitua apenas a que o aluno reprovaria. É como se ele ganhasse pontos em cima da média feita nas três disciplina. Vão premiar um aluno que não obteve os conhecimento necessários para passar naquela disciplina, afirmou Majeski.
Para o deputado, o novo modelo do governo é uma forma de facilitar que o aluno passe para outra série. Ao longo do ano, o aluno já tem recuperação paralela, recuperação trimestral e a recuperação final. Ou seja, são dadas todas as possibilidades possíveis para que ele recupere uma nota baixa. Agora, além dessas oportunidades ainda haverá essa premiação ao aluno com nota inferior à média. É um desrespeito ao trabalho do professor, enfatizou.
Majeski chamou a atenção para o fato de que não foi debatido com as escolas, nem com professores, nem com pais de alunos as novas regras. Isso apenas chegou às escolas, disse. Outro ponto questionado é que o aluno beneficiado poderá encerrar o ano com uma nota superior ao que estudou para passar com a média em todas as disciplinas, por exemplo.
A Comissão de Educação assinou uma convocação ao secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, para dar explicações no plenário da Assembleia. Esperamos que a secretaria reveja isso. O justo e o democrático é que, se for para pensar nisso, que seja a partir do ano que vem e que seja debatido com professores, completou Sergio Majeski.
Por meio de nota à imprensa, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que trata-se de uma Comunicação Interna que orienta as escolas sobre o Conselho Final, propondo que se leve em consideração as áreas de conhecimento e não uma disciplina isolada. A nota também descreve que a medida está em consonância com a nova reforma do Ensino Médio, em que são trabalhadas as áreas de conhecimento. Informa ainda que as Superintendências estão dialogando com os diretores no intuito de reforçar a orientação do comunicado, encerrou a nota.
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