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ES: conheça a cidade onde o piso do professor é menor que um salário mínimo

ES: conheça a cidade onde o piso do professor é menor que um salário mínimo

Em Alto Rio Novo, professor de nível médio recebe R$ 906,89. Valor é menor que um salário mínimo, que é R$ 998

Publicado em 12 de outubro de 2019 às 10:19

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Formada em Pedagogia e com duas pós-graduações, Querenice trabalha 44 horas na semana para receber aproximadamente R$ 2.500. (Carlos Alberto Silva)

É no Noroeste do Estado, em um município com pouco mais de 7 mil habitantes, que está o menor piso salarial do Estado.  Em Alto Rio Novo,  o educador de nível médio, que trabalha 25 horas por semana, recebe R$ 906, 98. As informações são de um levantamento inédito feito pela A Gazeta nas 78 prefeituras do Espírito Santo. A reportagem é uma matéria especial para o Dia do Professor, comemorado na próxima terça-feira (13).

As oportunidades de trabalho não vão muito além do magistério em Alto Rio Novo.   “Aqui, ou você vira professora ou vai trabalhar na plantação de café, não tem muita opção”, comenta Ana Maria da Costa Pacheco, 57 anos. Ela é um dos 102 professores que atuam na rede municipal.

Com o piso abaixo do que é determinado pela lei, quase metade dos professores da cidade possui extensão de carga horária e ganha um pouco a mais no fim do mês. É a situação de Querenice Dornelo de Oliveira, 29 anos, professora no município desde 2015. Formada em Pedagogia e com duas pós-graduações, ela trabalha 44 horas na semana para receber aproximadamente R$ 2.500.

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A gente trabalha muito, se dedica muito e não é valorizado, não tem a remuneração adequada. Com o salário que eu ganho, fazer um mestrado está fora da minha realidade

Querenice Dornelo, 29 anos
Professora em Alto Rio Novo
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O salário inicial para um professor como Querenice, que possui pós-graduação, é de R$ 1.510,03. O valor também é abaixo do mínimo determinado pela lei, de R$ 1.598,59. Mas a tabela de pisos de Alto Rio Novo não é reajustada desde 2012.

Além disso, a reserva de um terço do tempo do professor para planejamento, determinada por lei, só foi adequada no ano passado. Antes disso, os professores cumpriam as 25 horas na sala de aula. “Foi uma conquista grande porque ficávamos o tempo todo na sala de aula”, diz Verônica da Silva, 25, pedagoga na Escola Municipal Professor Arteme Lopes.

Secretária de Educação de Alto Rio Novo, Roberta Maforte Cunha diz que município não arrecada o suficiente para atualizar tabela do piso de professores. (Carlos Alberto Silva)

A secretária de Educação do município, Roberta Maforte Cunha alega que o município tem dificuldades na arrecadação e que é impossível adequar a tabela de salários de acordo com o piso nacional. 

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Eu queria poder dizer que pagamos o piso, mas não é nossa realidade. O índice de arrecadação do município é baixo comparado ao índice de pagamento de servidores e por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal, não é possível fazer a adequação. Se for adequar de acordo com a tabela nacional, o município não tem pernas

Roberta Maforte Cunha
Secretária de Educação de Alto Rio Novo
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O prefeito do município, Luiz Américo Borel, assumiu estar ciente da situação. Ele disse que o cenário está longe de ser ideal, mas que a prefeitura tem trabalhado para reajustar os salários. "A gente já contratou uma empresa para rever todas as tabelas de pagamentos. Isso é um primeiro passo para ver onde podemos cortar e como adequar os salários. Valorizar a Educação é nossa prioridade e vamos trabalhar para isso", destacou. 

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No quadro de professores do município de Alto Rio Novo não há nenhum profissional de nível médio. Por causa disso,  nenhum professor ganha R$ 906,89 atualmente. Contudo, como a tabela não é reajustada desde 2012, um professor com esta formação que for atuar no município, vai receber este valor como salário inicial. 

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