Publicado em 25 de dezembro de 2019 às 20:45
As ruas e vielas do bairro Santa Martha, em Vitória, ganharam as cores azul e branco, e o som cadenciado da banda de congo Amores da Lua na tarde desta quarta-feira (25), num dia de homenagem a São Benedito. A puxada e fincada do mastro, tradicional festa religiosa de devoção ao santo, anima os moradores da região há 74 anos.
O mestre do congo, Ricardo Sales, conta que o grupo se dedica a fazer a festa no dia do Natal para agradecer pelas bênçãos alcançadas ao longo do ano. Em 2019, especialmente, ele diz que a gratidão é maior pela recuperação de seu pai, Rui Sales, um dos fundadores da banda que esteve internado até o mês passado por problemas de saúde.
Festa de São Benedito
Antes de sair em procissão, a banda rezou o Pai-Nosso, a Ave-Maria e outras orações católicas e, ao encerrá-las, a casaca e os tambores deram o ritmo para o início da caminhada. À medida que o grupo ia percorrendo as ruas, outras pessoas se juntavam à festa. Em um trecho do percurso, os devotos de São Benedito pararam diante de uma casa de dois pavimentos e de lá, pela janela, foi entregue o mastro que seguiria sendo conduzido pelos fiéis até o momento da fincada.
Mesmo quem não seguia a banda, acompanhava a festa com muita alegria das calçadas, do portão ou da janela de casa. Para Marineia de Azevedo, 47 anos, um momento de muita emoção. "Lembro de quando eu era criança e seguia dentro do barco (uma embarcação de madeira segue à frente da banda na procissão). Essa festa tem um grande significado para mim, de muita fé. Pena que não tem o mesmo sentido para todo mundo", observou, entre lágrimas.
A puxada e a fincada do mastro são uma representação, segundo Ricardo Sales, do naufrágio de navios negreiros no tempo da escravidão, quando muitos negros morreram na travessia para o Brasil. Aqueles que conseguiram segurar no mastro da embarcação, salvaram-se. Como São Benedito é o padroeiro dos negros, passou a ser homenageado.
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