Publicado em 15 de abril de 2020 às 18:27
Em meio às medidas impostas para conter a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), entre elas a promoção do distanciamento social, as aulas presenciais da rede pública e da rede estadual foram suspensas. Durante este cenário, que não possui um tempo de duração determinado, as aulas online foram adotadas por algumas escolas, o que tem gerado debates quanto ao acesso de ferramentas e às necessidades. >
O Ponto de Vista desta quarta-feira (15), quadro da Rádio CBN Vitória, recebeu o Superintendente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Geraldo Diório, e a Doutora em Educação e Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Cleonara Maria Schwartz. >
Entre as dúvidas sobre deveres e direitos dos pais e das instituições de ensino, os especialistas estabeleceram que nem todos os formatos adotados durante a pandemia podem ser entendidos como o já existente Ensino a Distância, já que em algumas oportunidades, professores possuem o contato direto e ao vivo com os alunos, havendo uma interação.>
Ainda segundo o superintendente, devido ao atual cenário de pandemia do novo coronavírus, este é o único formato possível.>
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"Há uma diferença entre o EAD e as aulas que alguns alunos estão tendo, com a voz dos professores. Agora, a própria professora entra em contato, o que modifica radicalmente a modalidade do Ensino a Distância. Isso não se equipara com a aula presencial, mas agora não há outra forma de manter o vínculo", disse.>
Quanto ao vínculo, ele ainda detalhou que apesar de ausência de contato presencial entre professor e aluno, a manutenção do contato é o objetivo principal do novo formato.>
"Nada substitui o contato entre professor e aluno, que é primordial. O que estamos tentando é manter o vínculo do aluno com a escola. Obviamente a instituição sabe que haverá uma avaliação após esse período de tudo que está sendo passado durante a quarentena", comentou o superintendente.>
Por outro lado, apesar da valorização do vínculo, a Doutora em Educação, Cleonara Maria Schwartz, alerta para as desigualdades no acesso às ferramentas.>
"Acho importante manter o vínculo entre a escola e a família, mas precisamos ter clareza que nem todas as famílias têm condições, mesmo com o que está sendo oportunizado. As soluções precisam ser buscadas em diálogo constante com profissionais e pesquisadores do campo da educação", expressou.>
Na terça-feira (14), em entrevista coletiva transmitida pela internet, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, acompanhado pelo Secretário de Educação Vitor de Angelo, lançou uma plataforma para manter as atividades pedagógicas com os alunos da Rede Estadual. O Programa EscoLAR permite que alunos recebam os conteúdos pela TV aberta. A pasta justificou que essa é uma forma de manter o vínculo com os alunos. >
Para a professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o enfoque das teleaulas deveria estar voltado a "ocupar a casa", com orientações de combate ao novo coronavírus.>
"O enfoque que está sendo dado na teleaula é conteudista. A gente carece de uma abordagem em que a escola entre dentro da casa e ensine a lavar mãos, como tirar e botar a máscara. Estamos em uma situação privilegiada onde temos informações, mas nem todos possuem isso. A escola deveria ocupar a casa em um primeiro momento, com um alcance maior de alunos", afirmou.>
Questionados sobre as negociações de contratos entre a família e a escola durante e após o período de quarentena, os especialistas apontaram que não há uma regra a ser seguida. Segundo eles, deve haver um diálogo entre o "consumidor", então responsável pela criança, e a família.>
Segundo Cleonara, cada caso tem sua singularidade, não havendo um modelo de negociação.>
"Penso que não haverá modelo único para negociar. Se eu tivesse que apostar, diria que será nos combinados específicos de cada escola, e não em modelos únicos. Cada escola é diferente, em seu público-alvo, sua condições, pensar em um modelo único será muito difícil, principalmente diante das questões de desigualdades", afirmou a professora e Doutora em Educação.>
Para Geraldo Diório, do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), cada caso tem sua singularidade.>
"Cada escola tem um DNA, não ha um sarrafo. Realmente é um momento de muita paciência, é preciso ter o máximo de bom senso. Estamos tendo uma lição de como proceder", finalizou.>
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