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'A realidade de Maduh': livro de 2014 'previu' pandemia em 2020

"A realidade de Maduh": livro de 2014 'previu' pandemia em 2020

A ficção de Melissa Tobias fala em uma "pandemia viral psicossomática" que atingiria a Terra neste ano

Publicado em 12 de maio de 2020 às 19:23

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A escritora e designer de interiores Melissa Tobias
A escritora e designer de interiores Melissa Tobias. (Instagram)

Você já imaginou se o momento atual pudesse ter sido descrito com antecedência para que a sociedade pudesse se preparar? Pois é, um livro brasileiro de ficção científica, escrito em 2014, trouxe, ainda que sem querer, uma projeção de uma "pandemia viral psicossomática" que atingiria a Terra em 2020. Um trecho da obra "A Realidade de Madhu" começou, então, a repercutir nas redes sociais. A reportagem buscou compreender, diretamente com a autora, a designer de interiores e ex-naturóloga, Melissa Tobias, de 42 anos, que reside em Brasília, até que ponto a história seria mera coincidência.

Trecho do livro
Trecho do livro "A realidade de Madhu" projeta pandemia viral em 2020. (Redes sociais)

Para a autora, a forma como o fragmento do livro surgiu também não é necessariamente clara, mas ela também tem pensado sobre o assunto. Melissa contou que, cerca de seis anos atrás, quando foi lançada a obra, estava em um momento de estudos sobre espiritualidade e misticismo, sendo também praticante assídua da meditação.

"É difícil responder como surgiu a projeção porque eu também não sei. Mas tenho uma hipótese: acredito que quando estou em processo criativo, escrevendo, fico em estado meditativo, a mente se acalma e acabo me conectando mais com a minha alma. Pode ser isso. E nossa alma sabe tudo, somos seres iluminados, é o ego que nos cega. Dei espaço para minha alma falar".

O LIVRO

"A Realidade de Madhu" conta a história de uma adolescente comum, como outra qualquer, que é abduzida e vai parar em uma grande nave espacial, que é uma espécie de universo à parte. Lá, ela deverá lidar com os medos mais profundos. "Ela é meu alter ego, tem muito de mim na história", disse a escritora.

A capa do livro de Melissa Tobias
A capa do livro de Melissa Tobias. (Redes sociais)

Madhu, a personagem principal, deveria, no contexto da ficção, superar os medos que tinha para tornar-se uma "semente estelar", ou seja, alguém que poderia ajudar o planeta Terra em um processo de transição. "Tanto nos Vedas, quanto na Kabbalah e em outras filosofias, fala-se de um processo planetário que estamos passando. Não tem como determinar uma data exata, mas o Chico Xavier teria dado o prazo final de 2019 para o início, então me baseei nessa data para o livro".

Melissa contou que se baseou em variadas filosofias para explicar o porquê do ano de 2020 ser o escolhido para uma pandemia, deixando claro, no entanto, que não teve a pretensão de fazer uma previsão que viesse a se tornar realidade. A data escolhida acabou sendo uma coincidência descrita em um livro de ficção científica.

Aspas de citação

Pensei então que com o fim do ciclo no ano passado, desse processo planetário, uma catástrofe viria em 2020, foi uma suposição. Mas eu não imaginava que seria realmente uma pandemia viral, como escrevi no livro seis anos atrás, nem me lembrava direito. Fui me lembrar depois. Me mandaram mensagens para saber se o trecho era fake news. Reli a página e fui surpreendida

Melissa Tobias
Escritora
Aspas de citação

"TINHA O PROPÓSITO DE ESCREVER UM SONHO QUE TIVE"

Melissa Tobias, que se viu escritora "por acaso", contou que a ficção sobre a adolescente que é abduzida foi o primeiro livro que escreveu. "Foi com ele que descobri que era capaz de escrever. Foi uma surpresa para mim. Eu tinha o propósito de escrever um sonho que tive, para lembrar dele depois. Fui indo e quando me dei conta já continha mais de 100 páginas. Percebi aí que poderia ser um livro. Depois dele publiquei mais três", contou.

Para ela, a repercussão também foi inesperada, com diversas mensagens sendo recebidas e entrevistas dadas. "Ainda não entendo por que tanta repercussão". Tobias frisou, apenas, que não gostaria que as pessoas interpretassem a obra como um livro religioso ou de auto-ajuda, buscando alguma espécie de "salvação" nele, mas que apenas servisse ao entretenimento e à diversão, como devem ser os livros de ficção. "A arte tem o poder de ajudar, expandindo a consciência, mas não é esse o propósito maior deste livro, é o de divertir", explicou.

RELIGIOSIDADE E O LIVRO

Apesar das semelhanças da pandemia descrita no livro e da doença em curso no mundo hoje, a escritora faz questão de deixar claro que há diferenças evidentes entre a narrativa e a realidade: "A Covid-19 não deverá matar tanta gente como colocado no livro, espero mesmo que não aconteça isso, esse número (mais de três bilhões) não acontecerá, não faz sentido".

Reflexiva e preocupada com a responsabilidade que ela teria por ter escrito algo que se aproximou da pandemia do novo coronavírus, Melissa, que gosta de estudar a espiritualidade, desabafou. "Tenho medo de desapontar a Deus. Eu acho que nada é por acaso, tem um motivo para eu ter escrito algo assim, eu ainda não sei qual é o propósito. Mas eu espero fazer o que Deus espera de mim", finalizou.

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