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PM mais antigo do Espírito Santo morre aos 103 anos e recebe homenagens

PM mais antigo do Espírito Santo morre aos 103 anos e recebe homenagens

Jorge Angélico Nolasco participou de conflitos históricos no ES e é lembrado com carinho e admiração por amigos, familiares e colegas de corporação

Bruno Nézio

Reporter / bruno.cunha@redegazeta.com.br

Publicado em 6 de maio de 2025 às 20:46

Vídeo mostra funeral e homenagens prestadas ao senhor Jorge Angélico Nolasco, policial militar mais antigo do ES. O cortejo aconteceu no última domingo dia 4. O homem faleceu no sábado dia 3.

Na manhã do último domingo (4), o 11º Batalhão da Polícia Militar do Espírito Santo prestou as últimas honrarias na cidade de Barra do São Francisco, Norte do Estado, ao veterano Jorge Angélico Nolasco, o policial militar mais antigo do ES, com um cortejo e uma cerimônia fúnebre. Aos 103 anos, ele faleceu no sábado (3) e faria aniversário no próximo dia 12 de julho.

A cerimônia de despedida contou com a presença de familiares, amigos, militares e membros da comunidade local, que acompanharam o cortejo e velório. Em textos nas redes sociais, colegas de corporação reforçaram o legado de Nolasco como símbolo de bravura e compromisso com a segurança pública, lembrando o papel fundamental em um capítulo importante da história capixaba.

Em nota a PMES disse que se solidariza com os familiares, amigos e irmãos de farda, expressando seus mais sinceros sentimentos e gratidão por todo o legado deixado. Que sua memória seja sempre lembrada com respeito, orgulho e admiração.

A cidade se viu mobilizada pelas homenagens com um desfile fúnebre que contou com viaturas da Polícia Militar e também um caminhão do Corpo de Bombeiros, além de diversas pessoas que acompanharam o transporte, seja de carro ou a pé.

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PM mais antigo do Espírito Santo morre aos 103 anos e recebe homenagens

Com uma trajetória marcada pela dedicação à segurança e à história do Espírito Santo, Nolasco ingressou na Polícia Militar em 4 de setembro de 1945. Na época, aos 24 anos, ele aceitou a missão de compor um contingente destacado para atuar no Conflito do Contestado*, conflito territorial entre Minas Gerais e Espírito Santo, na região da Serra dos Aimorés (área que abrange a cidade onde foi mobilizado, Barra de São Francisco).

Após passar por treinamento na Academia de Polícia, Jorge Angélico Nolasco chegou ao município do Norte do ES em 1946, junto a outros 46 militares. A missão do grupo era proteger a divisa entre os dois Estados e garantir a estabilidade da região em meio às disputas territoriais da época.

Sobre o Conflito do Contestado

A disputa territorial entre Espírito Santo e Minas Gerais, teve como marco inicial, o Auto de 1800, cujo texto era vago quanto aos limites entre os Estados. O impasse ficou conhecido como Conflito do Contestado e foi marcada por décadas de tensões políticas, violência por posses de terra e ausência do Estado. A região em disputa, localizada na Serra dos Aimorés, atraiu milhares de migrantes a partir dos anos 1940, o que intensificou os conflitos por posse de terra, impulsionou ações de grileiros e gerou confrontos entre forças policiais dos dois Estados. O auge da crise ocorreu nos anos 1950, com trincheiras cavadas, tropas mobilizadas e relatos de abusos e arbitrariedades, especialmente contra posseiros.

A resolução definitiva só veio em 1963, com a assinatura do Acordo do Bananal, mediado pelo governo federal, que definiu os limites entre os dois Estados e pôs fim ao litígio. Municípios como Ecoporanga e Barra de São Francisco ficaram com o Espírito Santo, enquanto Mantena e Ataleia ficaram com Minas Gerais. Embora o acordo tenha encerrado o impasse jurídico, a região seguiu marcada por conflitos agrários, influência de coronéis e episódios de violência.

Trecho retirado do artigo "A região contestada entre o Espírito Santo e Minas Gerais e a história oral", de Edmilton da Silva

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