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Publicado em 29 de agosto de 2025 às 17:59
Empresas localizadas em duas cidades do Espírito Santo foram alvo da Operação Carbono Oculto, realizada pela Polícia Federal, Receita Federal e outros órgãos contra um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, comandado pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). >
Segundo informações da Receita Federal, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra três empresas no Espírito Santo: duas em Atílio Vivacqua, na Região Sul, e outra em Cariacica, na Grande Vitória. No total, foram feitas buscas em oito estados e 54 cidades contra mais de 200 empresas e quase 100 pessoas físicas. A megaoperação identificou pelo menos 40 fundos de investimento, com patrimônio de R$ 30 bilhões, sob gestão do grupo.>
No Espírito Santo, os trabalhos contaram com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO-Central), do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), que informou ter cumprido mandado somente na cidade de Cariacica, mas sem informar se foi prisão ou busca e apreensão.>
Estão na mira da força-tarefa vários elos da cadeia de combustíveis controlados pelo crime organizado, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.>
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As investigações apontam que o sofisticado esquema engendrado pela organização criminosa, ao mesmo tempo que lavava o dinheiro proveniente do crime, obtinha elevados lucros na cadeia produtiva de combustíveis. O uso de centenas de empresas operacionais na fraude permitia dissimular os recursos de origem criminosa. A sonegação fiscal e a adulteração de produtos aumentavam os lucros e prejudicavam os consumidores e a sociedade.>
Operações financeiras realizadas por meio de instituições de pagamento (fintechs), em vez de bancos tradicionais, dificultavam o rastreamento dos valores transacionados. Por fim, o lucro auferido e os recursos lavados do crime eram blindados em aplicações financeiras com diversas camadas de ocultação, de forma a tentar impedir a identificação dos reais beneficiários.>
A Receita Federal e a Polícia Federal foram procuradas para apontar em qual parte da cadeia da organização criminosa os alvos do Estado atuavam, mas não houve retorno.>
Um dos eixos da fraude passava pela importação irregular de metanol, produto altamente inflamável e tóxico. O insumo chegava ao Brasil pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, mas era desviado para transportadoras e distribuidoras ligadas à rede criminosa, com documentação fraudulenta e sem seguir normas de segurança.>
O metanol era usado para adulterar combustíveis, aumentando o lucro do PCC. Além disso, postos comprados pela organização foram incorporados ao esquema.>
"Vale destacar, ainda, que proprietários de postos de gasolina, que venderam seus estabelecimentos comerciais, não receberam os valores da transação e foram ameaçados de morte caso fizessem qualquer tipo de cobrança", informou o Ministério Público de São Paulo. Além do órgão, estão envolvidos na operação várias instituições, como Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e polícias Civil e Militar dos Estados onde a operação tem desdobramentos.>
A investigação também identificou que as fintechs ligadas ao crime organizado criaram sistemas de contabilidade paralela para dificultar o rastreamento do dinheiro, permitindo transferências entre empresas e pessoas físicas sem que os beneficiários finais fossem identificados, segundo o MPSP>
As autoridades destacam que parte do dinheiro obtido com a fraude foi usada para comprar usinas de cana-de-açúcar, distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis, fortalecendo ainda mais a atuação do grupo.>
Além das medidas criminais, o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (CIRA/SP) adotará, segundo informado pelo órgão ministerial, providências judiciais para bloqueio de bens no valor de R$ 7,67 bilhões, equivalente ao montante estimado de tributos sonegados.>
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