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Publicado em 24 de novembro de 2022 às 15:04
- Atualizado há 3 anos
As operações do navio-plataforma P-57, localizado no Parque das Baleias, que fica na porção capixaba da Bacia de Campos, foram interditadas em uma vistoria anual da Marinha nesta quarta-feira (23). A Petrobras informou que a operação foi suspensa após ser detectado problemas nos “cabos de acionamento remoto da liberação dos freios das baleeiras”. >
Segundo informações do Sindicato dos Petroleiros no Espírito Santo (Sindipetro-ES), os cabos se romperam. As baleeiras são embarcações utilizadas para retirar a população embarcada na plataforma em casos de situações de emergência.>
Por nota, a Petrobras informou que o FPSO P-57 teve sua produção interrompida por segurança em função de um problema detectado durante testes nos cabos de acionamento remoto da liberação dos freios das baleeiras (embarcações de salvatagem). >
“Esse tipo de teste é realizado com o objetivo de detectar falhas previamente. Em nenhum momento a capacidade de salvatagem da plataforma foi comprometida”, disse o texto da nota.>
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A petroleira acrescenta que a plataforma está localizada no campo de Jubarte, na parte capixaba da Bacia de Campos, a 70 km da costa. “Os reparos foram realizados e, após avaliação dos órgãos fiscalizadores, a produção será retomada”, informou. >
Segundo Valnísio Hoffmann, coordenador-geral do Sindipetro-ES, o problema ocorreu durante a vistoria da Marinha, quando foram realizados testes de descida das quatro baleeiras da P-57. Durante o acionamento remoto das embarcações, houve rompimento dos cabos das baleeiras de números 1, 3 e 4. >
“Outro problema também identificado pela vistoria foi que o bote de resgate da unidade não estava disponível, sendo utilizado por outra embarcação”, explicou Hoffmann.>
Em função dos problemas nos sistemas de acionamento remoto das baleeiras, associado à indisponibilidade do bote de resgate, foi suspensa a autorização de operação da plataforma até que o problema seja solucionado. Logo após a decisão dos vistoriadores da Marinha, foram iniciados os procedimentos de parada da plataforma, que teve a sua operação suspensa.>
“Este é o retrato do sucateamento que temos denunciado. É a segunda plataforma este ano que foi interditada”, observou Hoffman.>
De acordo com o Sindipetro-ES, a P-57 é uma plataforma do tipo FPSO (sigla em inglês que significa unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo) e integra a segunda fase de desenvolvimento do campo de Jubarte. É considerada a segunda maior do Estado. >
Por intermédio de sua assessoria, a Marinha informou que a inspeção na P-57 foi realizada pelo Grupo de Vistoria e Inspeção (GVI), cujo trabalho é feito em todas as embarcações, como plataformas e navios da marinha mercante.>
Informa ainda que é uma atividade rotineira onde são realizados vários testes. E ao identificar um problema, é feita a paralisação das operações, em uma interdição administrativa, até que ele seja resolvido. Após a solução, uma nova vistoria é realizada e a operação é liberada.>
De acordo com o Sindipetro, há informações de que os cabos de acionamento remoto das baleeiras foram substituídos, mas em um primeiro teste houve uma ocorrência de torção, que impossibilitou o seu funcionamento. Foi promovido o acerto e novos testes estavam sendo feitos.>
Há ainda uma visita do vistoriador da Marinha agendada para esta sexta-feira (25), para a realização de novos testes. >
Outro problema na P-57 ocorreu no último dia 13, quando foi registrado um incêndio, resultado de um curto circuito na parte interna na chamada “caixa de ligação de 11kv do Turbogerador TG-04”. >
“A ocorrência evoluiu para a parada geral dos sistemas de geração principal de emergência, auxiliar e de alimentação ininterrupta (UPS), com consequente parada total da produção da plataforma. Na prática houve um princípio de incêndio, o sistema de segurança atuou gerando um blecaute na plataforma”, explicou Hoffmann.>
Com o blecaute a plataforma ficou sem operar por cerca de dois horas. “Em virtude desse princípio de incêndio, cujas causas estão sendo investigadas, a Marinha solicitou um relatório questionando se havia riscos de acidente mais grave”, explicou o coordenador geral Sindipetro-ES.>
Também foi constituída uma comissão com o objetivo de investigar e analisar as causas do incidente, considerado de alto potencial de risco.>
“Os dois fatos, ocorridos com uma diferença de dez dias entre eles. E se ocorresse uma tragédia, com um novo incêndio, e a população embarcada dependesse das baleeiras, ela não conseguiria ser retirada. É uma situação grave”, alerta Hoffmann.>
Um outro navio-plataforma, o FPSO Cidade de Vitória, foi interditado este ano após fiscalização da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que interditou suas operações.>
A unidade apresenta problemas que variam de riscos de vazamento de gases perigosos, em taxas cinco vezes maiores do que o previsto em projeto, até falhas nos sistemas de comunicações com a população embarcada, que estaria acima da capacidade prevista e habitando locais de risco.>
A fiscalização no Cidade de Vitória foi realizada no período de 30 de maio a 3 de junho deste ano, com auto de interdição e notificação. No documento, é dito que a operação só poderá ser retomada após serem cumpridas todas as exigências estabelecidas pela ANP.>
"O operador (da plataforma) somente estará autorizado a retomar a produção após comprovação de atendimento das notificações a seguir e formalmente autorizado pela ANP", diz o texto do boletim de fiscalização.>
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