Publicado em 30 de setembro de 2020 às 22:18
Após divulgação do caso de uma maquiadora de Vila Velha que recebeu pelo correio pacotes com sementes após fazer compras em um site internacional, outros capixabas relataram a mesmo situação à reportagem de A Gazeta. Uma delas é a empresária Rosimery Perim, de 43 anos. Ela mora em Colatina, Noroeste do Estado, e comprou uma extensão de cabelo por um site internacional que vende mercadorias de empresas asiáticas. Ao receber o produto, viu que também haviam chegado alguns pacotes com sementes embrulhadas em plástico.
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"Na hora eu abri o pacote, vi que junto tinha essas sementes. Eu achei até bacana, pensei que fosse algum tipo de brinde", conta. Rosimery, que recentemente adquiriu um rancho, logo pensou em plantar as sementes. >
Na página que detalha o pedido de Rosimery no aplicativo do site de compras aparecem os nomes de duas plantas seguidos da palavra "grátis". No local, as sementes são descritas como "cerejeira gigante" e "bonsai".
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"Eu fui lá (no rancho) ontem (terça) plantar várias mudas e esqueci elas em casa, senão tinha plantado. Quando vi a reportagem, tomei um susto", afirma. A compra foi feita há mais de três meses, mas por se tratar de remessa internacional, chegou apenas há algumas semanas. >
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O Ministério da Agricultura (Mapa) orienta que as pessoas que receberem as mercadorias não solicitadas não abram o pacote e nem plantem as sementes. Ainda não se sabe se elas podem trazer consigo pragas, doenças, plantas daninhas que não existem no Brasil ou causar dano à saúde de quem manusear. >
Já uma dona de casa da Serra conta que também recebeu as sementes junto com algumas mercadorias que chegaram entre o fim de 2018 e início de 2019. Marineide Bahia de Andrade comprou óculos, carregadores de celular e um brinquedo pelo mesmo site que Rosimery. Como as encomendas vieram de fornecedores diferentes, elas chegaram separadamente. >
Pelo menos duas delas continham, além de produto diferente do adquirido, os pacotinhos com sementes. >
"Achei que fossem aqueles pacotes antimofo que geralmente vêm nas roupas. Estavam em saquinhos transparentes. Um deles parecia gergelim e o outro lembrava alpiste", relata. >
Marineide, que jogou fora o material logo em seguida, diz que também ficou surpresa quando viu o caso ganhar repercussão nacional. "Vi na TV mostrando uma mulher de São Paulo e aí lembrei que tinha recebido isso também em 2018", diz.>
O Mapa afirma que já confirmou o recebimento de 36 pacotes, todos originários de países asiáticos, como China, Malásia e Hong Kong, recebidos em oito estados diferentes: Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. >
O órgão ressalta que, até o momento, ainda não é possível apontar os riscos envolvidos. O material recebido está sendo encaminhado ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) de Goiânia para as análises técnicas.>
Moradores do Espírito Santo que receberem sementes sem pedir, principalmente em remessas internacionais, devem entrar em contato com a Superintendência do Ministério da Agricultura no Estado pelo telefone (27) 3137-2700.
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Em nota, o órgão destacou que a entrada de sementes no Brasil só pode ser originária de fornecedores de países com os quais o Mapa já tenha estabelecido os requisitos fitossanitários. Esse material deve ser certificado pelas autoridades fitossanitárias do país exportador.>
O ministério, antes de autorizar a importação da semente de determinado país, realiza análise de risco de pragas para identificar quais podem ser introduzidas por aquelas sementes. A partir disso, ficam estabelecidas medidas fitossanitárias a serem cumpridas no país de origem para minimizar o risco de introdução de novas pragas no Brasil por meio da importação desse material.>
A importação de vegetais sem autorização pode facilitar a entrada de pragas ou doenças que não existem ou estão erradicadas no país, além de causar prejuízos econômicos. Para evitar o risco, o Mapa afirma que atua no controle do e-commerce internacional com equipe dedicada a fiscalizar e impedir a entrada de material sem importação autorizada no país.>
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