Publicado em 29 de junho de 2020 às 17:28
A crise econômica provocada pelo novo coronavírus fez o mercado de trabalho no Espírito Santo encolher pelo terceiro mês consecutivo. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em maio houve o fechamento de 6,8 mil postos de trabalho. Esse é o pior saldo de emprego no Estado em um mês de maio desde 2004.
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No acumulado de 2020, já foram perdidas mais de 25 mil vagas, 6 mil a mais do que todas as vagas criadas em 2019 no Estado. >
O Caged contabiliza apenas trabalhadores com carteira assinada. O saldo do emprego equivale ao número de pessoas contratadas menos o número de demissões. Quando há mais demitidos que contratados, o saldo é negativo, o que significa que o Estado perdeu postos de trabalho. >
Embora maio tenha terminado com saldo negativo, há uma melhora em relação ao mês anterior. Em abril, foram fechados quase 18 mil postos de trabalho no Espírito Santo. O dado pode representar uma desaceleração das demissões.
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Entre os setores em que houve mais demissões, o destaque é a indústria de transformação, que terminou maio com saldo negativo de 1,9 mil postos de trabalho. >
Já no setor de serviços, 3,3 mil pessoas foram demitidas, sendo que 1,1 mil apenas da área de alojamentos e alimentação, que reúne trabalhadores de hotéis, bares, restaurantes e similares. >
Segundo o Caged, os únicos setores que contrataram mais do que demitiram em maio foram a agropecuária (302) e os serviços de saúde (636).
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As cidades da Grande Vitória foram as que mais registraram saldo negativo de emprego em números absolutos. A Capital ficou em primeiro lugar com o fechamento de 1,5 mil postos de trabalho. Em seguida, vêm Vila Velha (-1.043), Serra (-966) e Cariacica (-764).>
Já em números relativos, o mercado de trabalho encolheu mais em Bom Jesus do Norte e Alto Rio Novo. Ambas cidades tiveram redução de mais de 3%. >
Na contramão dessa tendência, em 26 cidades do Estado houve mais contratações do que demissões. Em Ibiraçu, por exemplo, o saldo de empregos foi positivo, com 80 contratações a mais do que demissões. Castelo e Pedro Canário tiveram resultados parecidos.
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O resultado do emprego em maio, ainda que negativo, mostrou uma melhora em relação ao mês anterior. Para especialistas, medidas como a reabertura do comércio e a utilização mais ampla de dispositivos como a redução de jornadas e salários contribuíram para esse feito. >
"Claro que várias empresas ainda demitiram ou acabaram fechando. Mas essas medidas fizeram com que não se chegasse a uma catástrofe maior", afirma o economista Ricardo Paixão. >
Em abril, o setor que mais demitiu foi o comércio, que terminou o mês com saldo negativo de mais de 5 mil postos de trabalho. Contudo, desde 11 de maio, as lojas de produtos não essenciais foram autorizadas a reabrir de forma alternada na Grande Vitória. Desde então, o setor perdeu mais 1,3 mil vagas. >
"Seguindo protocolos de higiene e distanciamento, foi possível que atividades não essenciais fossem retomadas, como o comércio. Isso permitiu que tivéssemos perdas menores em relação a abril. Algumas atividades do setor de serviços, que não foram proibidas, como os salões de beleza, com o conhecimento maior sobre a pandemia, também passaram a reabrir", afirmou o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira. >
A indústria da transformação, também fortemente impactada pela pandemia, segue demitindo. Segundo Paixão, isso ocorre porque a cadeia produtiva foi toda afetada, o que envolve grandes contratos em ambiente internacional.
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"O setor industrial tem uma resposta mais lenta nos momentos de crise, sendo os últimos a demitir, mas também os últimos a se recuperar. É um setor que demora mais a tomar medidas drásticas e tem menor capacidade de responder a grandes oscilações. Mas, quando a gente vir um reaquecimento da indústria, aí saberemos que a economia entrou nos eixos", diz.
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O único setor que parece escapar da crise, por enquanto, é a agropecuária, que teve saldo positivo de empregos em abril e maio. >
"No campo há baixa densidade populacional, não tem tanta aglomeração de pessoas e é um local aberto. Isso tudo faz com que ele seja menor afetado pela doença. É um setor importante para a economia capixaba, tendo em vista a relevância da agropecuária, perincipalmente a agricultura familiar na economia do Estado", explica Lira.
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