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Empresa na Serra espionava Google Drive de concorrente para fraudar licitação

Empresa na Serra espionava Google Drive de concorrente para fraudar licitação

Crime de competição desleal em serviços públicos pode ter causado prejuízo de R$ 60 milhões à companhia que denunciou invasão à Polícia Civil

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 13:31

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Policia Civil: delegados Brennoi
Policia Civil: delegados Breno Andrade e José Darcy Arruda. (Caroline Freitas)

Uma empresa prestadora de serviços ligados à iluminação pública (como manutenção, entre outros), com sede na Serra, é suspeita de invadir o sistema de armazenamento de dados em nuvem (Google Drive) da concorrente, sediada em Vitória, a fim de obter as planilhas de licitação e ofertar condições mais vantajosas nos processos. 

As informações são da Polícia Civil, que deflagrou nesta terça-feira (22) a Operação Natal Luz para desbaratar a fraude, que tinha características de crimes contra a ordem econômica.

São investigadas espionagem empresarial em pelo menos 12 licitações municipais, em cidades das Regiões Sul, Norte e na Grande Vitória. O prejuízo alegado é da ordem de R$ 60 milhões. O nome das companhias envolvidas não foram divulgadas pelas autoridades.

A empresa vítima teria desconfiado, já há algum tempo, de que havia algo errado, uma vez que, desde 2018, perdia todas as licitações para a mesma concorrente.

No ano passado, procurou a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Delegacia Especializada de  Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), para denunciar que havia descoberto um tablet em nome da empresa concorrente logado à conta do Google Drive, desde 2017.

Esse mesmo dispositivo foi apreendido na manhã desta terça-feira (22), quando, a PC-ES deflagrou a Operação Natal Luz. O aparelho, segundo o titular da DRCC, Breno Andrade, foi localizado em cima da mesa do gerente da empresa investigada, na Serra, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.

Outro mandado de busca e apreensão também foi expedido, em Vitória, no endereço onde seria a casa do proprietário dessa empresa, mas ele já não residia no local.

Segundo o delegado, as investigações ainda continuam. A PC ainda investiga, por exemplo, se um funcionário da empresa vítima teria vazado as informações que permitiram o acesso ao material, bem como se outros crimes teriam sido cometidos, como lavagem de dinheiro, ou organização criminosa.

"Precisamos juntar todas as provas, fazer as respectivas análises, intimar as pessoas, os representantes da empresa, para explicarem o que estava acontecendo.  Ninguém foi autuado, mas o que a gente tem hoje no inquérito policial é suficiente para atestar que tem o crime, pelo menos, de invasão de dispositivo de informática, considerando as provas apresentadas pela vítima: o dispositivo conectado à rede da concorrente e de fato o próprio aparelho, localizado na sede, na mesa do gerente da empresa, que, informalmente, confirmou que tinha o acesso à conta, mas disse que a [empresa investigada] não teria se beneficiado."

Além dos dados de licitações, a empresa investigada tinha acesso a todas as informações da concorrente, inclusive dados sobre funcionários e processos correndo na Justiça.

O delegado-geral da PCES, José Darcy Arruda, destacou que o próprio poder público pode ter sido prejudicado pelo esquema de espionagem empresarial. 

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"A partir do momento em que essa empresa faz uma infiltração e tem informações privilegiadas no sentido de saber o que vai ser oferecido pela concorrente [na licitação], ela oferece melhores condições, mas pode não estar apta a fazer o [serviço] que a outra estava se preparando para fazer. Então o prejuízo pode ser até estrutural também."

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