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Agricultores do ES perdem metade da produção com bloqueios nas estradas

Agricultores do ES perdem metade da produção com bloqueios nas estradas

Durante os três dias de manifestação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), 90% dos caminhões que usualmente passam pela Ceasa não conseguiram chegar à Grande Vitória, prejudicando as vendas

Publicado em 3 de novembro de 2022 às 15:49

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A pandemia do coronavírus reduziu a circulação de pessoas na CEASA, no entanto, este ensaio fotográfico mostra que o fluxo ainda é frenético, afinal de contas, a alimentação nunca foi tão essencial.
Dia de "boia": sem a chegada de caminhões de outros estados, produtores tiveram que voltar com parte da produção para casa. (Vitor Jubini)

O bloqueio de rodovias no Estado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), em protesto contra a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez com que agricultores que dependem do comércio na Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) voltassem com até 50% dos produtos sem ser vendidos.

De acordo com o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Maria de Jetibá, Egnaldo Andreatta, Na terça-feira (1º), quando 90% dos caminhões que chegariam à Ceasa não conseguiram passar pelos bloqueios, o mercado de verduras foi atípico, com produtores, que geralmente comercializam toda a produção, voltando pra casa com metade da carga.

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É o que os produtores chamam de um dia de boia na Ceasa. Usamos esse termo quando os produtores não conseguem vender a carga e precisam retornar para casa com a produção. Isso acontece porque esses caminhões que vem de fora, geralmente aproveitam a viagem para levar parte da produção local. Como a maioria não conseguiu passar, foi um dia de menos compradores na Ceasa

Egnaldo Andreatta
Presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Maria de Jetibá
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Santa Maria de Jetibá é um dos maiores produtores de hortaliças do Estado, responsável por abastecer, segundo dados do município, até 40% de hortaliças e 70% das folhagens comercializadas na Ceasa.

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), o transtorno maior foi em relação aos prazos de entrega das mercadorias. Para a instituição, em relação à produção, seja na agricultura ou pecuária, não houve perda significativa.

Nos supermercados da Grande Vitória também foi detectado um leve desabastecimento em algumas unidades, segundo o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider.

“O transtorno foi, realmente, na linha de hortifrúti, frutas e verduras. O desabastecimento na Ceasa também impactou. Felizmente, hoje, com a liberação das rodovias, o mercado se normalizou. Se a manifestação se alongasse por mais um dia, aí sim, poderíamos ter prejuízos maiores”, aponta.

Prejuízo em transportadoras e empresas de ônibus

Outro setor que também sentiu o efeito das paralisações foi o de transportadoras de cargas e de passageiros. Segundo o superintendente da Federação de Transportes do Espírito Santo (Fetransportes), Edinaldo Ferraz, os impactos ainda não puderam ser dimensionados.

“Uma coisa é certa, as transportadoras tiveram, sim, prejuízos, em todos os segmentos. Com relação ao transporte de passageiros, por exemplo, o impedimento dos veículos chegarem a seus destinos nas datas agendadas trouxe não só o transtorno natural daí decorrente, como atraso no cumprimento de suas respectivas viagens”, afirma.

No comércio exterior também houve aumento de custos aos exportadores e importadores do Estado. Em nota, o Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex) informou que “qualquer paralisação que afete a entrada e a saída de produtos pelos modais de transporte gera impacto para o comércio exterior”.

A entidade destaca, ainda, que “respeita a manifestação e é a favor da liberdade de expressão desde que não interfira no direito de ir e vir do cidadão e da economia brasileira”.

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