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Vídeo mostra como professor fez testes com agulha compartilhada em alunos de escola no ES

Vídeo mostra como professor fez testes com agulha compartilhada em alunos de escola no ES

Caso ocorreu em um colégio estadual e foi realizado em 44 estudantes das turmas de 2ª e 3ª série do Ensino Médio; educador foi demitido e o caso está em investigação pela polícia e Sedu

Publicado em 18 de março de 2025 às 20:51

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O momento em que um dos 44 alunos de uma escola estadual de Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo, é testado para tipagem sanguínea com a mesma agulha compartilhada com outros colegas foi filmado. O caso chocou o Estado pelo perigo à saúde dos estudantes, que acabaram expostos ao risco de contaminação.

O procedimento foi realizado na sexta-feira (14) por um professor de Química durante a aula de Práticas Experimentais em Ciências. Ele teve o contrato encerrado e a Polícia Civil investiga a situação. O nome da instituição e do professor não serão mencionados em conformidade ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

De acordo com a Secretaria da Educação (Sedu), os alunos fazem parte das turmas de 2ª e 3ª série do Ensino Médio e têm idades entre 16 e 17 anos. O vídeo, obtido com exclusividade pelo repórter Enzo Teixeira, da TV Gazeta, mostra a mão do professor enluvada e segurando a agulha.

Na sequência, uma estudante segura a própria mão esperando pela perfuração. Quando a ferramenta pontiaguda fura o dedo, começa a sair o sangue, o que deixa os estudantes surpresos. Segundo os alunos que conversaram com a reportagem da TV Gazeta, o professor limpava o objeto com álcool antes de utilizá-lo novamente em outra pessoa.

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Vídeo mostra aluna sendo testada para tipo sanguíneo com a mesma agulha usada por colegas de sala em Laranja da Terra, Região Serrana do Espírito Santo.
Momento em que o professor utiliza a agulha para furar o dedo de uma aluna durante uma testagem sanguínea em aula de Química, em Laranja da Terra. (Arquivo pessoal)

Além da demissão e investigação policial, a corregedoria da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) disse que abriu procedimento para apurar o ocorrido. Todos os alunos fizeram teste rápido de diagnóstico de infecção, que deu negativo para todas as doenças testadas. A Sedu informou que os alunos estão bem e frequentando as aulas normalmente.

Pais preocupados

Pais de 44 alunos se sentem revoltados e preocupados com o caso. Em entrevista ao repórter Enzo Teixeira, da TV Gazeta, uma das mães contou como soube do caso.

Lâmina com o sangue retirado com a mesma agulha ante uma testagem sanguínea em aula de Química, em Laranja da Terra
Lâmina com o sangue retirado com a mesma agulha foi utilizada em outros alunos para um experimento em uma aula de Química. (Reprodução/TV Gazeta)

“A gente ficou sabendo através da minha menina, que ligou e falou que eles estavam indo para o hospital para fazer o exame porque o professor tinha furado eles com uma agulha, todos eles com a mesma agulha. Ele (o professor) levou (os alunos) para fazer uma aula de Química no laboratório, só que não passou para a diretora a aula que ia dar. E aconteceu isso aí, dele furar o dedo de todos com a mesma agulha, uma lanceta”, disse uma mãe de aluna.

Aspas de citação

O sentimento é de revolta. Na minha opinião, como mãe, eu achei um absurdo ele ter feito isso sem autorização do pai e da mãe

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Mãe de aluna
Aspas de citação

O pai de outra aluna disse que, apesar de a escola ter feito exames nos alunos, e estes indicarem que todos passam bem, ele fará um exame particular. "A gente se preocupa, porque a gente acompanha nossos filhos desde pequenos, com as vacinações certas, e a gente tem que se preocupar. Eu vou fazer um exame particular na minha filha para ter uma segurança maior".

Em nova nota publicada nesta terça-feira (18), a Prefeitura de Laranja da Terra, reafirmou que a Secretaria Municipal de Saúde está prestando todo apoio e acompanhamento aos alunos e seus familiares, garantindo assistência e amparo necessário. "Foi montada força-tarefa para atendimento dos adolescentes na sexta-feira e refeito testes na presente data", frisou.

O diretor-geral da Polícia Civil capixaba, José Darcy Arruda, explicou que a corporação está ouvindo testemunhas e irá intimar o professor em questão. "O que se apresenta é um crime de exposição a perigo. Então vamos apurar para ver se de fato se consuma", destacou.

Nota da Prefeitura de Laranja da Terra

Considerando a repercussão nacional do ocorrido na escola da Rede Estadual de Ensino, viemos reafirmar que a Secretaria municipal de Saúde está prestando todo apoio e acompanhamento aos alunos e seus familiares, garantindo assistência e amparo necessário. 

Foi montada força tarefa para atendimento dos adolescentes na sexta-feira e refeito testes na presente data. Vale ressaltar que cabe à Secretaria Estadual de Educação, juntamente com outros órgãos estaduais, esclarecer os detalhes sobre o ocorrido dentro da unidade escolar, uma vez que se trata de uma instituição da Rede Estadual de Ensino. 

 Estamos consternados com o ocorrido e acompanhando medidas que estão sendo devidamente tomadas pelos órgãos estaduais.

O outro lado

Nesta quinta-feira (20), em nota, a defesa do professor declarou que “a única preocupação dele é o bem-estar dos alunos e da comunidade escolar envolvida nesta situação”.

O advogado Enoc Joaquim da Silva disse que “nos últimos dias fora divulgada a informação de que o professor não teria sido localizado pela autoridade policial", o que segundo a defesa não procede, "vez que desde a última terça-feira a defesa do professor fez contato com a assessoria do Ministério Público e com a Autoridade Policial de Laranja da Terra, se colocando à disposição para qualquer esclarecimento necessário".

“Imperioso destacar que o professor sempre desenvolveu seu trabalho com zelo e ética, buscando sempre o melhor caminho para o aprimoramento educacional de seus alunos, sendo profissional da área há pelo menos 13 anos”, disse o advogado, na nota.

A defesa informou que o professor prestou depoimento na quarta-feira (19) à polícia em Laranja da Terra, apresentando o que chamou de “verdadeira narrativa dos fatos”. O advogado confirmou que a demissão do professor se deu de forma unilateral pela Secretaria de Estado de Educação (Sedu).

Segundo a defesa, não será detalhado o teor do que o professor demitido disse à polícia “a fim de não trazer prejuízo ao trabalho investigatório”.

“A aula prática com os alunos não se tratou de realização de exame para identificação do tipo sanguíneo dos alunos e sim de visualização de células em microscópio, tendo o professor se cercado de todos os cuidados necessários (de acordo com os materiais que tinha a sua disposição) para evitar qualquer tipo de prejuízo ou risco aos alunos", informou a defesa do professor.

Por fim a defesa disse que a participação dos alunos no experimento “se deu de forma voluntária, não havendo qualquer imposição ou constrangimento para a participação dos mesmos nas atividades desenvolvidas", que as "atividades se deram em Laboratório de Ciência existente na própria instituição educacional”, e que o professor está à disposição para “qualquer esclarecimento”.

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