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Quem era o terceirizado da EDP morto por bala perdida em Vila Velha

Quem era o terceirizado da EDP morto por bala perdida em Vila Velha

Vítima era diácono, pai de uma menina de 10 anos, querido na vizinhança e estava prestes a sair de férias; parente relata rotina de fé da vítima e indignação com a tragédia que atingiu a família

Bruno Nézio

Reporter / [email protected]

Publicado em 10 de julho de 2025 às 17:56

Luciano de Souza, de 41 anos, homem morto por bala perdida no bairro Zumbi dos Palmares, em Vila Velha, era diácono da igreja, supervisor dedicado em uma empresa terceirizada da EDP, pai de família e conhecido pela postura tranquila e solidária com os vizinhos.

Em entrevista gravada no dia da morte do trabalhador, hoje (10), familiar relata indignação e como ele era no dia a dia

Ele havia assumido recentemente uma função de supervisão e, na manhã desta quinta-feira (10), foi às ruas para treinar uma nova funcionária. Era um dia atípico na rotina dele. Durante o serviço, foi atingido por uma bala perdida em meio a um tiroteio ligado ao tráfico de drogas, segundo a Polícia Militar.

Em entrevista à reportagem de A Gazeta, um familiar da vítima, que preferiu não se identificar por segurança, descreveu a dor e o impacto da tragédia na rotina da família.

“Ele estava trabalhando, passando serviço para a menina que treinava. Aí acontece uma fatalidade dessas. A gente só recebeu a notícia de que ele tinha sido baleado, foi um desespero”, contou. Ele relatou que teve de buscar a mãe do familiar, que sofre de pressão alta, no trabalho, mas preferiu só revelar a notícia no hospital, para evitar que ela passasse mal. “Ela não teria suportado sozinha".

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Quem era o terceirizado da EDP morto por bala perdida em Vila Velha

Descrito como uma pessoa tranquila, Luciano era muito conhecido e querido no bairro Primeiro de Maio, onde morava com a família desde os anos 2000. “A gente nunca deu problema para ninguém. Não somos envolvidos com tráfico, nem com nada errado. Ele era trabalhador, pastor, ajudava todo mundo. Era aquele tipo de pessoa que todo mundo gostava. Tá cheio de gente na porta da mãe dele”, afirmou o familiar.

Apesar de não ser pastor oficialmente, Luciano era diácono e frequentador assíduo da igreja Assembleia de Deus Ágape, onde será velado. Ele havia se batizado há mais de cinco anos e estava fazendo curso para se tornar pastor. Ainda de acordo com o familiar, ele já pregava.

Além da esposa, Luciano deixa uma filha. “Ela era muito apegada ao pai. A mãe dela, não consegue nem falar. Fui eu que tive que ir liberar o corpo”, lamentou o parente. Além disso, outra pessoa próxima que também preferiu não se identificar, disse que a menina vai fazer 11 anos no próximo dia dos pais e eles já estavam com uma viagem programada.

Ele também expressou indignação com o fato de Luciano estar em campo, algo que não fazia parte da rotina usual. “Ele não era de ficar rodando em área. Só ia dar uma olhada e voltava. Não entendi até agora por que a empresa fez isso”.

Dor e revolta

Luciano de Souza, terceirizado da EDP morto por bala perdida em Vila Velha
Luciano de Souza, terceirizado da EDP morto por bala perdida em Vila Velha Crédito: Arquivos da família

A comoção se mistura à revolta diante do que classificam como uma tragédia evitável. “A gente espera justiça, tanto da polícia quanto de Deus. Porque ele morreu devido à imprudência dos outros. Uma pessoa que tinha planos, que queria viajar com a família, viver a vida. E agora acabou tudo.”

Enquanto a Polícia Civil investiga o caso, a família lida com a ausência repentina e tenta oferecer apoio à mãe de Luciano, debilitada, e aos demais parentes. “A gente vai seguir firme, ajudando. Mas nosso coração está em pedaços”, desabafa.

A EDP, concessionária responsável pela distribuição de energia no Espírito Santo, informou em nota que “lamenta profundamente o falecimento do colaborador de uma empresa terceirizada e se solidariza com a família e amigos”, além de acompanhar a apuração dos fatos. O caso está sob investigação da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha. Até o momento, ninguém foi preso.

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