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Pfizer: intervalo entre as doses será maior no Brasil. Entenda o motivo

Pfizer: intervalo entre as doses será maior no Brasil. Entenda o motivo

O  Ministério da Saúde decidiu recomendar o intervalo de 12 semanas (três meses) entre a 1ª e a 2ª doses da vacina da Pfizer. No entanto, intervalo indicado pelo laboratório é de 21 dias

Publicado em 4 de maio de 2021 às 13:05

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Vacina da Pfizer é a primeira a obter registro definitivo no Brasil
Vacina da Pfizer foi a primeira a obter registro definitivo no Brasil. (Pfizer Brasil)

O Ministério da Saúde decidiu recomendar o intervalo de 12 semanas (três meses) entre a 1ª e a 2ª doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19, que começou a ser distribuída no país nesta segunda-feira (3).

A medida consta de informe técnico da pasta com orientações a estados e municípios. O prazo segue modelo adotado no Reino Unido, primeira nação a utilizar a vacina da Pfizer em sua população.

Já em outros países - como Israel e Estados Unidos - o intervalo entre as doses é de 21 dias, a mesma indicada pelo laboratório que poduz o imunizante. 

JUSTIFICATIVA

Ao justificar a decisão pelo intervalo de três meses, a pasta disse que seguiu estudos feitos em outros países, como Israel, Estados Unidos e Reino Unido, que apontaram mais de 80% de efetividade após dose única.

Os resultados dos estudos são citados em documento do ministério, que cita ainda a decisão do Reino Unido por adotar o mesmo intervalo em sua campanha de vacinação. 

"O Reino Unido orientou, inclusive, que o intervalo entre a primeira e segunda dose seja de 12 semanas", afirma. "Devido à necessidade de ampliar a vacinação em todo o país, considerando o cenário de transmissão do vírus da Covid-19, o Ministério da Saúde, em consonância com as discussões realizadas no âmbito da Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis, optou por adotar o intervalo de 12 semanas para a vacina da Pfizer."

PRAZO DA FARMACÊUTICA 

O prazo que consta na bula da farmacêutica, disponível para consulta pública no site da Anvisa, é de 21 dias. O intervalo é o mesmo defendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em informe técnico, a pasta diz ainda que os dados epidemiológicos e de efetividade da vacina serão monitorados e que a recomendação "poderá ser revista caso necessário". "Em cenários de maior disponibilidade do imunobiológico, o intervalo recomendado em bula poderá ser utilizado", diz o documento.

Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Francieli Fontana, a pasta já avaliava a possibilidade de ampliar o intervalo de aplicação. "Se possibilitar uma ampliação de intervalo, ganhamos em relação ao quantitativo de vacinação a ser iniciada nas próximas remessas da vacina", disse em reunião com secretários de saúde na última semana.

ESPECIALISTA LAMENTA DECISÃO 

A doutora em epidemiologia Ethel Maciel lamentou a decisão tomada pelo Ministério da Saúde e destacou a importância em seguir a orientação do fabricante. “Eu vou sempre defender as evidências científicas. O que foi aprovado pela Anvisa foi baseado nos dados apresentados pelo fabricante (Pfizer), então eu acredito que o intervalo estipulado que tem que ser seguido", ressalta. 

Ethel explica ainda a necessidade de tomar a segunda dose do imunizante. “O Ministério da Saúde está se baseando na decisão pelo fato da vacina conter uma eficácia de 80% na primeira dose, mas vale lembrar que a segunda dose tem uma razão para ser aplicada. Ela é  a dose que vai fazer com que a pessoa mantenha uma memória imunológica desse vírus por mais tempo. É preciso entender que é isso que vai garantir a imunidade”.

Ainda de acordo com Ethel, a decisão do governo federal poder ter sido tomada levando em consideração que as vacinas não foram adquiridas em 2020. “A decisão não é científica. Por conta de um erro de não termos comprado a vacina no ano passado, hoje temos poucas doses".

A especialista esclareceu que a alteração do prazo para aplicação das duas doses deveria ser aprovada pela Anvisa, o que não ocorreu. "Essas novas evidências têm que ser enviadas à agência, que analisa tudo para ver se não há perda de eficácia. No entanto, a própria fabricante está dizendo que não tem elementos para essa tomada de decisão. A gente lamenta que o Ministério tenha feito uma decisão que está fora da aprovação realizada pela Anvisa”, finalizou.

VACINAS PARA CAPITAIS

O país tem um contrato para obter 100 milhões de doses de vacinas da Pfizer. As primeiras doses do contrato chegaram ao país na última quinta (29), e a distribuição aos estados e municípios começou nesta segunda (3), com 499,5 mil doses do total de 1 milhão recebidas até o momento.

Segundo o ministério, o tempo entre a chegada e a distribuição ocorreu "após pedido de estados e municípios, que solicitaram mais tempo para organizar o armazenamento do imunizante".

A pasta diz ainda que a decisão por fazer a distribuição em duas etapas ocorreu para facilitar o armazenamento do produto. As doses para a segunda aplicação devem ser enviadas nas próximas semanas, informa.

O volume inicial será destinado à vacinação de pessoas com comorbidades, gestantes e púerperas (mulheres até 45 dias após o parto) e pessoas com deficiência permanente. O montante equivale a 1,6% desse público, ou 454 mil pessoas. A distribuição será inicialmente restrita a capitais devido à logística de armazenamento da vacina, que tem regras específicas de temperatura.

De acordo com o ministério, as doses estão armazenadas a uma temperatura de -90°C a -60°C no centro de distribuição, em Guarulhos. Ao serem enviados aos estados, os imunizantes estarão expostos a temperatura de -20°C. Já nas salas de vacinação, onde a refrigeração é de 2°C a 8°C, as doses precisam ser aplicadas em até cinco dias.

Com informações da Agência Folha. 

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