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Para atrair, jornalismo tem de se conectar a novos comportamentos do público

Para atrair, jornalismo tem de se conectar a novos comportamentos do público

Conhecer os leitores e entender seus anseios e jornadas é a base para produção de conteúdo qualificado e antenado com o mercado consumidor, aponta professora e pesquisadora Elizabeth Saad

Publicado em 18 de outubro de 2022 às 19:01

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Eduarda Moro
Curso de Residência em Jornalismo / sem-email-cadastrado
Gedyson Viana*
Curso de Residência em Jornalismo / [email protected]

Num mundo com velocidades cada vez mais altas de acesso à internet, um outro tipo de conexão se mostra igualmente necessário: a ligação ágil com o público, suas preferências e comportamentos. Na consolidação desta nova realidade, as exigências do leitor e a transformação por que passa o mercado da comunicação são pontos de destaque.

É o que expôs a professora e pesquisadora Elizabeth Saad na palestra de abertura da  InovaWeek 2022, a semana de inovação promovida pela Rede Gazeta. O evento teve início na manhã desta terça-feira (18), no auditório da empresa, em Bento Ferreira, Vitória. 

Apresentações de profissionais especializados em inovação vão marcar a programação, que traz o tema "Tendências do Digital e as transformações na comunicação e no jornalismo", em encontros que serão promovidos até a próxima sexta-feira (21).

Elizabeth Saad no primeiro dia da InovaWeek que aconteceu na sede da Rede Gazeta, em Vitória. (Gedyson Viana)

Em sua apresentação, Elizabeth, que é professora titular da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e coordenadora do grupo de pesquisa COM+, citou os avanços da tecnologia e as mudanças na área da comunicação. Ela avalia que jornalismo precisou evoluir e entender que a informação é produzida em ecossistema, e não de forma restrita em si mesma.

Neste novo contexto, complementa, a informação e o conteúdo se sobrepõem à marca:, pois o leitor vai aonde está a informação. Isto é, quem dita o clique a preferência são a qualidade do material, a conexão que este proporciona e a aderência às plataformas. "O trabalho coletivo é na produção mais intelectual e, dependendo dos momentos que vão surgindo nas nossas relações, apresenta o que é possível fazer em uma aplicação junto ao mercado", defendeu.

Além de fornecer conteúdo qualificado, é necessário pensar de que forma quem produz conteúdo se relaciona e se conecta com o cenário ao redor.  Nesse sentido, pontua a especialista, conversar com o público e conhecer seu modo de interagir nas redes sociais é um diferencial. "O ganho que se tem em estar mais próximo da audiência é o que vai fazer a diferença, porque não é todo mundo que faz isso, e não é só no campo jornalístico", assinalou. 

Aspas de citação

Essa mudança de cultura vem se espalhando não só aqui no país, mas também mundo afora. Até por conta das variáveis que estão ocorrendo na nossa sociedade e que acabam afetando diretamente o trabalho jornalístico e o de comunicação, porque ele tem como objetivo central relatar os acontecimentos e, portanto, relatá-los da melhor forma possível.

Elizabeth Saad
Professora titular da ECA-USP e coordenadora do grupo de Pesquisa COM+
Aspas de citação
A InovaWeek começou nesta terça (18) e vai até sexta (21) desta semana
A InovaWeek começou nesta terça (18) e vai até sexta-feira (21) . (Gedyson Viana)

Na sua explanação, a professora salientou a importância do contato das universidades com as empresas de comunicação que estão em busca de novos negócios e modelos de jornalismo. Para ela, a mudança deve partir dos profissionais, que precisam ficar atentos para não caírem em armadilhas do modismo.

Expondo alguns conceitos teóricos, como indústria 4.0 e sociedades 4.0 e 5.0, Elizabeth enxerga que a transformação digital vem da mudança na cultura, nas pessoas e nas estratégias mercadológicas da comunicação para que o jornalismo continue relevante e atento às tendências.

Entre os pontos mais relevantes na área da comunicação atualmente, ela aponta a centralidade no cliente, a proteção de dados, a diversidade e o papel dos creators e influencers. A acadêmica pondera, no entanto, que um conteúdo produzido por um jornalismo legitimo não precisa de um influenciador. 

O diretor de jornalismo da Rede Gazeta, Abdo Chequer e a professora Elizabeth Saad no primeiro dia de programação da InovaWeek
O diretor de Jornalismo da Rede Gazeta, Abdo Chequer, e a professora Elizabeth Saad no primeiro dia de programação da InovaWeek. (Gedyson Viana)

Para o diretor de Jornalismo da Rede Gazeta, Abdo Chequer, o bom jornalismo não precisa da figura do influenciador, porque ele próprio é o realizador. "Nosso objetivo não é buscar cliques. O jornalismo tem de ser, em primeiro lugar, verdadeiro. Em segundo lugar, importante. Em terceiro, se ele passar por essas premissas, modificador da sociedade", complementou. 

A professora destacou que a principal tendência hoje é o journalism as-a-service, forma de pensar na imprensa como serviço. Na avaliação dela, o desafio é fazer conteúdos para além da notícia em si, experimentando as possibilidades e sendo adeptos as mudanças.

“Sei que é um desafio pensar no jornalismo como serviço, porque a formação profissional do jornalista não oferece essa visão do serviço ampliado, pelo contrário. Mas estamos em tempo de mudança, de adequação e de possibilidades", afirmou.

OLHAR NO FUTURO

Marcello Moraes, diretor-geral da Rede Gazeta, disse que sempre acreditou no potencial da empresa de alcançar novos territórios de atuação no mercado capixaba. "Três anos atrás, a gente conversava sobre a vontade de trabalhar na área de novos negócios, de forma estruturada, com metodologia e governança, para poder, de fato, fazer um trabalho de trazer resultados olhando para o futuro, olhando para os novos negócios e novos modelos. Não imaginávamos chegar neste momento e estamos mais adiantados do que imaginávamos."

O primeiro dia do evento foi voltado para o público interno e abriu o 3º Pitch Day dos territórios explorados pelo projeto Reinventa durante o ano. Nesta quarta (19), além dos funcionários, a Rede Gazeta vai receber nomes expoentes da inovação do Espírito Santo.

Às 14 horas, acontece a palestra “Por dentro do Mediatech Lab da Globo – Acelerando o Futuro”, com  os diretores da Globo PH Castro e Patrícia Rego. Na sequência, às 16 horas, o Base27 traz o painel “Inovação Aberta”.

Fechando a InovaWeek, na sexta-feira (21), às 16 horas, tem o painel “Newsletter e Criação de Conteúdo no e-mail”. 

O encontro é aberto ao público. E você ainda pode fazer sua inscrição clicando aqui.

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