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ONG denuncia recolhimento de pertences de moradores de rua em Vitória

ONG denuncia recolhimento de pertences de moradores de rua em Vitória

Registro foi feito na noite da última sexta-feira (16). Prefeitura diz que local é ponto de descarte de fios de cobre roubados e que foram recolhidos objetos que caracterizam ocupação irregular, como sofá, fogão e madeiras

Publicado em 18 de julho de 2021 às 14:34

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Os fios que passam sob a Ponte da Passagem foram alvo mais uma vez dos criminosos
Ação aconteceu na Ponte da Passagem, em Jardim da Penha. (Setran/PMV)

Voluntários do projeto Kombi Fraterna, que leva comida, produtos de higiene pessoal, roupas entre outros itens para moradores de rua, flagraram uma ação da Prefeitura de Vitória em que foram recolhidos objetos utilizados pelas pessoas que vivem debaixo da Ponte da Passagem, em Jardim da Penha. O caso aconteceu na noite da última sexta-feira (16). A administração municipal nega, e diz que recolhe apenas itens que caracterizam uma ocupação irregular. 

Os voluntários estavam de um lado da Ponte da Passagem quando avistaram o caminhão da prefeitura, que estava acompanhado de viaturas da Guarda Municipal. Um vídeo gravado por um deles mostra o veículo parado e itens sendo colocados dentro dele. 

“Essa medida do município ocorre em pleno frio, deixando as pessoas sem agasalho, roupas e cobertas. As pessoas que moram nas ruas já passam por momentos difíceis e o recolhimento das coisas delas gera ainda mais sofrimento. Ficamos chocados com a cena, nos machucou muito”, relata um dos coordenadores da Kombi Fraterna, Fabiano Fiuza.

Ele conta que os voluntários passam a conhecer as histórias dos cidadãos ao levar afeto e alimento. “Eles já são rejeitados todos os dias. Na segunda ponte, a prefeitura colocou pedras para que os moradores de rua não vivessem mais lá, levando-os para as praças dos bairros. A ação foi uma tentativa da gestão pública de expulsá-los do local recolhendo todos os pertences deles”, comenta.

O QUE DIZ A PREFEITURA

Procurada por A Gazeta, a Prefeitura de Vitória disse que não recolhe objetos de uso pessoal. Segundo o secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação, Marcelo de Oliveira, pertences como colchões, cobertores, roupas e demais itens não são levados. 

"Não existe ação de remoção de pertences pessoais de moradores de rua ou de utensílios mínimos necessários para poder ter a sobrevivência na situação em que se encontram. Os moradores de rua têm suas necessidades básicas e elas são respeitadas. Antes de qualquer atividade nos pontos de ação, existe toda uma abordagem das equipes sociais para identificar, orientar as pessoas para tirarem seus documentos, encaminhar para o abrigo 24 horas da prefeitura, onde podem comer, tomar banho e dormir", afirmou. 

O secretário explicou que o serviço realizado é de rotina e são removidos apenas itens que caracterizam uma ocupação irregular. "Certos locais são ocupados de forma indevida, com equipamentos e utensílios que não podem ficar no meio da rua, como sofá, fogão, madeiras para fazer barracas. Essas questões são proibidas pela legislação, pois trata-se de uma ocupação de espaço público. Nesses locais são feitas as remoções", explicou.

No caso específico da Ponte da Passagem, o secretário afirmou que o local é conhecido como um ponto de descarte de fios de cobre, por isso teve o acompanhamento de uma viatura da Guarda Municipal. Disse ainda que foram recolhidos itens utilizados para manusear o material, como um fogão usado para queimar o cobre. 

"No caso específico da Ponte da Passagem, foi feita uma abordagem à noite, inclusive com o apoio da Guarda Municipal, porque aquele é um local de descarte de cobre. Eles utilizam o local para fazer o corte do plástico e queimar o cabo de cobre. Foram recolhidos também sofás e outros utensílios que caracterizam uma ocupação irregular do espaço público, inclusive um fogão, que era utilizado para fazer a queima do cobre. De forma nenhuma a abordagem da Prefeitura leva bens pessoais como roupas, colchão, cobertor. Não existe isso", concluiu.

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