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‘Não há imparcialidade se júri for em Linhares’, diz advogado de Georgeval

‘Não há imparcialidade se júri for em Linhares’, diz advogado de Georgeval

Líder da defesa do pastor, Pedro Ramos aponta ligação de possíveis jurados com as testemunhas de acusação para justificar pedido para que julgamento mude de cidade

Publicado em 3 de abril de 2023 às 16:51

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O advogado Pedro Ramos, que lidera a defesa do pastor Georgeval Alves, disse que não haverá imparcialidade se o julgamento do acusado de matar os irmãos Kauã e Joaquim for mantido em Linhares. De acordo com ele, a decisão de abandonar o júri popular, que teria início nesta segunda-feira (3), foi tomada em função das ameaças de morte sofridas pela equipe e também pela ligação de alguns dos possíveis jurados com as testemunhas de acusação.

“Temos informação de jurados que têm amizade com testemunhas de acusação e de outros que se manifestaram na época dos fatos nas redes sociais, seja por meio de curtidas e/ou comentários. Isso macula o júri popular porque a ideia que se espera do jurado, na função do juiz, é que ele seja imparcial”, afirma Pedro Ramos.

O advogado destaca que essas informações, sobre a suposta parcialidade do conselho de sentença que seria sorteado para atuar no Tribunal do Júri, foram juntadas ao processo, como forma de reforçar a necessidade de desaforamento do caso, ou seja, transferir o julgamento para outro local.

‘Não há imparcialidade se júri for em Linhares’, diz advogado de Georgeval
Advogado Pedro Ramos defende o pastor Georgeval Alves Gonçalves
Advogado Pedro Ramos defende o pastor Georgeval Alves Gonçalves. (TV Gazeta)

“A defesa só quer realizar o seu trabalho, mas que seja perante um júri imparcial, que conheça os fatos no momento em que for trazido aos processos e que não tenha se manifestado anteriormente sobre o que aconteceu. Não haverá imparcialidade se o processo for julgado aqui, na Comarca de Linhares”, aponta Pedro Ramos.

Na sexta-feira (31), a defesa de Georgeval havia entrado, no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), com um pedido de desaforamento, para que o júri mudasse de cidade. O argumento foi de que há risco à segurança do acusado e de seus advogados, que teriam sofrido ameaças de morte, além do fato de que a imparcialidade dos jurados poderia estar comprometida.

O juiz da 1ª Vara Criminal de Linhares, Tiago Fávaro Camata, porém, negou o pedido e manteve o julgamento para Linhares. Em função da decisão da defesa de abandonar o júri, antes mesmo do início, nesta segunda-feira (3), Camata definiu que cada um dos quatro advogados que compõem a defesa do pastor deve pagar multa de 50 salários mínimos. Ao todo, a multa soma mais de R$ 260 mil.

O juiz entendeu que a atitude do time de defesa do pastor foi uma "medida procrastinatória", ou seja, feita de propósito para atrasar o julgamento do acusado. Os advogados, porém, vão recorrer contra a multa aplicada.

“Em relação à previsão legal, o artigo 265 do Código Penal prevê o abandono de causa nessa ocasião. Mas a multa só é prevista quando não há essa comunicação prévia ao juízo. A defesa esteve no gabinete do magistrado na última terça (28), como informado na petição. E esteve na sexta-feira (31), peticionando nos autos, quando trouxe os fatos que, alusórios à defesa, comprometem o risco da ordem pública e a proteção dos advogados e do próprio pastor Georgeval”, destaca Pedro Ramos.

O advogado disse que as ameaças recebidas pela defesa foram registradas em boletim de ocorrência e informadas ao Tribunal de Justiça. Como o pedido de desaforamento foi recusado, Pedro Ramos optou por recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Por recomendação da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), ele compareceu ao plenário, nesta segunda-feira (3), usando um colete balístico.

“Não vamos dar detalhes sobre as ameaças, para proteger a banca de advogados. Elas começaram pelas redes sociais e, depois, ultrapassaram para números pessoais e até mesmo presencialmente”, relata o advogado.

Pedro Ramos também acrescentou que não houve pedido, por parte da defesa, para que Georgeval Alves aguarde o julgamento em liberdade.

“O intento da defesa é que ele seja julgado, mas que seja de acordo com as balizas da lei. Que exista um júri imparcial, com a garantia da ordem pública resguardada. Enquanto advogados, estamos aqui por acreditarmos fielmente na inocência dele. Estamos aqui para que o outro lado da história seja contado”, destaca.

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