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Micobactéria: clínica de Vila Velha que registrou casos após plásticas é interditada

Micobactéria: clínica de Vila Velha que registrou casos após plásticas é interditada

Clínica de cirurgia plástica foi interditada pela Vigilância Sanitária Estadual após registrar 12 casos de micobactéria. Unidade foi a mesma que protagonizou casos de infecção em 2008

Publicado em 2 de setembro de 2022 às 21:07

A Vigilância Sanitária Estadual interditou nesta sexta-feira (02) a Kliniké Cirurgias e Especialidades, localizada no centro de Vila Velha, após uma análise confirmar a presença de micobactéria de crescimento rápido (MCR) no estabelecimento. 

A clínica é a mesma que protagonizou, em 2008, casos de infecção provocada por micobactéria. Na época, era identificada como Clínica Kuster, de propriedade do cirurgião plástico Elias Kuster, mesmo dono da Kliniké. A Kuster também funcionava na rua Dr. Freitas Lima, no mesmo endereço onde a Kliniké atende. Veja no final da matéria, na íntegra, a nota divulgada pela defesa da clínica.

Conforme A Gazeta noticiou com exclusividade na última terça-feira (30), no estabelecimento foram registrados 12 casos de MCR após procedimentos cirúrgicos realizados entre março e abril deste ano.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a suspensão das atividades nesta sexta-feira é referente a um procedimento cirúrgico realizado em junho deste ano que também resultou em contaminação de MCR. O nome da clínica não foi informado pela Sesa, mas foi confirmado em apuração de A Gazeta.

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Procedimentos realizados na clínica envolvem próteses de silicone Crédito: Divulgação
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Micobactéria: clínica de Vila Velha que registrou casos após plásticas é interditada

"A Secretaria da Saúde informa que novo resultado de análise realizada em amostras coletadas em clínica de estética privada - referentes a procedimento cirúrgico realizado no mês de junho, apresentou, nesta sexta-feira (2), resultado positivo para a presença de Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR). Diante dos fatos, a Vigilância Sanitária Estadual realizou nesta tarde a suspensão preventiva de todos os procedimentos cirúrgicos da referida clínica", destaca a Sesa, por nota.

A Vigilância Sanitária ressalta que já inspecionou e aplicou notificações no local "a fim de garantir boas práticas de prevenção e controle de infecção dentro dos protocolos definidos pelo Sistema Nacional", ressalta o documento.

A Sesa informou ainda que foram aplicados autos de infração, realizadas interdições parciais e estabelecidas medidas para o controle do evento infeccioso, como revisão dos processos de trabalho, o que inclui materiais cirúrgicos e fluxos de pacientes.

"Até o momento, a situação foi considerada controlada, no entanto, diante da identificação de mais um caso positivo no mês de junho, o protocolo de suspensão preventiva foi aplicado para prevenir a ocorrência de novos casos até que haja a garantia do restabelecimento da segurança dos procedimentos para os pacientes", finaliza a Sesa.

Confira a nota da Sesa na íntegra

A Secretaria da Saúde informa que novo resultado de análise realizada em amostras coletadas em clínica de estética privada - referentes a procedimento cirúrgico realizado no mês de junho, apresentou, nesta sexta-feira (02), resultado positivo para a presença de Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR). 

Diante dos fatos, a Vigilância Sanitária Estadual realizou nesta tarde a suspensão preventiva de todos os procedimentos cirúrgicos da referida clínica localizada na Grande Vitória. 

 É importante ressaltar que a Vigilância Sanitária já vinha inspecionando o local e realizando notificações a fim de garantir boas práticas de prevenção e controle de infecção dentro dos protocolos definidos pelo Sistema Nacional. 

No estabelecimento foram aplicados autos de infração, realizadas interdições parciais e estabelecidas medidas para o controle do evento infeccioso, como revisão dos processos de trabalho (incluindo materiais cirúrgicos) e fluxos de pacientes. 

Até o momento, a situação foi considerada controlada, no entanto, diante da identificação de mais um caso positivo no mês de junho, o protocolo de suspensão preventiva foi aplicado para prevenir a ocorrência de novos casos até que haja a garantia do restabelecimento da segurança dos procedimentos para os pacientes.

Confira a nota divulgada pela clínica

A Millenium Centro de Medicina e Cirurgia LTDA (razão social da Kliniké) vem, através da presente nota, prestar esclarecimentos aos pacientes, à imprensa, aos órgãos competentes e ao corpo clinico da clinica, de modo a mostrar as medidas em curso sobre o assunto.

 Desde o primeiro caso, a clínica vem prestando acompanhamento integral no tratamento clínico dos pacientes com caso de MCR confirmados, dando todo suporte necessário, em cumprimento total da lei. Informamos que a clínica não se encontra interditada, e que houve apenas a suspensão temporária de alguns serviços, ressaltando que a Vigilância Sanitária condicionou o funcionamento do centro cirúrgico da clínica com as devidas adequações de espaço físico, o que já está sendo resolvido. 

 Ademais, houve a associação direta de que todos os casos confirmados de MCR seriam de pacientes do cirurgião plástico Dr. Elias Kuster, e que seriam casos apenas da Millenium, o que não procede, visto que existem casos confirmados em outras instituições 

É preciso esclarecer que em todo procedimento cirúrgico há riscos, inclusive de contaminação por microbactérias e outros microrganismos de várias ordens, ainda que se tomem todos os cuidados possíveis para evitar tal situação. 

 Por fim, a clínica informa que tem se empenhado para a resolução de todos os casos, buscando inclusive auditoria externa para aumentar o nível de qualidade e segurança nos serviços prestados e em sua estrutura física. 

 Vila Velha/ES, 03 de setembro de 2022. 

 MILLENIUM CENTRO DE MEDICINA E CIRURGIA LTDA 

 (Assinado através de sua assessoria jurídica)

12 CASOS CONFIRMADOS ENTRE MARÇO E ABRIL

Na última terça-feira (30), A Gazeta informou que 12 casos de micobactéria foram registrados após procedimentos cirúrgicos realizados entre março e abril deste ano na Kliniké Cirurgias e Especialidades, em Vila Velha.

Do total de ocorrências, 11 foram registradas em pacientes que realizaram procedimentos na mama (com e sem prótese) e um em uma pessoa que fez abdominoplastia. Ainda há mais três casos sob investigação.

Os números foram confirmados pela Sesa e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a agência, as infecções registradas de março a abril estão em fase de contenção, após estabelecidas medidas de controle pela Comissão de Controle de Infecção (CCIH) da clínica e também pela Coordenação Estadual de Controle de Infecção em Serviços de Saúde (Ceciss).

O órgão federal informou que foram realizadas ações sanitárias na primeira semana de maio, dentre as quais: envio de ofício para a instituição, solicitando plano de ação e recomendando medidas de segurança e intensificação da vigilância epidemiológica; e inspeção sanitária na instituição (CCIH, centro cirúrgico e CME), apurando fragilidades na segurança do processo cirúrgico.

Desde 2019, foram confirmados 42 casos de MCR no Espírito Santo. Apesar do número contabilizado em uma mesma clínica neste ano, a Sesa ressalta que não há um surto de micobactéria no Estado.

"A atuação das instituições também é acompanhada para que as adequações estabelecidas sejam adotadas. É importante ressaltar que, eventualmente, a micobactéria é identificada em infecções cirúrgicas, não só no Estado como em todo o país", informou a pasta, em nota enviada anteriormente.

ENTENDA O QUE SÃO AS MICOBACTÉRIAS

De acordo com o guia de recomendações para o diagnóstico e tratamento das doenças causadas por micobactérias não tuberculosas no Brasil, elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a micobactéria é um gênero existente da bactéria, que pode ser encontrada na água, terra, alimentos e animais e contaminar o ser humano.

Elas podem ser classificadas como micobactérias de crescimento rápido (MCR), que formam colônias em meio sólido em até sete dias; ou micobactérias de crescimento lento (MCL), que demoram mais de sete dias para formar colônias em meio sólido.

Também são divididas em subgrupos, sendo eles as micobactérias tuberculosas - que podem causar doenças como a tuberculose e a hanseníase- e a micobactéria não-tuberculosa, que pode causar diversas infecções, como pulmonares ou até mesmo danos e sequelas aparentes no corpo.

Ao infectar o ser humano, as micobactérias são altamente resistentes e podem ser letais. Apesar disso, o guia do Ministério da Saúde salienta ainda que as doenças causadas por micobactérias não são de notificação obrigatória na maioria dos países, inclusive no Brasil, exceto quando ocorrem após procedimentos invasivos, como cirurgias plásticas.

Atualização
03/09/2022 - 13:26hrs
Na manhã desta sábado (3), a defesa da clínica entrou em contato com a reportagem de A Gazeta e enviou nota de esclarecimento. A matéria foi atualizada com o posicionamento. 

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