> >
Homem é socorrido em lençol após Samu não conseguir subir escadaria no ES

Homem é socorrido em lençol após Samu não conseguir subir escadaria no ES

Moradores do Forte São João relatam dificuldade de acesso ao bairro em área onde uma rua foi prometida há anos pela administração municipal

Vitória

Publicado em 24 de maio de 2024 às 16:45

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
João Barbosa
Repórter / [email protected]

Um homem de 49 anos precisou ser resgatado em um lençol na escadaria Alice Maciel, no bairro Forte São João, em Vitória, por conta da dificuldade de acesso das equipes médicas à região. Segundo moradores, uma nova via de acesso ao bairro é prometida há anos, mas nunca saiu do papel e as situações de dificuldade de transitar pelo local são constantes.

No último dia 13, Jefferson Silva, de 49 anos, precisou ser socorrido após ter complicações de saúde. O homem, que tem esquizofrenia, foi carregado em um lençol por familiares e socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em dois lances de escadaria que, somados, chegam a mais de 120 degraus.

Joice Silva, sobrinha de Jefferson, relata que há pelo menos 50 anos os moradores do bairro clamam pela construção do novo acesso, para evitar que situações como a vivida pelo tio dela aconteçam.

“Tenho 26 anos e, desde que me entendo por gente, escuto sobre a promessa dessa tal rua, que vem desde antes de eu nascer, mas nunca foi apresentado nenhum projeto. Essa rua seria feita em uma junção com obras do Romão, dando passagem para carro, ônibus e moto, mas nada foi feito”, reclama Joice.

Joice Silva, moradora do Forte São João, reclama da dificuldade de acesso ao bairro
Joice Silva, moradora do Forte São João, reclama da dificuldade de acesso ao bairro. (Carlos Alberto Silva)

Segundo a moradora, há também a promessa de uma praça no bairro, que nunca saiu do papel.

“Devido à falta de acesso, se alguém passa mal, temos que descer com a pessoa nos braços ou então em lençóis, como aconteceu com o meu tio. Além disso, há dificuldade para acesso de móveis, eletrodomésticos e materiais de construção que as pessoas do bairro compram. Dessa vez, eu tive a sorte de conseguir ajuda para o meu tio. Mas já descemos aqui com o corpo de outro familiar meu, que faleceu devido à dificuldade do Samu em conseguir um acesso rápido”, lamenta.

De acordo com Joice, atualmente é realizada uma obra de contenção de encostas na região onde a rua é prometida. No entanto, a moradora conta que, segundo os operários, não há em mãos nenhum projeto sobre a construção de um novo acesso ao bairro.

Promessa de meio século

Maria da Penha Santos, de 72 anos, mora há 48 anos no Forte São João e, da mesma forma Joice, afirma que a promessa da rua perto da escadaria é antiga.

“Aqui há uma dificuldade muito grande quando precisamos subir com alguma compra e quando adoece alguém. É uma dificuldade antiga e absurda, uma promessa que dura muitos e muitos anos”, diz a moradora.

O que diz a Prefeitura

Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Secretaria de Obras (Semob) da Prefeitura de Vitória afirma que há, de fato, a intenção de construção de uma nova via de acesso ao bairro. Entretanto, o Executivo municipal ainda não tem nenhum projeto para a obra.

“Em outras visitas da administração municipal ao bairro, essa promessa da via era feita, mas tudo demandava desapropriação de imóveis e um custo muito alto de operação, inviabilizando a continuidade dos projetos”, explica Gustavo Perin, secretário de Obras da Capital.

“Hoje, o que podemos dizer é que a via está, sim, na meta da prefeitura. Mas estudamos alternativas diferentes para a construção. Uma delas é construir, na subida da Curva do Saldanha, sentido Centro, uma alça de acesso até a parte alta do bairro. Mas isso depende de viabilidade por conta da inclinação. Não adianta fazermos algo inclinado demais, em que as pessoas não consigam subir”, detalha.

Segundo Gustavo, uma equipe de projeção da prefeitura já estuda o que e como pode ser feito na região, mas, no momento, a pasta prioriza áreas onde é necessária a contenção de encostas no bairro.

Samu poderia carregar o paciente em lençol?

A reportagem também procurou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para verificar se Jefferson Silva poderia, de fato, ser carregado com o auxílio de lençóis pela escadaria íngreme. Segundo a coordenação do órgão, essa é uma prática rara, mas que não coloca a integridade do paciente em risco.

"Na maioria dos atendimentos, são usados macas e equipamentos de socorro, como cadeiras portáteis. Raramente, os socorristas recorrem a esse procedimento. Ele é definido pela equipe, a depender do caso e da necessidade de celeridade do atendimento, em edificações sem elevador e em morros, por exemplo. Independentemente da modalidade do transporte, o Samu 192 está preparado e segue as recomendações técnicas para garantir a segurança dos pacientes", divulgou o Samu, em nota.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais