Publicado em 7 de agosto de 2020 às 17:49
Após circularem nas redes sociais publicações condenando o uso do adoçante sucralose, bastante consumido em restaurantes e mesmo em casa, a reportagem de A Gazeta buscou conversar com especialistas para entender quais os riscos que a substância apresenta à saúde. >
Nos posts, faz-se referência, em especial, à presença de cloro na composição, o que poderia aumentar as chances de desenvolvimento de hipotireoidismo em quem faz uso do adoçante, com consequente aumento de peso, indisposição, queda de cabelo, dentre outros efeitos. >
De acordo com a nutricionista clínica Thamires Favato, a afirmação sobre a alteração na tireoide é correta, fazendo com que o adoçante possa causar hipotireoidismo por diminuir a absorção do iodo. >
"A sucralose aquecida a uma temperatura acima de 90 °C ou usada em bebidas quentes, como chá e café, dá origem a uma reação química que libera outras substâncias. No meio dessas substâncias, algumas pesquisas encontraram os chamados HPAS, hidrocarbonetos que são cancerígenos, além do ácido clorídrico que pode levar a morte se ingerido em grandes quantidades", afirmou.>
>
Já o farmacêutico bioquímico Rodrigo Alves do Carmo aponta um artigo publicado em 2015 por pesquisadores da Unicamp. >
"O estudo alertou para os potenciais riscos do uso de sucralose em alimentos quentes, pois, quando aquecido, torna-se quimicamente instável, liberando hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), que são potencialmente tóxicos ao organismo humano (cancerígenos) e também cumulativos. Os HPAs estão presentes, por exemplo, na fumaça gerada pela queima de combustíveis fósseis", comentou.>
Rodrigo Alves do Carmo
Farmacêutico bioquímicoAinda segundo ele, o departamento de nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda que, caso seja indicado o uso de adoçantes artificiais, eles devem ser consumidos com moderação e conforme indicado, respeitando um rodízio dos tipos de adoçantes existentes no mercado para não ocorrer grande exposição a uma só substância.>
A respeito especificamente do cloro, Do Carmo explica que a sucralose é produzida quimicamente a partir da sacarose, ou seja, do açúcar comum, e que nesta produção em laboratório ocorre a substituição de hidrogênio-oxigênio por átomos de cloro. "Então sim, a sucralose possui cloro na composição, mas o simples fato de ter cloro não é um problema, porque o cloro está presente, por exemplo, no sal de cozinha (cloreto de sódio) e em muitos alimentos, sendo que a própria água que a gente bebe tem adição de cloro", afirmou.>
De acordo com o farmacêutico, há estudos em animais demonstrando que a utilização de sucralose, assim como de outros adoçantes como a sacarina, podem levar a alterações da microbiota intestinal. "Essas alterações da microbiota podem contribuir para o desenvolvimento de desequilíbrios metabólicos que levam a obesidade diabetes tipo 2 e doença cardiovascular. Então são necessários mais estudos para elucidar se as alterações observadas na microbiota intestinal em animais estão presentes em humanos também", frisou.>
Segundo Favato, a sucralose também altera a absorção do açúcar e o funcionamento da insulina, podendo levar evoluir para diabetes. "Além disso, a sucralose está ligada a problemas digestivos, estomacais e altera a nossa flora intestinal, aumentando os gases e os desconfortos intestinais. Além do uso em bebidas quentes, sugiro prestar atenção no uso de sucralose na cozinha, nas receitas de doces e bolos, pois estas sempre passam de 90 °C", orientou. >
Para substituir o uso, a especialista recomendou a Stévia, o Xilitol ou Eritritol para adoçar sucos, chás ou café, que são adoçantes naturais que não causam malefícios quando orientados por um profissional.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta