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Em um ano, mais de 10 mil moradores do ES registraram armas de fogo

Em um ano, mais de 10 mil moradores do ES registraram armas de fogo

Para especialista que fez parte da pesquisa, o aumento no registro de armas pode ter relação com o incentivo promovido pelo Governo Federal ao flexibilizar regras de controle

Publicado em 20 de outubro de 2020 às 06:01

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Adolescente foi treinada no uso de armas
Apenas no Espírito Santo, houve 10.471 registros de arma de fogo realizados por cidadãos comuns em 2019. (Byron Sullivan/ Pexels)

Mais de 10 mil moradores do Espírito Santo registraram armas de fogo apenas em 2019. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (19)  pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020. Para especialista que fez parte da pesquisa, o número pode ter relação com o incentivo promovido pelo governo federal ao flexibilizar regras de controle e promover a ideia de segurança individual por meio do armamento civil. 

Segundo o anuário, houve 10.471 registros de arma de fogo realizados por cidadãos comuns no Estado em 2019. Além destes, 3.791 foram registrados por órgãos públicos, 3.484 por empresas de segurança privada, 1.795 por empresas comerciais, 1.702 por servidores públicos e 24 por empresas com segurança orgânica. 

O total de registros ativos no Espírito Santo foi de 21.268. Esse número é 51,4% maior que em 2017, quando foram registradas 14.044 armas no Estado. 

DADOS NACIONAIS

 O anuário mostra que no Brasil os registros de arma de fogo para caçadores, atiradores e colecionadores (CAC), por exemplo, passaram de 225.276 (de janeiro a agosto de 2019) para 496.172 (de janeiro a agosto de 2020), um aumento de 120,3%.

Na categoria CAC, constam os atiradores desportivos registraram 356.054 armas até agosto de 2020 em todo país. Em 2019, esse número foi de 171.979 no mesmo período. Ou seja, um aumento de 107%. 

Entre os colecionadores, foram 90.401 registros até agosto de 2020, enquanto no mesmo período de 2019 foram 23.219 (289,3% de aumento). 

Já entre os caçadores, foram 49.717 registros até agosto de 2020 e 30.078 em 2019 (65,3% de aumento).

"RECEITA DO DESASTRE"

Para Ivan Marques, que é advogado, presidente da Organização Internacional Control Arms e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados mostram um aumento significativo de novas armas em circulação em todo país. 

Em nota publicada pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, Marques afirma que esse acréscimo no registro de armas é uma consequência do incentivo promovido pelo governo federal ao flexibilizar regras de controle e promover a pretensa segurança individual por meio do armamento civil.

"2019 foi o ano em que marcadamente houve incentivos e facilitações oficiais para a obtenção de armas de fogo por civis, culminando no aumento do arsenal brasileiro em todo território nacional. Ainda que seja uma opção política aumentar o estoque de armas legais em poder do cidadão, é responsabilidade do estado garantir que armas ilegais sejam retiradas de circulação. Entretanto, os números mostram que estamos assistindo ao desinteresse das polícias estaduais em fazer este trabalho ao mesmo tempo em que as bases nacionais de informação se tornam cada vez mais obsoletas. É a receita para o desastre", afirmou.

APREENSÕES DIMINUEM 

Enquanto o registro de armas de fogo aumentam no Brasil, o número de apreensões de armas irregulares diminuíram. No primeiro semestre de 2019, foram 53.913 apreensões. Já em 2020, foram 52.703. 

No Espírito Santo, embora o primeiro semestre de 2020 (1.726) mostre um aumento de apreensões se compararmos com o mesmo período de 2019 (1.519), é possível notar que houve um declínio apreensões de armas irregulares nos últimos anos. Veja os números:

  • 2013 - 4.266
  • 2014 - 4.301
  • 2015 - 4.026
  • 2016 - 4.842
  • 2017 - 3.113
  • 2018 - 3.005
  • 2019 - 3.338

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