Publicado em 12 de maio de 2020 às 11:11
O medo de contrair a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, provocou um aumento de até 287,17% no Espírito Santo nas vendas de remédios que foram associados a sua prevenção, mesmo sem comprovação científica. Medicamentos, como a hidroxicloroquina, chegaram a acabar nas farmácias depois que o presidente americano, Donald Trump, e o presidente da República, Jair Bolsonaro, disseram que seria eficaz contra a enfermidade. >
Os dados são do Conselho Federal de Farmácia em relação a seis substâncias: ácido ascórbico (vitamina C), colecalciferol (vitamina D), dipirona sódica, hidroxicloroquina, ibuprofeno e paracetamol. O estudo comparou a quantidade de comprimidos e cápsulas comercializados nas farmácias entre os meses de janeiro a março deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. >
No primeiro trimestre do ano foram vendidos 8.369 unidades de hidroxicloroquina nas farmácias do Estado, enquanto que no ano passado foram 4.446 unidades, ou seja, 3.923 (88,4%) a mais em 2020. A porcentagem do Espírito Santo, inclusive, é maior que a média do Brasil de alta de 67,93% na venda desse medicamento. >
Segundo o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES), Luiz Carlos Cavalcanti, a hidroxicloroquina é usada contra a malária e doenças autoimunes, como artrite e lúpus. A busca por ela ocorreu devido à sua associação ao tratamento contra a Covid-19, mas não existe nenhuma pesquisa conclusiva sobre sua eficácia. >
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Devido ao grande aumento da venda, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu enquadrar a hidroxicloroquina e cloroquina como medicamentos de controle especial. Dessa forma, entrega ou venda do medicamento nas farmácias e drogarias só pode ser feita para pessoas com a receita especial, para que uma via fique retida na farmácia e outra com o paciente. >
Há estudos que apontam que a hidroxicloroquina pode ser útil, mas nenhum é conclusivo. O Conselho Federal de Medicina autorizou que o médico prescrevesse o medicamente de acordo com alguns critérios em pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19. Além desse remédio, muitos outros tiveram aumento porque as pessoas estão com medo de ir aos hospitais, dessa forma, passaram a tomar mais remédios que ajudam a aumentar a imunidade, como vitamina C, D, informou. >
O medicamento com maior aumento na procura foi o ácido ascórbico (vitamina C), que registrou crescimento de 282,17%. Em 2020 a quantidade comprada foi de 518.530 unidades, já em 2019 foi de 135.679 unidades. Durante a pandemia circularam informações em redes sociais que o consumo máximo de vitamina C natural pode fortalecer o sistema imunológico e combater o novo coronavírus. >
A comercialização de paracetamol também teve um crescimento expressivo de 73,92%, saltando de 255.119 comprimidos vendidos em 2019 para 443.701. Assim como a venda de dipirona sódica, que cresceu 59,37%, com 335.730 medicamentos no ano passado contra 535.049 atualmente. >
O único remédio que teve redução na procura foi o anti-inflamatório ibuprofeno. Foram vendidas 2937.38 unidades em 2020, já em 2019 foram 277.489 unidades, houve uma queda de 5,53%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que pessoas com sintomas do novo coronavírus não usem ibuprofeno para aliviá-los, mas voltou atrás a respeito dos riscos relacionados ao uso do medicamento nos pacientes diagnosticados com Covid-19. >
Luiz Carlos ressalta que as pessoas devem evitar se automedicar, sempre devem tomar remédio com orientação médica. Ele esclareceu que há casos que o medicamento traz mais danos que benefícios. A hidroxicloroquina, por exemplo, pode trazer diversos efeitos colaterais, com a perda da visão, redução da imunidade, anemia, distúrbios auditivos, falta de equilíbrio, diarreia, vômito, psicose e irritabilidade. >
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