Antes de ser levada em estado grave da Covid-19 para a UTI do Hospital Meridional, foi o rosto do marido que a manicure Dadiva Mara Flores Madeira Martins, 54 anos, viu. E também foi este o primeiro sorriso conhecido e amado que ela recebeu ao sair, depois de 24 dias internada.
"Que bom ver você, te amo. Foi o que ele disse pra mim quando nos reencontramos na saída da UTI e nos demos as mãos, desobedecendo à ordem médica de não nos tocarmos", lembrou-se Davida, que é casada com Samuel há 27 anos.
Dos 24 dias dentro da UTI, 14 deles Dadiva passou intubada e sedada e chegou a ser desacreditada pelos médicos de que se recuperaria. Quem nunca duvidou foi Samuel, o marido, que relembrando a época do namoro, passou a mandar cartas para a esposa internada, já que ninguém poderia visitá-la. As cartas foram lidas pelas enfermeiras e técnicas de enfermagem assim que a manicure foi se recuperando da sedação.
"Eu não me recordo de nada dos 14 dias e até a sedação passar por completo. Porém, quando finalmente fui para o quarto, uma das enfermeiras disse que eu fiquei agitada quando, lendo uma carta, ela falou o nome do meu marido. Eu tenho fé em Deus, eu precisava voltar para as pessoas que eu amava, não conseguia imaginar o sofrimento do meu marido, filhos, mãe e irmãos", conta detalhadamente.
Não parou aí a saga da manicure que mal conseguia respirar devido à infecção provocada no corpo pelo novo coronavírus. Foram mais oito dias no quarto do hospital, mas dessa vez, acompanhada do companheiro da vida, com quem tem dois filhos, de 22 e 26 anos.
Dadiva recebeu a visita de médicos e outros tantos profissionais que contaram à ela como foi complexa a situação de saúde dela e também o quanto era vitoriosa. "Era como se contassem uma parte da minha história que eu não tenho registro na memória. Lutei pra viver, orava para conseguir sair andando do hospital, como entrei. E eu consegui".
Sim, Davida conseguiu vencer 32 dias em hospital - sendo 24 na UTI - devido à doença que mata pessoas todos os dias. Agora, em casa, em Cariacica, se recupera ansiosa por voltar a trabalhar atendendo suas clientes. "A casa da gente é quentinha, né. Tem amor, tem família, tem Deus abençoando", disse satisfeita e saudável.
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