Publicado em 1 de maio de 2020 às 10:25
Acostumada a correr dez quilômetros por dia, Meg Seixas Lobo Neves, de 39 anos, sempre teve uma boa saúde. A rotina só foi quebrada com o isolamento social exigido desde que a pandemia do coronavírus chegou ao Espírito Santo. Zelosa, ela sempre praticou os cuidados de higiene necessário. Mas nem mesmo isso foi o suficiente para impedir que fosse infectada. Meg faz um apelo para que as pessoas se cuidem e tenham empatia. >
Você entra no hospital sem saber se vai sair vivo, diz Meg após se recuperar de cinco dias de internação. Corredora há anos, ela pouco saiu de casa durante a quarenta, apenas para ir ao supermercado, usando máscaras e desinfectando compras ao retornar para o lar. Em casa, convive com o filho de 13 anos e marido, que está trabalhando em casa por ser hipertenso, grupo de risco de agravamento em caso de contaminação pelo coronavírus.>
Por todos esses cuidados, Meg conta que nunca acreditou que dona de tanta saúde seria alvo da Covid-19. Fiquei me perguntando onde peguei? Será que foi no supermercado? Não sei. Uma semana depois dos primeiros sintomas fui internada, somente na terceira vez que fui ao hospital, lembrou.>
Ela descreveu que os sintomas foram se agravando com o tempo. Primeiro tosse e dor no corpo, depois febre, perda de paladar, foi diagnostica com pneumonia, mas somente quando sentiu dificuldade de respirar os médicos do hospital particular decidiram interná-la, no dia 10 de abril. >
>
Tinha muita dor nas costas, me colocaram no oxigênio e piorei muito no domingo. Era Páscoa, eu estava sozinha no hospital, longe do meu filho e do meu marido, e até falar ao celular os médicos me orientaram a parar devido à fraqueza. Foi quando achei que nunca mais abraçaria minha família, disse entristecida ao lembrar do momento que define como ápice da doença. >
A falta de ar também afligia Meg por outro motivo. A corrida que também lhe fazia bem, a levava a conhecer outros estados para competir e a viver grandes emoções nas competições, ficava mais distante dela a medida que o oxigênio ia lhe faltando. Eu achei que nunca mais fosse correr, por tanta dor, apreensão, e disseram que se eu piorasse iria para a UTI. Já estava no terceiro dia lá, eu precisava ver meu filho também, lembrando o motivo que a fazia mais forte.>
Somente cinco dias de cuidados médicos na intenação, a corredora pediu deixar o hospital. O resultado do exame já tinha dado positivo. Eu já não aguentava mais, me sentia melhor e sentia falta de ver meu filho, que havia deixado com tosse em casa, contou Meg. >
Cercada de cuidados, ela voltou pra casa no dia 15 de abril. Desde então, vem sendo acompanhada pelo atendimento da Secretaria Estadual de Saúde e pelos olhos amorosos do marido e do filho. >
O susto de quem nunca imaginou estar refém das dores da Covid-19, a levou a fazer um pedido a quem ainda insiste em desacreditar na força da doença: Tenham empatia. Pensem no outro, porque é muito difícil. Pense nos seus pais, amigos, nas pessoas que amamos e que tem menos resistência. Não sabemos como cada corpo vai reagir. Fiquem em casa, respeitem o isolamento, completou Meg, que pretende voltar em breve a abraçar todo mundo e a correr os seus dez quilômetros diários.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta