Publicado em 29 de abril de 2020 às 15:16
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 29, que o governo federal fez "tudo que é possível ser feito" para conter a crise causada pela pandemia do coronavírus e que não pode ser responsabilizado pelas mais de 5 mil mortes no País. "Não vão botar no meu colo uma conta que não é minha", afirmou ao presidente ao deixar o Palácio da Alvorada. Segundo o presidente, governadores e prefeitos que adotaram medidas de isolamento social é que devem ser cobrados. >
"A imprensa tem que perguntar para o (João) Doria por que mais pessoas estão perdendo a vida em São Paulo", disse Bolsonaro, destacando que o governo federal fez sua parte ao liberar recursos para a Saúde e destinar um benefício de R$ 600 a trabalhadores informais. "Não adianta a imprensa querer colocar na minha conta essas questões que não cabe a mim", disse. "O Supremo (Tribunal Federal) decidiu que quem decide essas questões (sobre restrição) são governadores e prefeitos.">
As medidas de isolamento social para conter a pandemia de coronavírus e evitar a sobrecarga do serviço de saúde são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e foram adotadas em diversos países.>
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Na posse de Nelson Teich com ministro da Saúde, em 17 de abril, Bolsonaro disse que sabia dos riscos de defender a abertura do comércio. "Essa briga de começar a abrir para o comércio é um risco que eu corro. Se agravar (a doença) vem ao meu colo. Agora, o que acredito, que muita gente está tendo consciência que tem de abrir", afirmou na ocasião.>
Nesta quarta, rodeado por parlamentares do PSL, com os quais se reuniu mais cedo, o presidente acusou a imprensa de "mentir" ao dar destaque a uma declaração dele na véspera, quando respondeu com um "e daí?" ao ser questionado sobre o número de mortes pela covid-19 no País. Ontem o Brasil ultrapassou a quantidade registrada na China, onde a doença surgiu.>
"E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", respondeu o presidente ao ser questionado na noite de ontem sobre os números. A mesma ironia em referência ao seu nome já havia sido feita em setembro de 2018, quando o Museu Nacional, no Rio, foi destruído por um incêndio. "Já está feito, já pegou fogo, quer que faça o quê? O meu nome é Messias, mas eu não tenho como fazer milagre", disse na ocasião, ainda durante a campanha eleitoral. O nome completo do presidente é Jair Messias Bolsonaro.>
Nesta terça, 28, após questionar e ser informado que as TVs estavam gravando a declaração, Bolsonaro lamentou as mortes e disse que se solidarizava com as pessoas que perderam familiares por conta da doença. "É a vida. Amanhã vou eu", completou.>
Hoje, ele afirmou que suas declarações de ontem foram tiradas do contexto. "Você mentiu", disse a um jornalista que o questionou se ele negava o que havia dito ontem. "Lamento as mortes profundamente. Sabia que iam acontecer. Mas eu desde o começo me preocupei com vida e emprego, porque desemprego também mata. Então, essa conta, tem que ser perguntada para os governadores", afirmou Bolsonaro.>
O presidente ainda disse que foi "achincalhado" nas vezes que citou a preocupação com a economia, mas que a "segundo onda" do desemprego provocará uma "recessão gravíssima".>
"O que estou fazendo é sugerir ao Ministério da Saúde medidas para a gente voltar rapidamente, tá? Com responsabilidade, (voltar) a uma normalidade. Como disse um parlamentar aqui, os países que adotaram o isolamento horizontal foi onde mais faleceram gente", disse.>
Nesta quarta-feira, Bolsonaro ampliou a lista de serviços essenciais que podem funcionar durante o período de enfrentamento do novo coronavírus no País. Crítico das medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos, o presidente defende afrouxar as regras e permitir que a população fora dos grupos de risco da doença - idosos e pessoas com doenças crônicas - voltem ao trabalho.>
Decreto publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 29, inclui na rol de serviços essenciais atividades relacionadas a alimentação, atendimento bancário, mecânica automotiva, transporte e armazenamento de cargas, além daqueles exercidos por empresas startups.>
A maior parte destas atividades já estava liberada a funcionar em alguns Estados mesmo durante a quarentena, por determinação de governadores e prefeitos. O funcionamento de oficinas mecânicas e de lanchonetes e restaurantes na beira de estradas, por exemplo, era uma reivindicação de caminhoneiros, que já havia sido atendida em São Paulo.>
Ao incluir estas atividades na lista de serviços essenciais, Bolsonaro impede que eventualmente sejam atingidas por ordens locais de fechamento.>
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