Publicado em 19 de maio de 2020 às 11:49
A pandemia do coronavírus e a maturação dos grãos de café, que tardou neste ano devido ao clima, atrasaram a safra capixaba deste ano. Tradicionalmente, as primeiras frutas do cafezal começam a ser colhidas em abril, isso porque, para muitos produtores, o grão começa a madurar após a Semana Santa. Devido a essa combinação de fatores, em alguns locais do Espírito Santo, somente agora, no mês de maio, é que a panha do conilon começou. >
A primeira previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou uma produção entre 9,01 milhões e 10,67 milhões de sacas de conilon e entre 4,01 milhões e 4,77 milhões de sacas do arábica para 2020. Com isso a produção total deve girar entre 13,02 milhões e 15,44 milhões de sacas no Estado. >
É importante lembrar que a cafeicultura é a principal atividade agrícola do Espírito Santo. Ela é desenvolvida em todos os municípios capixabas, exceto na Capital, Vitória, e está presente em 60 mil das 90 mil propriedades agrícolas do Estado. De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), ela é a responsável por cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no Estado. >
SÃO EMPREGADAS PELA COLHEITA DO CAFÉ NO ES
Apesar da cata dos grãos começar em abril, por lei, no Estado, o dia 14 de maio é a data oficial do início da colheita do conilon. A data foi estabelecida com o objetivo de estimular o cafeicultor a colher no momento mais adequado, quando cerca de 80% dos frutos estão maduros. Isso eleva o rendimento e garante mais qualidade aos grãos. >
>
O presidente da Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Luiz Carlos Bastianello, explica que os grãos chegam ao ponto em três momentos, que são denominados: precoce, médio e tardio. Precoce são os que amadurecem primeiro e, com isso, chegam antes do pico da colheita. Médio, são aqueles que estão maduros na data certa. Já o tardio, como o próprio nome já diz, amadurecem por último, no final da safra.>
Ele conta ainda que, no ano passado, a florada do café foi mais tardia, o que fez a safra atrasar. Além disso, o clima com chuva na hora certa, na granação do grão, fez a planta ficar menos estressada. >
Luiz Carlos Bastianello
presidente da Cooabriel
A Cooabriel tem cerca de 5 mil associados no Norte e Noroeste Estado e outros mil espalhados no Sul da Bahia. No ano passado, 1,7 milhão de sacas foi entregue para a cooperativa comercializar. Esse número não leva em conta o que os agricultores venderam por conta própria. >
Em alguns casos, para dar conta da colheita, os agricultores precisam chamar gente de outros municípios ou Estados, mas agora está sendo diferente. O presidente da Cooabriel explica que, neste ano, como a indústria local teve que diminuir a produção por conta do comércio parado, percebeu-se que a mão de obra dispensada por ela poderia ser útil para a panha do café.>
"Cerca de 80% dos nossos cooperados são da agricultura familiar. Mas, na época de colheita, o tempo é muito curto e muita gente não consegue apenas com a mão de obra familiar e acaba contratando duas ou três pessoas", explica Bastianello. >
No Sul do Estado, produtores receberam um kit para colher café conilon com segurança. Os associados da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul) receberam máscaras e detergente para ajudar a se protegerem contra o coronavírus. >
O presidente da Cafesul, Renato Theodoro, conta que as máscaras de pano foram confeccionadas pelo núcleo feminino da cooperativa, o que garantiu uma renda extra. Elas também são as responsáveis pela produção do "Póde Mulheres", café especialmente produzido por mulheres.>
"Nós usamos parte do dinheiro do prêmio do Fair Trade (comércio justo) que recebemos para comprar os tecidos e os detergentes e pagar para que o núcleo produzisse as máscaras", conta.>
A cooperativa tem 167 associados distribuídos em sete municípios da Região Sul do Estado. A produção entregue à cooperativa é vendida a indústrias nacionais, que transformam o café em solúvel e exportam. >
Mais de 90% da cooperativa é composta por agricultores familiares. Segundo Renato, normalmente, quem colhe é a família, e quando precisa de ajuda, os agricultores acabam recrutando na própria cidade ou nos municípios vizinhos.>
O presidente da cooperativa conta ainda que junto com o kit foi uma cartilha de orientações para a colheita. O material foi produzido pelo governo do Espírito Santo. >
Renato Theodoro
presidente da CafesulA Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) fez uma cartilha orientando os produtores nesse período de pandemia do coronavírus. A cartilha pode ser baixada no link abaixo. Ela foi elaborada pela Seag, em conjunto com o Incaper, entre outras instituições que assinam o documento.>
Tamanho de arquivo: 6mb
A cartilha fornece orientações gerais aos produtores, entre elas medidas de prevenção do contágio do vírus, como a adoção de boas práticas específicas em refeitórios, no trabalho da colheita, transporte e alojamento. Além disso, traz recomendações específicas para o início da colheita de 2020 no Estado do Espírito Santo e esclarecimentos sobre os sintomas do novo coronavírus, diferenciando-os dos sintomas da gripe.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta