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Preta Gil traz a Vitória monólogo em que fala de sua intimidade

Preta Gil traz a Vitória monólogo em que fala de sua intimidade

"Mais Preta Que Nunca" será apresentado no Teatro da Ufes, em Vitória, sábado (19) e domingo (20)

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 16:43

Preta Gil, atriz, cantora e apresentadora Crédito: Alex Santana/Divulgação

Autoestima. Talvez essa seja a melhor palavra para definir Preta Gil. Autêntica, desinibida e talentosa (outros adjetivos que lhe caem superbem), a filha mais extravagante de Gilberto Gil  aporta em Vitória sábado (19) e domingo (20), no Teatro da Ufes, com o seu primeiro stand up, “Mais Preta Que Nunca”.

No monólogo, a atriz, cantora e apresentadora está “em casa”, afinal, é dirigida pelo ex-marido, o ator Otávio Muller, e regida musicalmente pelo filho, Francisco Gil.

“Não haveria dupla melhor para estar comigo em um espetáculo que trata sobre o que vi e vivi nesses 17 anos de carreira”, adianta a cantora, de 45 anos, em entrevista a A Gazeta.

“Mais Preta Que Nunca” pode ser visto como um "caleidoscópio artístico". No palco, Preta divide sua intimidade com a plateia. A artista fala de suas relações familiares, da trajetória no showbiz e dá detalhes da cena cultural efervescente (que viu de camarote) durante a infância e juventude. Como filha de Gil, Preta foi testemunha ocular do movimento tropicalista dos anos 1970.

Ainda na apresentação deste fim de semana, Preta Gil solta o gogó acompanhada por uma banda composta somente por mulheres. Dividem o palco com ela, Zinha Franco (baixo), Flávia Belchior (percussão e bateria) e Taís Feijão (violão e guitarra). No repertório, faixas como “Sinais de Fogo” e “Vá se Benzer” e uma seleção de hits de várias épocas que inclui Frenéticas, Gretchen, Menudo, RPM, Paralamas do Sucesso, Blitz, e, claro, Gilberto Gil.

Em "Mais Preta que Nunca", você promete revelações sobre sua vida.  Pode adiantar algumas?

  • Acho que, a essa altura, meus fãs sabem de quase tudo (risos). A ideia não é revelar segredos, mas me mostrar inteira, estar mais perto, dividir aprendizados, visões e experiências. Esse espetáculo é como uma conversa no sofá de um amigo. Estaremos à vontade, vamos cantar, sorrir e chorar juntos. As histórias são da infância até quando eu assumo minha carreira musical. Quase tudo já deve estar na “nuvem” (risos), mas, agora, eu quem conto cara a cara e quem estiver lendo essa entrevista não vai querer um “ spoiler”, perde a graça (risos).

Como é ser dirigida pelo filho e pelo ex-marido? Traz um clima de intimismo maior?

  • Sim, traz uma intimidade muito maior. Otávio me conhece desde adolescente e Francisco é quem mais me conhece no mundo. Não haveria dupla melhor para estar comigo em um espetáculo que trata sobre o que vi e vivi. Foi um processo rápido e intenso, eles sabiam bem o que queriam e não queriam e o resultado tem muito de mim, pelo olhar de quem muito me conhece.

Preta Gil e o filho, Francisco Gil, nos bastidores do monólogo "Mais Preta que Nunca" Crédito: Felipe Panfili/Divulgação

É impossível conversar com você e não fazer (sempre) a mesma pergunta: pesa ser filha de Gilberto Gil? Há uma cobrança maior, tanto sua como das pessoas?

  • Aos 45 anos de idade, o peso já virou leveza (risos). Certamente há mais cobrança com os filhos de artistas que seguem o mesmo caminho do que com os que não seguem. Eu aprendi muito com ele, desde como lidar com o que vem junto com uma carreira artística, até com aprendizados de vida. Meu pai é um grande homem e um artista genial e eu só tenho a agradecer em tê-lo como exemplo e pai. Eu tenho é muito orgulho e sorte de ser filha de Gilberto Gil!

Quais suas referências musicais? E como você pretende mostrar isso no monólogo?

  • Sou cria da Tropicália, minha formação veio por osmose. Minha casa era um polo de grandes artistas, intelectuais, poetas e várias pessoas criativas, tanto que eu ia a shows quase toda semana. Passei boa parte da adolescência no Canecão (extinta casa de shows do Rio de Janeiro).  Convivi com duas gerações de gente acima da minha em um momento pós-ditadura, em que o rock e o pop explodiram e a TV colocava muita música no ar, como MPB, forró, axé, música internacional... Enfim, tudo virou parte de mim. Comecei a cantar somente aos 29 anos. Conto no espetáculo que a morte prematura do meu irmão fez com que eu deixasse de lado qualquer sonho artístico.  Um dia, porém, não consegui mais segurar e tudo o que ouvi, vivi e aprendi coloquei no meu trabalho. Sou filha da mistura e da falta de preconceitos e essa é a maior influência.

"Eu não era feliz quando fazia lipo ou mil dietas para caber em um manequim que não era o meu, só para agradar os outros. "

Preta Gil

Artista, 45 anos

No monólogo, você se apresenta com uma banda formada só por mulheres.  Isso é um exemplo de sororidade?

  • Eu queria estar com uma banda feminina desde o início e não foi fácil reuni-las. Achei que seria importante ter a força do feminino ao meu lado, isso faz parte do recado e, pra mim, é símbolo de força e união nesse momento do mundo.

Por falar em momentos difíceis, o monólogo estreia em uma fase complexa para os artistas, pois boa parte deles estão tendo que lidar com pautas conservadoras propostas pelo Governo Federal, principalmente em relação à liberdade LGBTQ+. Como você avalia isso?

  • Já aprendemos que censura não é garantia de controle de comportamento e muito menos de progresso. As pessoas já sabem o que querem e o que são. Torço para que a sociedade evolua, saiba discernir e criar uma consciência maior daquilo que ela julgue ser o melhor para todos. Não estamos sós e a escolha de cada um refletirá em todos.

Você é uma mulher de grande autoestima. Isso influencia as pessoas para o bem, para aceitarem o corpo e como são. Sua ideia de liberdade passa por isso?

  • Eu aprendi que o melhor antídoto pro sofrimento é se amar antes de amar os outros ou esperar ser amada. Isso é muito claro. Eu não era feliz quando fazia lipo ou mil dietas para caber em um manequim que não era o meu, só para agradar os outros. Isso não serve só pro corpo, mas pra tudo. Ao encararmos nossos fantasmas criados pelo nosso ego, a partir do julgamento dos outros, estamos nos limpando, curando sofrimentos que muitas vezes não são nossos, mas dos outros que não se aceitam. Temos que nos amar para amar o outro, esse é o único caminho.

"Mais Preta que Nunca"

  • Quando: sábado (19), às 20h, e domingo (20), às 19
  • Onde: no Teatro Universitário da Ufes. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória
  • Ingressos: Térreo,  R$ 90 (inteira) / R$ 45 (meia).  Mezanino, R$ 50 (inteira) / R$ 25 (meia).  À venda na bilheteria do Teatro (de 15h às 20h) ou no site www.tudus.com.br.
  • Informações: 3335-2953 .

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