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Publicado em 15 de outubro de 2019 às 17:26
- Atualizado há 6 anos
Conhecida do grande público por seus papeis na TV, especialmente por viver a doce Marina, do "folheteen" "Cúmplices de um Resgate", a sempre talentosa Tania Bondezan é um dos motivos para conferir a elogiada peça "A Golondrina", em cartaz no Centro Cultural Sesc Glória, em Vitória, de quinta (17) a sábado (19). >
Tânia, inclusive, foi indicada ao Prêmio Shell de Teatro (uma espécie de Oscar dos palcos no Brasil) por sua personificação de Amélia, uma conservadora professora de música que acaba de perder o filho. Sua maior dor? O fato de não ter tido uma boa relação com o rapaz por conta da não aceitação de sua homossexualidade.>
“Estamos vivendo um momento muito difícil, de repressão, disruptura familiar e desamor. Ainda causa espanto a sexualidade de alguém ser vista com tanto preconceito. A Amélia é uma mulher sofrida, que vive em conflito diário com os seus próprios fantasmas. A repulsa que sente pela sexualidade do filho é apenas o maior deles”, explanou a atriz, sempre simpática e atenciosa, em entrevista a A Gazeta.>
"Recebi o texto original (do autor espanhol Guillem Clua) de Odilon Wagner (produtor da versão brasileira) e me apaixonei, tanto que resolvi fazer a adaptação para o português. Pela primeira vez na carreira, tive oportunidade de escolher o diretor (Gabriel Fontes Paiva) e o meu parceiro de cena (Luciano Andrey). Isso me deu uma sensação de plenitude, que é vista no palco, pois sou uma atriz transparente", explica, dizendo que a plateia tem respondido a peça com muita emoção.>
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“Tenho recebido vários abraços de mães e de pessoas homossexuais dizendo que passam por esse momento de crise, e de não aceitação, em suas casas. São trocas maravilhosas, que nos ajudam na composição da personagem”. Em tempo: Tania recebeu um vídeo da premiada atriz Carmen Maura (uma das musas de Pedro Almodóvar), que interpretou Amélia na versão original de "A Golondrina", dizendo que a interação com a plateia foi exatamente igual na Espanha. >
O tormento de Amélia só se complica com a chegada de Ramon (interpretado por Luciano Andrey), sobrevivente de uma chacina praticada por homofóbicos em uma boate enquanto festejava o pedido de casamento do namorado. Tentando reconstruir a vida, o garoto decide prestar uma homenagem ao funeral da mãe e busca a professora para aperfeiçoar o seu canto com a famosa música "A Golondrina" (que já teve várias versões, umas das mais elogiadas, inclusive, feita por Caetano Veloso).>
"Eles começam a interagir e aprendem a se respeitar, cada um com a sua razão e limitação. Guillem Clua resolveu escrever a trama logo depois do ataque homofóbico que aconteceu no Bar Pulse, em Orlando (EUA), em junho de 2016, onde cerca de 50 pessoas morreram. Na verdade, o texto pretende descortinar o que leva à violência e à intolerância. Não é uma peça que fala de preconceitos apenas com os homossexuais, mas da não aceitação do diferente, em todos os aspectos", explana.>
"A Golondrina" chega a Vitória por meio do projeto "Eu faço Cultura". A produção da peça vai disponibilizar 300 ingressos para a população de baixa renda, idosos, pessoas com deficiência, alunos de escolas públicas e outros perfis de vulnerabilidade social. Para conseguir, é preciso se inscrever por meio do site www.eufacocultura.com.br .>
"É um projeto fantástico, essencial para a formação de novas plateias. Nosso foco é atingir pessoas que nunca vão ao teatro e que conseguem ver na iniciativa a chance de aumentar seus horizontes. Atitudes assim são essenciais para o momento de censura às artes pelo qual estamos passando. Fazer teatro virou resistência", complementa. >
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