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Capixaba que construiu o próprio caixão morre aos 98 anos

Seu Anisio ganhou notoriedade após participar duas vezes do programa Em Movimento, da TV Gazeta

Felipe Khoury

Repórter / [email protected]

Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 15:21

Seu Anísio construiu o próprio caixão
Seu Anisio construiu o próprio caixão Crédito: TV Gazeta

Morreu aos 98 anos, em Itapina, distrito de Colatina, o capixaba Anisio Lordes, conhecido em todo o Espírito Santo por ter construído o próprio caixão e idealizado cada detalhe do ritual de despedida. Figura querida na cidade, ele faleceu por causas naturais, em casa. O sepultamento está marcado para as 10h30, no cemitério de Itapina.

Devoto, artesão e com uma relação serena com a morte, seu Anisio ganhou notoriedade após participar duas vezes do programa Em Movimento, da TV Gazeta. Na época, chamou a atenção ao contar que havia decidido construir o próprio caixão como parte de um ritual pensado por ele mesmo, incluindo músicas gravadas com a própria voz para serem tocadas no velório, o terno escolhido por ele e até o local exato onde gostaria de ser sepultado.

A ideia do caixão surgiu em 2019, durante uma noite de oração. “Veio na minha mente e eu pensei de fazer”, contou à equipe do programa. Em apenas cinco dias, Anisio construiu o caixão utilizando canudinhos feitos de jornal, em um trabalho artesanal que simbolizava sua fé e sua forma singular de encarar a finitude da vida.

Seu Anisínio morreu aos 98 anos, em Itapina
Seu Anisio morreu aos 98 anos, em Itapina Crédito: TV Gazeta

No entanto, o desejo de ser sepultado no próprio caixão não poderá ser realizado. Com o passar do tempo, a estrutura de papel se desgastou, foi corroída e acabou inutilizada. Mesmo assim, a família entende o gesto como parte do legado simbólico deixado por ele.

Para o apresentador Diego Araújo, que entrevistou Anisio, a história marcou profundamente sua trajetória no programa. “Foi uma das matérias mais marcantes que já fiz nesses quase dez anos de Em Movimento. Conhecer alguém como ele me fez repensar muito em como enxergar esse momento que, para muitos, é visto como algo pesado e triste”, afirmou.

A sobrinha, Elizabeth Lordes, conta que a família está conformada com a partida. “Ele viveu do jeito que quis. Era muito querido, todo mundo na cidade gostava dele. Uma pessoa devota, que trabalhava com artes e espalhava carinho por onde passava”, disse.

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