Publicado em 6 de abril de 2020 às 20:16
A cantora Duffy contou em seu site nesta segunda-feira, 6, detalhes sobre o sequestro e o estupro dos quais foi vítima há mais de 10 anos. Na carta de sete páginas, ela disse ainda que o trauma causado pelo crime foi o motivo que a fez se afastar da música, pois sentia medo de as pessoas ficarem perguntando a ela o que aconteceu. >
A cantora revela que já considerou mudar seu nome, desaparecer do mapa e mudar de profissão para deixar o passado para trás, mas percebeu que esconder o caso a fez criar uma "intimidade destrutiva" com a violência sexual.>
"Embora fosse quase inviável, eu sonhava em ter um corte de cabelo diferente, um novo nome, um namorado, e me tornar completamente esquecida para sempre. Mas, com o passar do tempo, percebi que não poderia continuar me escondendo", escreve.>
Para Duffy, era perturbador falar publicamente sobre o assunto, sobretudo porque tinha medo disso abalar sua vida amorosa. "Este não é exatamente o anúncio que eu queria antes de conhecer o amor da minha vida. Pensava que a divulgação pública da minha história destruiria totalmente minha vida emocional, enquanto esconder a minha história estava a destruindo muito mais", reflete.>
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Sobre o estupro, Duffy recorda que tudo começou em seu aniversário, quando foi drogada em um restaurante. Ela continuou sendo dopada ao longo de quatro semanas em sua própria casa pelo agressor e depois viajou com ele forçadamente para outro país.>
"Não me lembro de entrar no avião. Fui colocada em um quarto de hotel e o criminoso voltou a me estuprar. Lembro-me da dor e tentei ficar consciente depois do que aconteceu", revela, sem citar o nome do agressor, que, segundo ela, afirmou que queria matá-la.>
"Pensei em fugir para a cidade vizinha, enquanto ele dormia, mas não tinha dinheiro e eu tinha medo que ele chamasse a polícia por mim, por fugir, e talvez eles me localizassem como uma pessoa desaparecida. Eu não sei como eu tinha forças para suportar aqueles dia., Eu senti a presença de algo que me ajudou a permanecer viva. Voei de volta com ele, fiquei calma e, quando cheguei em casa, senti-me atordoada, como um zumbi", recorda.>
"Depois do que aconteceu, não parecia seguro ir à polícia. Senti que, se algo desse errado, ele iria me matar. Eu não podia arriscar ou correr o risco de ser notícia". Duffy se mudou cinco vezes nos anos seguintes e revela que nunca se sentiu a salvo do estuprador. >
"Eu sofria silenciosamente, em casas ou apartamentos. Nesses lugares, eu passava anos solitários para encontrar a estabilidade e me recuperar. [Até que] eu parei de fugir e me mudar. Eu senti que ele não poderia me encontrar na quinta casa, me senti segura. Eu me sinto segura agora", relata.>
Com o passar do tempo, a cantora buscou o apoio de uma psicóloga britânica especializada em traumas complexos e violência sexual, que a ajudou a lidar emocionalmente com as memórias.>
Duffy analisa que, por muito tempo, deixou de ser quem era antes do crime e se afastou de pessoas queridas para se esconder. "O estupro é como um assassinato vivo. Você está vivo, mas morto. Demorou um longo tempo para eu recuperar os pedaços despedaçados de mim. Enfrentei uma experiência profundamente desumana, e somente a humanidade pode curar isso", diz.>
Ela reforçou ainda que o isolamento por conta do coronavírus pode ser um fator que reforce as dores de muita gente, mas deu um conselho para as pessoas conseguirem lidar com as dificuldades atuais. >
"Se você está lendo isso e está triste, meu encorajamento é que.... para conhecer a dor, você deve primeiro saber como amar. Somente a ausência de amor causa dor. Então vá encontrá-lo. Busque amor em tudo, mesmo em uma xícara de chá", aconselhou.>
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