Publicado em 12 de outubro de 2024 às 09:00
Nesta era da hiperconexão, crianças já nascem tendo contato com os milhares de atrativos oferecidos por meio dos dispositivos digitais e da internet. A questão é que, na correria do dia a dia, a família acaba, muitas vezes, facilitando esse acesso sem tomar os devidos cuidados em relação aos riscos que essa conduta pode trazer a esse público ainda em formação.
Conforme recomenda a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o limite de tempo para crianças e adolescentes estarem em contato com esses aparelhos digitais, como celulares, tablets e videogames, é definido pela faixa etária, e sempre sob supervisão.
Tempo de tela
Guilherme Alves, gerente de projetos da Safernet, que atua na área de educação da ONG e coordena o projeto Disciplina de Cidadania Digital, destaca que o primeiro contato com celulares e computadores deve se dar junto à família, que será a responsável por estabelecer uma rotina de diálogo sobre quais conteúdos, aplicativos e jogos são adequados e os cuidados na interação com outras pessoas.
“É importante que a dimensão pública desses espaços seja enfatizada, além da ideia de riscos, civilidade e segurança. É primordial que os responsáveis monitorem e estabeleçam regras de uso para o público infantojuvenil, quais aplicativos e o tempo para cada um deles, usando recursos nativos de controle parental oferecidos pelos celulares, além de algum tipo de monitoramento em redes sociais”, enfatiza.
Mas, antes disso, reforça Guilherme Alves, é essencial entender sobre o melhor momento para que a criança ou o adolescente tenha o próprio dispositivo. “Adiar essa posse pode ser benéfico, ainda que possa haver o acesso aos dispositivos dos responsáveis.”
A psicóloga Maria Carolina Fonseca Barbosa Roseiro, ex-presidente do Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP), explica que, na imposição de limites, os conflitos serão inevitáveis, porque as crianças e adolescentes terão de lidar com a frustração.
Mas o limite de tempo para o uso de dispositivos digitais, observa, depende de um acompanhamento direto que a maioria das famílias não consegue fazer no seu dia a dia. Maria Carolina lembra, ainda, que as telas também são para fins educacionais, sendo usadas no espaço escolar.
Maria Carolina Fonseca Barbosa Roseiro
PsicólogaMaria Carolina frisa que é saudável as crianças sentirem tristeza, raiva e outras emoções não prazerosas, mas é necessário observar como elas estão reagindo. Nesse sentido, é essencial dedicar atenção para os impactos no sono, na alimentação e na autoimagem.
“O diálogo contribui para a confiança nas relações de cuidado familiar e nas orientações de hábitos de autocuidado. Por outro lado, os pais também precisam se educar para os próprios limites”, alerta a psicóloga.
Guilherme Alves adverte que afastar completamente as crianças e os adolescentes desse universo não é o caminho, pois esse ato pode trazer como consequência o desconhecimento para identificar riscos que podem ocorrer quando eles iniciarem o uso contínuo, já mais velhos.
Guilherme Alves
Gerente da SafernetO gerente da Safernet pontua, ainda, que não existe uma fórmula pronta e que cada família deve estabelecer as próprias dinâmicas. O que deve ser evitado é tanto usar a internet como uma espécie de “babá eletrônica” – ou seja, largar os filhos com os dispositivos eletrônicos por horas – quanto a restrição completa, sem diálogo, pois é justamente essa conversa que vai oferecer confiança às crianças e aos adolescentes para procurarem apoio da família caso entrem em contato com algum conteúdo nocivo.
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