Publicado em 28 de setembro de 2024 às 07:30
Em constante transformação nas últimas décadas, o mercado de trabalho vem acolhendo várias gerações num mesmo ambiente e também absorvendo novas profissões. >
Enquanto lá atrás era mais comum ter a presença de uma hierarquia clássica, principalmente com pessoas mais velhas no cargo de chefia e pessoas mais jovens nas atividades iniciais, no contexto atual esse desenho já não é mais regra. >
Com novas funções sendo necessárias, muitas vezes características de gerações mais novas começaram a ser altamente valorizadas para certas áreas e cargos. Assim, é cada vez mais frequente comum ver jovens já ocupando cargo de chefia, liderando pessoas mais jovens e mais velhas que eles, bem como observar mais comumente frequentemente as transições de carreira, com profissionais recomeçando após anos no mercado, um momento que também traz desafios e oportunidades.>
Um exemplo que traduz esta nova fase no mercado é a carreira de Henrique Demoner, que já é supervisor de Processos e Qualidade na Viação Águia Branca, aos 24 anos de idade. Antes de alcançar o cargo de chefia, o engenheiro químico, formado em 2022, começou como estagiário, função na qual permaneceu por sete meses até ser efetivado como analista. O degrau seguinte foi alcançado rapidamente, apenas um ano depois.>
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Hoje, Henrique tem sob sua responsabilidade uma equipe de seis pessoas, algumas mais jovens, outras mais velhas. Ele conta que, como representante da geração Z (GenZ), vê pessoas da mesma idade com muita ansiedade para obter resultados, destacar-se e ter reconhecimento no mercado. >
Ele mesmo reconhece não ter imaginado que iria chegar ao cargo de chefia de forma tão rápida, mas ressalta que, quando o ambiente tem a presença de várias gerações com boa convivência, há bons resultados.>
Henrique Demoner
Supervisor de Processos e Qualidade na Viação Águia Branca“Por mais que eu seja da geração que tem a fama de trocar de emprego, sempre gostei da ideia de contribuir para uma empresa. Vejo aqui essa oportunidade de crescer, de me desenvolver e de buscar níveis mais altos”, relata.>
Para a doutora em Psicologia Priscilla de Oliveira Martins da Silva, entre as vantagens de se ter diferentes gerações numa mesma equipe está a possibilidade de somar variadas perspectivas sobre um mesmo problema. >
“As diferentes visões de mundo podem contribuir para favorecer processos de inovação e melhorias no processo de trabalho e do clima organizacional. Além disso, a presença de gerações diferentes pode colaborar para um maior senso de justiça, respeito e inclusão no ambiente organizacional”, defende.>
Ela acrescenta que os conflitos podem surgir quando uma forma de pensar quer se impor sobre outra. O desafio está na implementação de uma cultura e de processos de gestão que favoreçam a relação intergeracional de forma que as gerações sejam complementares.>
Diante das diferenças, o diretor regional do Senac Espírito Santo, Richardson Schmittel, pontua que, apesar de não ser possível generalizar sob o aspecto científico a diferença de perfil geracional, o jovem possui uma imagem de ser mais arrojado e ter menor suscetibilidade a conflitos, enquanto os mais velhos mostram-se um pouco mais conservadores e mais resilientes. >
Para lidar com esse cenário, sugere Richardson, é importante estabelecer uma linha de diálogo franco e sincero sobre os temas que geram conflitos. >
“O que vemos gerar conflito nas organizações em boa parte é atribuído à falta de transparência nas relações, à dificuldade em aceitar opiniões diversas e até mesmo ao medo de reprovação. Tudo isso precisa ser substituído por um ambiente de segurança psicológica para que as pessoas consigam expressar opinião, sendo elas divergentes ou não.”>
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