Sempre ligadas, câmeras dão força a denúncias

O caso do desembargador do Estado de São Paulo que destratou guardas municipais é o que teve mais repercussão nacional recentemente

Publicado em 01/08/2020 às 06h00
Atualizado em 01/08/2020 às 06h00
Desembargador de São Paulo Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira gravado em vídeo ao chamar guarda civil de analfabeto ao ser multado por estar sem máscara
Desembargador de São Paulo, Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira foi gravado em vídeo chamando guarda civil de analfabeto ao ser multado por estar sem máscara. Crédito: Reprodução

“O racismo não piorou, é que agora ele está sendo filmado”, afirmou precisamente o ator Will Smith em uma entrevista há alguns anos. A sentença do astro de Hollywood ganhou relevância e virou um emblema neste 2020, enquanto multidões ocupavam as ruas dos grandes centros de todo o planeta nos protestos pela morte de George Floyd nos em Estados Unidos, em plena pandemia.

E vale a analogia, não são somente os episódios de racismo que estão cada vez mais sendo registrados pelos cidadãos em seus celulares, mas todo e qualquer tipo de abuso e violência. E a onipresença das câmeras de videomonitoramento também já permitiu que elas se consolidassem como testemunhas oculares virtuais.

Vale para tudo. As imagens se tornaram peças valiosas nas investigações de acidentes de trânsito, roubos e assassinatos. Recorrer a câmeras de segurança ou a registros particulares fornece novas perspectivas, como a indicação de suspeitos. Mas o aspecto que certamente se mostra mais atual é o papel de escudo de um celular empunhado na direção de quem porventura ultrapasse os limites da civilidade. As câmeras, principalmente as de smartphones já se tornaram uma extensão do próprio corpo humano e dão cada vez mais poder às denúncias.

caso do desembargador do Estado de São Paulo é o que teve mais repercussão nacional recentemente. A forma como ele destratou agentes da Guarda Municipal de Santos em duas ocasiões expôs o abuso de poder na sua faceta mais mesquinha. Ele havia sido questionado sobre a máscara, da qual não fazia uso, e terminou por recorrer à famosa “carteirada”, sem deixar de humilhar os agentes públicos que o abordaram. As cenas percorreram o país impulsionadas pela indignação. Sem a iniciativa dos próprios policiais, a ausência das imagens colocaria apenas a palavra de um contra o outro. E sem a repercussão popular.

O monitoramento, portanto, é ininterrupto, com imagens que viajam o planeta em minutos. As controvérsias sobre a privacidade permanecem, mas a proliferação de registros é irreversível, dada a dimensão do acesso à tecnologia, portanto há de se tirar o que há de melhor dela. Ao mesmo tempo, a sociedade deve estar preparada para as manipulações, com o aprimoramento das deep fakes. Nem tudo o que se vê numa tela é mais necessariamente realidade. 

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