Regina Duarte pode ser um sopro de bom senso na Cultura

Se atriz aceitar substituir o obscurantismo de Roberto Alvim, poderá usar sua experiência para criar um projeto de cultura que supere o  revanchismo que até agora não a levou a lugar nenhum

Publicado em 23/01/2020 às 04h00
Atualizado em 23/01/2020 às 04h00
Encontro de Regina Duarte com Bolsonaro em Brasília. Crédito: Carolina Antunes
Encontro de Regina Duarte com Bolsonaro em Brasília. Crédito: Carolina Antunes

Diante do obscurantismo personificado por Roberto Alvim à frente da Secretaria Especial da Cultura, a escolha de Regina Duarte para o cargo é estratégica e tem tudo para funcionar, se o governo Bolsonaro resolver se desgarrar da cisma ideológica que hoje é a sua identidade e se preocupar em apresentar um projeto de cultura para o país em termos mais conciliadores.

Mesmo que a atriz, por seu conservadorismo declarado, divida opiniões na classe artística, historicamente posicionada mais à esquerda, ela está anos-luz distante do extremismo que havia se apoderado da secretaria. Vai precisar, para isso, desligar alguns quadros olavistas que permanecem. Nada que fuja à função de um novo gestor.

Dessa forma, pode ser a portadora do bom senso necessário para a gestão de um setor que é mais importante do que julga o senso comum. A cultura é fundamental para a própria forma que a sociedade se enxerga, consolidando identidades e ajudando a desenvolver o senso crítico e estético.

Sem falar na relevância do setor cultural para a própria economia. Menosprezá-la é desperdiçar um potencial transformador e também lucrativo.

Os impulsos autoritários de Alvim, traduzidos na apologia ao projeto de cultura nazista que o arrastou do cargo na sexta-feira, desafinaram o coro bolsonarista mais pela pressão sentida no Planalto do que por autocrítica. Bolsonaro estava verdadeiramente satisfeito com Alvim; na véspera da exoneração, em uma de suas aparições ao vivo nas redes sociais, chegou a elogiá-lo como “o primeiro secretário de Cultura de verdade do país”.

Por isso, caso o ensaio de Regina Duarte como secretária entre mesmo em cartaz, um dos seus maiores desafios será se impor diante da guerra cultural bolsonarista, desviando os esforços para uma nova estratégia, mais pragmática. Sua experiência na produção teatral deve tê-la deixado familiarizada com a natureza das leis de incentivo, uma bagagem considerável para sua gestão.

Bolsonaro, com o convite, sinaliza uma movimentação mais ao centro que precisa ser aproveitada para colocar a cultura nos trilhos, superando o revanchismo que até agora não a levou a lugar nenhum.

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