O novo chefe da segurança do ES e o desafio de deixar a violência no retrovisor

Se houver uma união de esforços com foco no cidadão, sem qualquer outro concorrente, é, sim, possível, deixar tudo isso somente nos livros de história do Espírito Santo

Publicado em 07/02/2024 às 06h50
PF
O governador Renato Casagrande anunciou o delegado da Polícia Federal Eugênio Ricas como secretário estadual de Segurança. Crédito: Carlos Alberto Silva

Eugênio Ricas, o novo secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Estado, deve tomar posse após o carnaval. Apesar da impossibilidade de avaliar o desempenho em atividades que ainda não começaram, é possível analisar a atitude do governador Renato Casagrande de escolher o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo.

A decisão que habilidosamente afastou entraves políticos do passado ou questões menores merece os parabéns. Optou pela necessidade da pasta, de manter a colheita de frutos com indicadores sensíveis em queda como os homicídios e de enfrentar outros marcadores de insegurança como os crimes contra o patrimônio e o tráfico de drogas.

Por isso, destaca-se a escolha de um especialista, com um histórico respeitável no comando de instituição do porte da PF e determinado a enfrentar um problema crônico com a técnica e a experiência que acumulou.

Apesar de um modo de trabalhar diferente do ex-secretário Alexandre Ramalho, que comandou uma redução histórica no número de assassinatos no estado, o novo secretário tem as mesmas várias peças a encaixar nessa composição complexa da segurança pública. E também precisa contar com o apoio das instituições e da sociedade para o sucesso esperado.

Mostramos aqui neste espaço, nesta terça-feira (6), que a violência é um freio natural ao desenvolvimento econômico, como calculou o Fundo Monetário Internacional (FMI). O país deixa de crescer 0,6 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) com o assombro da insegurança.

A impunidade, uma peça a se desmontar nessa engrenagem, é um convite permanente para a manutenção dos piores indicadores da área. O percentual de 60% de mortes não solucionadas reforça isso. Por outro lado, a certeza da punição pode ser um remédio vigoroso na redução das estatísticas. Ricas, ao ser apresentado pelo governador, elencou isso como mais efetivo do que uma possível mudança na lei. É uma nova forma de enxergar um velho problema.

Para além dessas questões, está nas mãos do comando da segurança pública a coordenação de um enfrentamento dos problemas que tocam na pele das pessoas. Uma forma de aliviar o dia a dia. Do carro levado numa manhã ensolarada, do celular tomado sob ameaça de uma faca no pescoço dentro de um ônibus, de moradores que precisam pedir autorização a criminosos para sair ou entrar em casa.

Do absurdo dos que não podem dar a marcha ré no carro sob risco de morrer por "desobediência". Passando por aquelas que são impedidas pelo terrorismo dos bandidos de acionar a polícia para escapar de violência doméstica, e os que podem ser baleados ao simplesmente caminhar na rua... os exemplos desse clima estão por toda parte.

E esses são problemas reais, não há quem duvide disso. Mas nem sempre essa opressão cotidiana aparece no radar do enfrentamento efetivo das autoridades. E precisa estar debaixo dos olhos delas sem falhas. E, se sumirem, que seja porque não existem mais.

Se houver uma união de esforços determinada, desprendida de vaidades, com foco no cidadão, sem qualquer outro concorrente, é, sim, possível, deixar tudo isso no retrovisor ou somente nos livros de história do Espírito Santo.

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