O Natal de 2020 é o mais importante de nossas vidas

O maior gesto de amor neste fim de ano atípico é abrir mão de alguns encontros que, em tempos de normalidade, seriam fundamentais

Publicado em 24/12/2020 às 05h00
Comemorações do Natal de 2020 devem estar cercadas de cuidado
Comemorações do Natal de 2020 devem estar cercadas de cuidado. Crédito: Pixabay

Em 1914, soldados alemães e britânicos que combatiam nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial pausaram o confronto por alguns dias, a ponto de os inimigos se permitirem a confraternização. Era a Trégua de Natal, cessar-fogo não oficial que contou com a adesão de centenas de milhares de combatentes dos dois lados do conflito, um ato simbólico que naquele momento mostrou que gestos de humanidade poderiam ainda ser capazes de resistir à barbárie.

Em 2020, a guerra é outra. O inimigo, invisível. E o Natal será irremediavelmente sem trégua. O maior gesto de humanidade neste fim de ano atípico é abrir mão de alguns encontros que, em tempos de normalidade, seriam fundamentais. Famílias numerosas reunidas em grandes celebrações, aglutinando diferentes gerações.

Não é fácil abdicar dessas reuniões tão ansiadas, mas neste ano é aconselhado resistir a elas. Os abraços e beijos serão substituídos pelo carinho sem tato e até mesmo sem a presença; a ausência, em 2020, é uma prova de amor desmedido. E ela cabe dentro do espírito natalino, sobretudo como forma de fortalecer as esperanças. De garantir a saúde para que se possa ter um Natal novamente festivo o quanto antes.

A escalada das mortes e do contágio no Brasil e, mais próximo da gente, no Espírito Santo, sinaliza os riscos de se celebrar as festas natalinas sem distanciamento e cuidados que se tornaram elementares neste 2020 pandêmico. São mais de 187 mil mortes em território nacional ao longo do ano. No Estado, já se atingiu mais de 40 perdas diárias.

E a situação nos hospitais também é alarmante: na terça-feira (22), o número de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Estado chegou a 547, o maior registrado desde 17 de julho, no pico da pandemia. Ficar doente e não conseguir tratamento adequado pode ser uma consequência de comportamentos de risco nas festas de fim de ano. 

Dezembro bateu três recordes de números de casos em 24 horas. No dia 8, foram computados 2.418 casos. No dia seguinte, 2.419, superando o número da véspera. No dia 16, uma semana depois, o Estado chegou aos 2.989 registros. A aleatoriedade dos casos graves, mesmo entre aqueles sem comorbidades, não pode ser tratada com desdém. A Covid-19 é uma loteria na qual ninguém deve apostar.

A vacina já está no horizonte, e é mais uma motivação ao cuidado. Como tem sido dito, é preciso estar vivo quando se iniciar a imunização, ou todo esforço até aqui terá sido em vão. Se for inevitável se reunir com amigos e parentes que não dividem a mesma residência, inclusive em grupos menores, faz-se necessária a adoção dos protocolos que estão sendo divulgados à exaustão. Só tirar a máscara para comer e beber, preferir ambientes arejados ou ao ar livre e manter o distanciamento adequado. E limitar, inclusive, o tempo de duração da confraternização.

O fim de ano não será menos "natalino", só será diferente. Um período oportuno para se refletir sobre a vida e a morte e reforçar o aprendizado deste 2020 de tantas perdas, humanas e materiais. Algumas tradições são perfeitamente adaptáveis aos tempos de crise, a história da humanidade já atravessou tantas outras e conseguiu seguir seu rumo. O Natal de 2020 é certamente o mais importante desta geração. 

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