Enchente até onde não se via: poder público não pode mais ser pego de surpresa

A força da natureza vai continuar se impondo, não há como mudar isso. É preciso respeitá-la. Insistir no erro, com a falta de ordenamento eficiente das cidades, pelo contrário, será desafiá-la

Publicado em 23/01/2024 às 01h00
Alagamento
Ônibus passa na Praia da Costa alagada. Crédito: Redes sociais

Grande Vitória sempre teve pontos de alagamento, por assim dizer, tradicionais. E, por tradição, deve-se enfatizar o drama das pessoas que vivem nesses bairros onde, quando chove, os prejuízos (e riscos) são certos, sobretudo por falhas na infraestrutura urbana.

As ameaças climáticas vão produzir cada vez mais eventos extremos, e as cidades precisam estar preparadas para isso. Planejamento urbano, que vai além das necessárias obras de contenção e drenagem (muitas delas em curso atualmente), com proteção ambiental é o que pode reduzir os danos. É certo que se preparar para os piores cenários, com sistemas de monitoramento das chuvas em funcionamento,  pode evitar as tragédias.

A realidade é que o céu desabou e, em menos de uma hora, praticamente toda a Grande Vitória foi afetada, em maior ou menor grau.

Com as chuvas atípicas, volumosas como a da noite deste domingo (21), cada vez mais comuns, localidades que não sentiam o impacto dos temporais estão entrando em cena: as imagens da Avenida Antonio Gil Veloso, nas orlas da Praia da Costa e da Praia de Itapuã, em Vila Velha, praticamente submersa é uma novidade, algo fora do imaginário do capixaba. Assim como a Avenida Américo Buaiz, em Vitória. Bairros verticalizados, sem grandes perdas patrimoniais, mas ainda assim é alarmante. 

O temporal, rápido e intenso, também provocou novos estragos na  cobertura de lona do Terminal de Itaparica, em Vila Velha, o que aponta para a necessidade de mais segurança nesse espaço em que tantas pessoas circulam diariamente. Ao mesmo tempo, a população quer respostas: por que, mais uma vez, a estrutura não suportou as chuvas?

Cada vez mais, Estado e municípios devem se antever, inclusive na qualidade das obras públicas, para que elas suportem as intempéries. E a população também deve fazer a sua parte. Não jogar lixo em córregos, rios ou valões já é uma forma de minimizar os efeitos de possíveis temporais. E, para isso, o poder público também tem que prover a infraestrutura necessária para o descarte correto.

A força da natureza vai continuar se impondo, não há como mudar isso. É preciso respeitá-la. Insistir no erro, com a falta de ordenamento eficiente das cidades, pelo contrário, será desafiá-la.

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